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22/02/2022 às 6:03 - há XX semanas | Autor: Victor Hernandes*

MÚSICA

Violinista baiano estreia solo misturando África e Europa

A composição d experiente músico Mário Soares foi lançada no dia 11 de fevereiro

Soares já tocou com Baby Consuelo, Carlinhos Brown, Luiz Caldas e Saulo
Soares já tocou com Baby Consuelo, Carlinhos Brown, Luiz Caldas e Saulo -

Uma imersão na cultura africana e espanhola: é por aí que passa o single Alujá em Andaluzia, do conceituado violinista baiano Mário Soares. A composição que marca a estreia da carreira solo do músico foi lançada no dia 11 de fevereiro, nas plataformas de música, junto com um vídeo gravado na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. A composição tem em seu arranjo a junção do violino com instrumentos percussivos, formando uma sonoridade inusitada.

O single inspirado nas vivências que Mário teve na cultura espanhola e que ainda tem com a africana faz referências às musicalidades da África e da Espanha. O músico diz que traz essa relação em sua composição, unindo a vertente africana com os elementos culturais dos mouros na Europa.

“Esses elementos partem do que a gente tem de referência da música africana com a junção da música flamenca e espanhola. Durante um tempo morei na Espanha, na região da província, onde tem uma influência muito forte da cultura árabe, que reverbera nesta música flamenca. Este single surge a partir destes elementos e dos que foram resgatados da minha ancestralidade preta, de matriz africana. Aquilo traz para a gente informações emotivas, da intuição e também rítmicas”, conta.

O nome da música já é uma demonstração da intercessão cultural proposta pelo violinista ao decorrer da composição. O termo “alujá“ significa um toque para o orixá Xangô, já Andaluzia é uma grande região localizada no sul da Espanha.

“O alujá é um toque para Xangô, que é um orixá do vermelho. Ele representa a vida, a força, o fogo, justiça e energia. Diante disso, pensei que a Espanha e o flamenco são quentes, onde as mulheres andam com vestido vermelho. É um povo muito quente, de sangue nos olhos e muito emotivo. Achei que essas cores quentes tinham a ver com a referência do candomblé, de matriz africana e também com a Espanha”, explica Soares.

Outro diálogo levantado pela composição é acerca do consciente e inconsciente, de todos os conflitos que o artista enfrentou internamente durante os processos de composição. O contraste cultural experimentado por ele, também serviu de conversação para a percepção de algumas das suas questões internas.

“Esses dois lugares permitem visitar contrastes da vida, por isso que digo sobre o consciente e inconsciente. Tudo isso vai reverberar no meu processo de composição, que entra também dentro do meu ser e se mexe com estes meus conflitos. É como se essas duas culturas conversassem com algo interno de forma a me mostrar o que é a natureza humana. Esses extremos e antagonismos se revelam de maneira muito profunda. A vertente de matriz africana e do sul da Espanha falam com mais autonomia”, observa.

A cultura do país europeu também serviu como ponte para o encontro e diálogo entre o violino de Mário com o clarinete de Ivan Sacerdote. Nessa participação especial, a harmonia dos dois músicos traz também os elementos das culturas europeias e africanas vivenciadas pelos dois, quando moraram juntos na Espanha.

“Temos uma conexão forte porque já tocamos juntos há um tempo. Uma trajetória de vida em que alguns pontos se cruzam. Vivemos cada um do seu jeito essa influência espanhola, já que moramos na mesma cidade. Ivan é um músico que passeia pelos universos da música de concerto e da música popular. Ele tem essa vertente de juntar tudo, como eu também. Traz esse lado do concerto e da rítmica de matriz africana”, define o musicista.

Outro ponto curioso na junção dos dois artistas é a harmonia em momentos de improvisos entre os dois. Eles expõem como enxergam as matrizes africanas e a espanholas, do jeito que lhe competem.

“Ele colocou para fora o que viveu de experiência com a matriz africana e com a hispânica. Eu também fiz isso. Foi cada um com sua visão de mundo acerca desses dois lugares. Parte desse princípio dele escutar as músicas, ter as ideias e juntar com as minhas. Entramos em um conflito e temos como resultante este musical harmônico”, revela Mário.

Cordas e tambores

Amar o mundo, mesmo com os altos e baixos, é o recado principal que o violinista afirma comunicar em Alujá em Andaluzia.

“O mundo é o que a gente tem. Ame isso e viva com estes altos e baixos, essa é a mensagem principal. O que quero passar é para a gente entender que somos diferentes e a humanidade só é bonita por conta disso. É possível convivermos com respeito. A mensagem é de amor”, explica.

Já do ponto de vista artístico e sonoro, o intuito do violinista é o de mostrar a possibilidade de junção das estéticas musicais. Neste single, o violino de Mário vai muito além de um instrumento clássico, mas representa também a união rítmica de outros estilos.

“Este single vem para trazer a ideia da tolerância entre as pessoas e as estéticas. Quando pego o violino junto com tambor quero dizer que na África e na Europa não tem ninguém mais importante que alguém. O violino permite uma visão e entrada em várias estéticas desde muito tempo. Apesar de ser oriundo da música de concerto, ele paralelamente perpassa sobre as músicas populares também”, ressalta.

A junção do violino com o tambor é outro ponto de destaque do single. Enquanto que o instrumento de cordas traz a musicalidade clássica europeia, o instrumento percussivo apresenta a sonoridade africana, como relata Soares.

“O casamento do violino e do tambor tem uma simbologia muito forte. As cordas flexionadas e os tambores são África e Europa. Seria o candomblé e o clássico. Os protagonistas reais são os tambores e o violino. O tambor e o ritmo são os que mandam em tudo. A gente segue eles, é Mãe África batendo no peito ali”, descreve.

Dirigido por João Tatu, o clipe da música contempla o ambiente idealizado por Mário Soares no single. O audiovisual reúne elementos de espetáculo, com uma estética conceitual de iluminação e instrumentação.

“Pensei muito na coisa cênica. Quis expressar algo cênico mesmo, de criar elementos onde os jogos das luzes combinassem com jogos rítmicos, melódicos e harmônicos dos instrumentos, e dos corpos ali presentes, que curiosamente são todos pretos. Chego a me emocionar e me arrepiar com isso. Quis colocar cores quentes, com uma sombra, algo misterioso e depois trabalhar com a coisa do calor, da energia, e da força, que é o que rege nós pretos na sociedade”, comenta o musicista.

A carreira de Mário se iniciou em 1988, no bairro da Boca do Rio. Anos depois o músico ingressou na Universidade Federal da Bahia, onde participou de atividades de extensão da Orquestra de Câmara da UFBA. No decorrer da sua caminhada na música popular e na música de concerto, o musicista participou de diferentes projetos, chegando a ingressar até na Orquestra Sinfônica da Bahia - OSBA.

O músico já dividiu palco com grandes nomes, como Baby Consuelo, Carlinhos Brown, Luiz Caldas e Saulo Fernandes. Participou também das gravações de trabalhos de cantores como Paulinho Boca de Cantor e acompanhou também uma turnê de Gilberto Gil com a OSBA. Em 2014 fez parte também da banda da carreira solo do cantor Bell Marques, onde tocou por todo o país. No verão de 2020, fez parte de um concerto com a participação de Caetano Veloso, além de outros eventos que fez participações nos shows de Seu Jorge e Magary Lord.

Com mais de vinte de anos de trajetória na música, Mário chega neste single acompanhado por Tiago Nunes e Beatriz Sena na percussão, Felipe Guedes no violão e Nino Bezerra no contrabaixo.

Já a direção musical e os arranjos foram realizados pelo próprio Mário Soares em conjunto com Felipe Guedes. O instrumentista almeja lançar também um EP, que já está em fase de conclusão.


Serviço

O quê: Alujá em Andaluzia, de Mário Soares participação Ivan Sacerdote.

Onde: Single disponível nas principais plataformas de música

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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