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Planejamento estratégico das cadeias produtivas é essencial

Confira a coluna do José Luiz Tejon

Publicado segunda-feira, 18 de março de 2024 às 07:00 h | Autor: José Luiz Tejon
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Presidente Lula ficou bravo com os preços dos alimentos que subiram. Bem-vindo ao mundo, eu diria. Assistimos a gangorra de altas e baixas dos preços dos produtos agrícolas no campo ao longo de décadas. Como o agricultor toma sozinho o risco, é natural que ele busque plantar produtos que tenham expectativas de preços melhores. Mas aí ocorre o efeito gangorra: preços altos num ano, muitos plantam na próxima safra, oferta cresce e preços caem.

Significa a gangorra imprevisível, mas previsível, dos dramas dos agricultores. Então agora plantamos mais soja, menos arroz. Ouvi no Rio Grande do Sul, maior produtor do arroz irrigado do país: “pela primeira vez vejo uma saca de arroz valendo mais do que uma de soja, neste momento”. Da mesma forma plantamos menos feijão, menos mandioca. As culturas de inverno no Brasil não são estimuladas como deveriam, apesar de já termos trigo no Cerrado, no oeste da Bahia.

Os ovos, meses atrás, os produtores não estavam obtendo preços para pagar as contas. E o ovo é uma proteína vital para a cesta básica das populações de baixa renda. O milho estava a R$ 95 uma saca. Dado o ciclo das commodities, cai o preço do milho, da soja, e a proteína animal passa a contar de novo com melhores custos. Em contrapartida quem apostou na mega valorização da soja e do milho, errou.

Portanto, precisamos ter uma governança mais clara. Uma orientação. Um número necessário e desejado para, pelo menos, as 10 cadeias produtivas fundamentais, não apenas no combate à inflação, mas também para a própria segurança básica alimentar brasileira. É para isso uma política com objetivos claros, garantia de preços mínimos que não coloque nas costas dos produtores rurais a decisão dos riscos totais, seguro, armazenagem, logística e estreitar através de câmaras setoriais o diálogo, e a busca de contratos entre quem produz no campo com quem processa e adiciona valor nas indústrias, no comércio e nos serviços.

Afinal, planejamento estratégico do agro exige a coordenação do antes, dentro e pós-porteira das fazendas. Cooperativas são essenciais. Associações, sindicatos rurais, federações uni-vos. As federações do comércio, indústria, agricultura, cooperativismo e serviços de cada estado podem fazer, juntas, muito mais para que produtores rurais tenham preços justos e corretos, e para que consumidores tenham preços que permitam a sua correta nutrição. Este balanço da saúde vale para quem produz e quem consome. Só possível com a arte do planejamento estratégico macro e micro setoriais. Caso contrário, ficamos na “mão de Deus, São Pedro”. O programa de conversão de 40 milhões de pastagens degradadas em produção agropecuária e florestal sustentável, com governança estratégica será espetacular para o mundo e para todos os brasileiros.

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