Vassoura-de-bruxa na Bahia sabotagem, afirma ex-militante do PDT

Publicado sábado, 17 de junho de 2006 às 21:37 h | Atualizado em 17/06/2006, 21:37 | Autor: Agência Estado
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Uma das piores pragas biológicas que já atingiu o País pode ter tido origem em ato de sabotagem, e não sido conseqüência de fenômeno natural. Reportagem da revista “Veja” aponta que a praga devastadora conhecida como vassoura-de-bruxa (crinipellis pernicosa) que arrasou as plantações de cacau no sul da Bahia, em 1989, foi resultado de ação de integrantes do PT.



O diretor-geral da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Gustavo Moura, defendeu a hoje que Luiz Henrique Franco Timóteo, que admitiu ter espalhado a praga em entrevista à revista, seja investigado pela Polícia Federal e responsabilizado pelas sabotagens às lavouras de cacau nos anos 80. "Isso é um caso de polícia”, disse Moura.



Franco Timóteo confessou ter organizado ações para espalhar a praga nas lavouras cacaueiras no sul da Bahia com o objetivo de atingir o poder econômico e político dos barões do cacau. Militante do PDT na época, Timóteo acusou pessoas ligadas ao PT de terem ajudado na disseminação do fungo da vassoura-de-bruxa. “Um indivíduo que assume isso está assumindo uma ação criminosa e deve ser responsabilizado”, acrescentou o diretor da Ceplac. Franco Timóteo contou que trouxe os ramos infectados com a vassoura-de-bruxa do Norte do País, onde a praga é endêmica.



A primeira fazenda escolhida para a distribuição da praga nas plantações, segundo ele, chamava-se Conjunto Santana, em Uruçuca, de Francisco Lima Filho, então presidente local da União Democrática Ruralista (UDR) e partidário da candidatura presidencial de Ronaldo Caiado. A operação criminosa, chamada pelo grupo de “Cruzeiro do Sul”, estendeu-se entre 1989 e 1992. Daí para a frente, segundo Franco Timóteo, os focos de praga se propagaram espontânea e rapidamente.



O auge ocorreu no fim da década de 90, quando a safra brasileira de cacau, afetada pela vassoura-de-bruxa na Bahia, passou por drástica redução, de 406 mil toneladas ao ano (entre 84 e 85) para 123 mil entre 1999 e 2000. Pelos dados do Ceplac, o Brasil, que era o segundo maior produtor de cacau, com média de 350 mil toneladas por ano, importa hoje cerca de 70 mil toneladas para completar a produção interna, de 130 mil toneladas. Entre as ações desenvolvidas para o controle da praga na época, em setembro de 2000 o Fundo Baiano de Defesa da Cacauicultura (Fundecal) anunciou investimento de R$$ 1,3 milhão no projeto de pesquisa de mapeamento do DNA da praga.



Em 2001, o governo liberou aos cacauicultores recursos de R$$ 200 milhões para a renovação de lavouras de cacau em uma área de 150 mil hectares atingida pela praga. Com a economia rural da região dizimada, em abril de 2001 o projeto genoma brasileiro passou a estudar o fungo da vassoura-de-bruxa cacaueira. Os sinais de resistência à praga foram obtidos após a primeira safra de cacau modificado, em agosto de 2001.



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