A infância ultrajada
Trabalho infantil avançou de 2019 a 2022
![Em 2022, 1 milhão e 800 mil pessoas de 5 a 17 anos viviam em situação precária](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1250000/724x500/A-infancia-ultrajada0125321000202312252031-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1250000%2FA-infancia-ultrajada0125321000202312252031.jpg%3Fxid%3D6060448%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1720858331&xid=6060448)
Entre as crueldades cometidas, desde Herodes, o abandono da infância disputa com favoritismo o topo da imoralidade, como se observa na constatação do avanço do trabalho infantil de 2019 a 2022: os anos perdidos.
Os dados confiáveis são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; no ano passado, 1 milhão e 800 mil pessoas de 5 a 17 anos em situação precária de carregar o mundo às costas, embrutecendo pequenos atlas fora da escola.
O cenário prenhe de estupidez foi desvelado agora pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, provisoriamente desmontada, mas agora em plena recuperação, a mostrar o quanto o Brasil recuou e luta firme pela reabilitação.
É possível também formular a hipótese de a legislação ser insuficiente para deter o escabroso acinte, indicando a importância do investimento em políticas públicas visando reverter o abuso contra quem tem menores oportunidades.
O número poderia ultrapassar os 2 milhões não fossem as delimitações impostas pela lei, pois se até os 13 anos, é proibida qualquer prestação de serviço, a partir desta faixa etária ocorre a figura do “aprendiz”, muitas vezes um disfarce.
Como agravante, a adolescência forçosamente laboral enfrenta as restrições do emprego precoce em áreas insalubres, ao executar tarefas perigosas e adquirindo hábitos noturnos tantas vezes transformados em maus costumes.
Embora não se revele nas planilhas, a utilização da prole para fins de complemento orçamentário vem escamoteada por argumentos falaciosos, como os de precisar-se “educar” cedo para o batente tido como necessário.
O combate a esta ignomínia recupera, em contrapartida, a arte de cuidar de quem nasce e cresce em um país, cuja economia está de volta às dez maiores do mundo, embora as desigualdades sociais o rebaixem a uma quarta divisão.
As condições mínimas de sobrevivência, com a oferta de benefícios emergenciais, estão entre os antídotos para estancar o sofrimento, enquanto os mecanismos de prevenção e repressão ajudam a limpar esta nódoa infame.
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