Cautela letal
![Se o Bahia não melhorar seu poderio ofensivo, os triunfos na Série A não virão](https://cdn.atarde.com.br/img/2017/01/724x500/2017127202350407-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2F2017%2F01%2F2017127202350407.jpg%3Fxid%3D4105030%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1720700180&xid=4105030)
O Bahia está apenas em seus terceiro jogo na temporada. Na verdade, contando que na Florida Cup o time titular só atuou por 45 minutos em cada um dos dois jogos, o empate em 0 a 0 com o Fortaleza, anteontem, foi uma espécie de segunda apresentação da equipe. Seria irresponsável da minha parte condenar a qualidade do futebol em início de temporada, já que o elenco não está 100% fisicamente e, consequentemente, tecnicamente. Mas se acho que eu seria injusto e precipitado ao analisar a performance do Tricolor neste aflorar de 2017, por outro lado me sinto bastante confortável para criticar a postura do clube em campo e a estratégia adotada pela comissão técnica para conquistar vitórias.
Já elogiei aqui o fato de o Bahia ter mantido sua base de 2016. Falei também que, apesar do risco, via com bons olhos o plano de contratar atletas em ascensão no futebol brasileiro, tendo em vista uma equipe forte em médio e longo prazos. O que não consigo 'comprar' é a ideia de que o Tricolor obterá sucesso na atual temporada usando a mesma estratégia adotada na última Série B, onde após passar a diminuir os espaços, manter o controle da bola e expor o mínimo possível sua defesa, a equipe começou a vencer e conseguiu o acesso com merecimento.
O problema é que os triunfos (a grande maioria ’caseiros’) não vieram com tranquilidade. O Bahia ataca muito pouco e não tem um conjunto de atletas incisivos ofensivamente. Goleador, apenas Hernane, e olhe lá. Entre atacantes, meias e volantes, somente Juninho chuta bem de longa distância. Além disso, o time cruza muitas bolas na área, mas lá quase não há quem dispute as jogadas de cabeça.
A cautela em excesso funcionava na Segundona por conta da fragilidade dos adversários. O Bahia vencia porque, coletivamente e individualmente, era melhor que seus oponentes. Na Série A, contudo, a história será diferente. Se não aumentar seu poderio ofensivo, os triunfos não virão. O clima de zero a zero eterno que ronda os jogos do Tricolor tenderá a se concretizar nos duelos em casa. Longe de Salvador, a estratégia poderia até dar mais resultados, mas aí falta ao time jogadores de velocidade e treinamento para atuar eficientemente nos contra-ataques. Não à toa, o Tricolor venceu apenas três vezes na limitada Série B.
Com o elenco que está aí, nem com 100% de sua forma física e técnica, o Bahia não terá êxito mantendo essa estratégia. Precisa de contratações de maior porte ou de mudar seu plano de jogo. Já que o orçamento não o deixa em condições de brigar com os 'grandes', é preciso trabalhar melhor com suas limitações e entender melhor o contexto desta nova temporada. Espero que Guto Ferreira tenha isso em mente, mas minhas suspeitas é de que seguiremos vendo em campo este pouco produtivo futebol de convicções.