Empresário assassinado em Feira foi vítima de grilagem

Publicado sexta-feira, 01 de agosto de 2014 às 11:06 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Da Redação
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Expectativa da força-tarefa é fazer novas prisões nos próximos dias
Expectativa da força-tarefa é fazer novas prisões nos próximos dias -

As investigações sobre o assassinato do empresário do ramo imobiliário Gil Marques Porto Neto, 32, em 21 de maio, levaram à descoberta de um esquema de grilagem e grupo de extermínio em Feira de Santana, a 110 km de Salvador.

A informação é da força-tarefa criada para investigar vários crimes este ano. Os quatro presos suspeitos de integrar o esquema  são o cabo PM Rivaldo Leite das Virgens, o soldado PM Eudson Cerqueira Cabral, o ex-agente penitenciário Gregório dos Santos Teles e o segurança Marcos Azevedo Menezes.

Segundo o delegado Ricardo Brito, o ex-agente penitenciário teria confessado que matou o empresário devido à disputa por um terreno na avenida Noide de Cerqueira.

Gregório teria invadido e falsificado a documentação. Com isso, descobriu-se um esquema de grilagem.

"Ele (Gregório) é um dos líderes deste esquema, que tem a participação de policiais militares e civis, comerciantes, funcionários públicos e outras pessoas. Estamos investigando tudo e,  com certeza, outras prisões serão efetuadas", diz.

Como funciona

As prisões ocorreram quarta-feira, 30, e a todo momento, segundo os delegados, chegavam informações. Segundo a delegada Dorean dos Reis, é assim o esquema: o grupo identifica o alvo (terreno), que pode ser público ou privado, e invade, construindo imediatamente um muro no local.

Com isso, eles aguardam de 10 a 15 dias para ver se algum proprietário aparece. Caso isso não ocorra, eles colocam o terreno à venda. "Caso o proprietário apareça, eles chamam para um acordo, que é o pagamento pelo muro, que pode custar R$ 20 mil, R$ 30 mil ou até R$ 50 mil, a depender do local. Por medo das ameaças, muitos acabam pagando", disse.

A delegada avisa que se  alguém está sendo vítima deste tipo de crime, procure a delegacia ou a Coordenadoria. "A força-tarefa está aqui para investigar e prender quem esteja agindo de forma errada, mesmo que seja um colega. Este esquema é crime e deve ser denunciado. Garantimos que os denunciantes ficarão em completo sigilo", frisou.

Cinco pessoas, entre elas um policial militar e um funcionário público municipal, foram intimadas a depor, o que é esperado para hoje e segunda-feira. "Mas estamos no início da investigação, outras pessoas serão intimadas, inclusive policiais civis", disse o delegado Ricardo Brito.

Aos quatro presos são atribuídas várias mortes, inclusive durante a greve da PM, quando houve  42 mortes.  Todos têm mais de um mandado de prisão preventiva. Contra Gregório, são dois mandados de  preventiva e dois de prisão temporária.  "Eles são perigosos, usam a desculpa de estar  limpando a cidade para sair matando. O papel da polícia é prender e o do  Judiciário é  julgar, não sair por aí matando independentemente do envolvimento da vítima em delitos", lembrou Dorean Soares.

Empresário era proprietário de imobiliária em Feira de Santana (Foto: Reprodução)

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