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Por Jorge Pereira

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ACERVO DA COLUNA
Publicado Wednesday, 31 de January de 2024 às 0:00 h | Autor:

Pobreza amplia o risco de contrair leptospirose

Confira o artigo do professor Jorge Pereira

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Jorge Pereira
Jorge Pereira -

Um estudo conduzido no bairro de Pau da Lima, em Salvador, coordenado pelos cientistas Albert Ko - pesquisador-visitante da Fiocruz, Bahia, e professor do Weill Cornell Medical College; por Mitermayer Galvão dos Reis, pesquisador titular e diretor da unidade da Fundação no Estado, e membro titular da Academia de Medicina da Bahia, além de Frederico Costa, professor do Instituto de Saúde Coletiva e Pesquisador Colaborador da Fiocruz - publicado na revista PLoS Neglected Tropical Diseases, destaca informações relevantes quanto a alguns indicadores socioeconômicos, de infraestrutura e de deficiências em saneamento básico, determinantes de epidemias de leptospirose, doença de alta prevalência naquela comunidade.

A enfermidade é adquirida durante contato direto com água e solo contaminados com urina de animais infectados. Nos centros urbanos o rato de esgoto é o principal reservatório e disseminador da bactéria no ambiente. Os casos graves evoluem com icterícia (olhos e pele ficam amarelos), falência dos rins e hemorragias. Cerca de 10% dos pacientes internados com leptospirose grave morrem. O risco de óbito é 50% maior entre os pacientes que apresentam hemorragia pulmonar.

Alguns dados de maior relevância são aqui destacados. Ficou demonstrado que 15,4% dos 3.171 moradores que participaram do estudo haviam sido infectados pela bactéria causadora da leptospirose. Moradores de baixa renda, em comunidades carentes, que residem próximo a esgotos abertos, acúmulo de lixo e alagamentos, apresentam maiores chances de serem infectados pela bactéria. Diferenças no ambiente próximo à casa dos moradores são responsáveis por determinar o risco de infecção.

Pessoas que residiam a menos de 20 metros de esgotos abertos e em áreas propensas a alagamentos, tinham um risco de infecção 42% maior que aquelas que moravam a mais de 20 metros de locais semelhantes. Residir a menos de 20 metros de um acúmulo de lixo aumenta a chance de infecção em 43%. Os moradores que relataram ter visto dois ou mais ratos perto de suas casas e que criavam galinhas, um hábito que propicia a infestação por roedores atraídos pelos restos de alimentos oferecidos às aves, tinham um maior risco de infecção pela Leptospira.

Estes achados sugerem que deficiências de saneamento básico, como esgotos abertos, presença de lixo, risco de alagamento e infestação por roedores próximos às casas são importantes fatores na cadeia de transmissão da leptospirose. Segundo os autores, a elucidação dos determinantes específicos de pobreza que levaram ao aparecimento de leptospirose em zonas urbanas são essenciais para orientar as intervenções de base comunitária. Estudos sobre a transmissão da doença nessas comunidades são de fundamental importância para nortear intervenções socioeducativas que possam controlar a leptospirose.

Jorge Pereira é médico pneumologista. Professor Titular da FMB-UFBA. Membro Titular da Academia de Medicina da Bahia

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