ESPORTES
Exemplos de eficiência
Os 15 dias de provas nos Special Olympics World Games, em Las Vegas, associados aos presentes e passeios pela famosa cidade americana, são motivação permanente para cinco atletas baianos portadores de deficiência intelectual.
Selecionados para representar a Bahia no evento realizado no mês passado, e que equivale a uma olimpíada para deficientes intelectuais, os cinco brilharam e não veem a hora de voltar aos EUA.
"Quero morar lá", admite Daniel Conceição, de 26 anos, ganhando a adesão de Verena Araújo, 27, Marcivalda Rodrigues, 38, e Jéssica Nery, 17. "Eu prefiro aqui", diverge Adilson Campos, 28, que faturou dois bronzes na bocha.
Daniel obteve dois quartos lugares na patinação, enquanto Verena levou ouro e bronze. Jéssica, outro ouro. Maior medalhalhista do grupo (confira ao lado), Marcivalda trouxe dois títulos e um bronze no atletismo. As conquistas empolgam o grupo na mesma proporção dos presentes e das atrações de Las Vegas.
"Ganhei mochila, mala, óculos, bottons, capacete, tênis, garrafa de água, muita coisa", cita Verena, referindo-se à lista de mimos recebidos por ela e seus colegas baianos.
"Todo mundo é grandão lá (EUA), e vi cartazes de Jackie Chan", lembra Daniel, o gigante do grupo, com 1,90 m de altura, referindo-se ao astro chinês de vários filmes americanos de luta.
Deixou saudade na turma a interatividade promovida durante a competição, que reuniu deficientes intelectuais do mundo inteiro, entre os quais 38 brasileiros. "Conheci um americano de olhos azuis", destaca Verena, rindo à toa com as brincadeiras e a empolgação com a qual fala do assunto.
"Nossos meninos tiveram assistência de uma equipe médica modelo, oferecida pelo evento no Projeto Atleta Saudável. Foram cerca de 17 exames, como os de oftalmologia e ortopedia", contou Érica Alves, professora de educação física da Associação Pestalozzi de Camaçari.
Após os exames, os atletas que apresentaram necessidade do uso de óculos de grau ganharam o acessório gratuitamente. Outros, óculos escuros para prática de esporte.
Históricos
Com certa dificuldade de expressão, Adilson é residente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) desde os 4 anos, quando foi colocado lá sem identificação. "Ele não tem referência da família", relata Simone Quintela, professora de educação física e responsável por treinar o rapaz na bocha.
Do grupo de atletas, Jéssica cursa o 6º ano do Ensino Fundamental. Marcivalda, que completou 38 anos nesta semana, estuda no 5º. Adilson, Daniel e Verena não são alfabetizados, embora os dois últimos saibam assinar o nome.
"Os três frequentam as instituições e fazem atendimentos terapêuticos, esporte e AVD (Atividades da Vida Diária), nos quais são orientados a aprender a se cuidar, por exemplo", explica Érica.
Eles estudavam em escolas inclusivas, chamadas antes de especiais, e não desenvolveram habilidades de ler e escrever. "Mas adquiriram outras que, com certeza, os fazem felizes", completa Érica. O processo de aprendizagem exige a participação da família, que também recebe orientação.
Outra medida para tornar eficiente o processo de desenvolvimento dos meninos e meninas dessas instituições é promover a realização de eventos de inclusão social. Por enquanto, a ideia está apenas no projeto, pois a próxima etapa de competições, o Festival de Atletismo, Bocha e Tênis, em outubro, só terá a participação de deficientes intelectuais.
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