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12/09/2022 às 6:15 - há XX semanas | Autor: Lila Sousa*

CADERNO 2

Museu de Arte Moderna da Bahia reflete sobre as 'Utopias e Distopias'

MAM lançou mão do acervo e obras emprestadas

Sem título (1980), tela do artista visual sergipano  Vauluízo Bezerra (Aracaju, 1952)
Sem título (1980), tela do artista visual sergipano Vauluízo Bezerra (Aracaju, 1952) -

Utopias e Distopias chegou ao Museu de Arte Moderna da Bahia para completar a tríade de exposições realizadas pelo museu desde a reabertura, após isolamento social por conta da COVID-19. Com o intuito de trazer à tona o pensamento de Lina Bo Bardi, o acervo é posto em discussão junto à cultura popular e a arte africana, retrata a circularidade do tempo histórico no Brasil. A proposta é um diálogo entre o acervo fixo do MAM-Bahia e a arte contemporânea brasileira.

O público poderá encontrar pinturas, gravuras, vídeos e instalações de cerca de 100 artistas, entre eles Alfredo Volpi, Flávio de Carvalho, Manabu Mabe, Augusto de Campos, Leda Catunda, Maria Bonomi, Carlos Scliar, Anna Bella Geiger, Siron Franco, Cildo Meireles, Paulo Bruscky, Lenora de Barros, Arnaldo Antunes, Dedé Lins, Laryssa Machada, Berna Reale, Rodrigo Braga e muitos outros. Dentre os baianos e nordestinos, Jenner Augusto, Fernando Coelho, Rubem Valentim, Cícero Dias, Jamison Pedra, Sérgio Rabinovitz, Vauluizo Bezerra, Renato da Silveira, Almandrade, Pedro Marighella, Jean Wyllys, Vinicius S.A., Augusto Leal, Coletivo GIA e outros.

“A poesia dos artistas contém uma mensagem embutida que tem a ver com o contexto histórico que eles vivem”, afirma Daniel Rangel, curador da exposição. Com mais de 100 nomes, ela conta com cerca de 150 obras. Metade pertence ao acervo do MAM e a outra parte foi emprestada por artistas, colecionadores e galeristas.

Contemporânea, política e narrativa, ela conta a própria história da arte no Brasil. “É sobre as nossas utopias e distopias, ou seja, sobre os momentos em que o país viveu sobre uma aura de ser um país gigante, um país forte, um país rico, um país que participasse do concerto das nações e é a arte que brotou desse período que criou os Museus de Arte Moderna do Brasil”, relata Pola Ribeiro, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia.

A abertura da exposição aconteceu no dia 7 de setembro, a escolha da data não foi aleatória. “Por que nesse momento? Na verdade hoje, a quatro semanas de uma eleição, a gente tá fazendo a discussão um pouco mais profunda de Brasil, apoiado na poética dos nossos artistas visuais, da nossa poesia concreta”, afirma Pola.

A arte contemporânea BR

Utopias e Distopias surge para provocar na mente do público sobre o país e a construção de uma nação. Uma exposição que transita pela história da arte brasileira desde os anos 40 até o momento atual. Com a participação de muitos artistas baianos, tanto jovens quanto artistas históricos, que pertencem ao acervo.

“Em diálogo com muitas obras brasileiras consagradas, também tenta criar essa fricção entre artistas baianos e artistas brasileiros e que não estavam inseridos dentro de uma história da arte nacional”, afirma Daniel.

A mostra traz o olhar dos artistas, e de como eles reagiram desde o pós Segunda Guerra, é sobre uma circularidade do tempo. “Considero que após o fim da segunda guerra a gente começa a viver no Brasil um momento de utopia grande, nesse momento várias coisas acontecem no meio das artes como a criação do MAM da Bahia, a bossa nova, o MAM do Rio, o MAM de São Paulo, a Bienal de São Paulo”, afirma Daniel.

Para o curador da mostra, após o golpe militar os artistas abandonam a utopia e passam a ter que responder, fazendo uma arte política. “Depois da democratização os artistas voltam pra um período de utopia, e a gente também! De que a gente ia melhorar, de que poderia enfim ser uma nação, não só a gente, o mundo”, explica.

Um outro ponto de inflexão destacado por Daniel foi a queda das torres gêmeas, momento em que o mundo entrou numa catarse de brigas, de diferenças de religião e de intolerâncias. “Os artistas contemporâneos atuais também voltaram a ter que ser artistas políticos, com obras que também tem um tom de engajamento, mas sempre com muita poética”, expõe o curador.

Abrindo Caminhos

Com a obra Abre Caminho, da série Despacho, Vinicius S.A. expôs seu trabalho pela primeira vez no Centro Cultural da Fiesp, em um momento político marcado pelo impeachment da presidente Dilma. “Ele surgiu como uma instalação no espaço expositivo de um ponto de limpeza. Acreditando nessas entidades da mata, acreditando no poder das folhas, no poder dos caboclos”, explica o artista.

Acreditando na capacidade de regeneração, Vinícius compreende o fazer arte como perseverança, acreditando que possui um papel político, mas também poético. “A palavra política é distópica, porque ela é racional, ela é firme, ela precisa acontecer de uma forma mais pragmática e a utopia que eu faço um paralelo a poética, que é essa coisa do sonho”, afirma.

“Eu estou muito feliz ao lado de Hélio Oiticica, Cildo Meireles, de Lígia, do GIA, ao lado dos meus queridos artistas baianos. Eu sinto que ali tem quase que uma geração contemporânea presente, um recorte de uma geração”, declara. Vinícius leva a mesma recomendação do caboclo Pirajá para o museu, em um momento que se faz necessário abrir o caminho. Em um momento político, distópico que a gente tem vivido o trabalho do artista vem nesse sentido.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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