Ocupantes relatam truculência em desapropriação do Hospital Couto Maia

Ocupantes do antigo Hospital Couto Maia, localizado no bairro de Monte Serrat, relataram truculência policial durante a desapropriação do prédio, ocorrida nesta sexta-feira, 20. Segundo eles, a ação foi iniciada por volta das 3h da madrugada, com a chegada de equipes da Tropa de Choque da Polícia Militar. A operação resultou na retirada de aproximadamente 100 famílias do imóvel, por volta das 4h30.

Eslane Paixão, uma das ocupantes do hospital, informou que mulheres, idosos e crianças teriam deixado o local sob agressões e jatos de spray de pimenta. "Tem gente aqui com seis filhos. Tem gente aqui que perdeu parentes após as chuvas e eles não querem saber. O que fizeram com a gente hoje foi uma falta de humanidade. Jogaram spray dentro do meu olho e das minhas companheiras", relatou a mulher.

O coordenador do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Victor Aicau, pontuou que não houve negociação plausível com o Governo do Estado, de forma que as famílias pudessem deixar o local em segurança. "A remoção, além de truculenta, foi desproporcional. Um despejo sem nenhum papel, sem nenhuma postura judicial. As famílias relataram uma cena de terror", afirmou à reportagem.

Após ser retirado do local, um grupo de ocupantes se deslocou para as escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, próximo ao local da ocupação. Outra parcela das pessoas se dispersou.

Aluguel Social

Em nota, o governo estadual informou que dentre as famílias que estavam no local, 25 são beneficiadas com o Aluguel Social e aguardam, dentro do prazo de entrega ainda vigente, suas unidades habitacionais, asseguradas durante o processo de negociação pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur).

*Sob supervisão do editor Vinícius Ribeiro