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16/03/2019 às 9:00 - há XX semanas | Autor: Daniel Oliveira | Foto: Uendel Galter / Ag. A TARDE

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Curso promove capacitação para artistas transformistas em Salvador

Quinze jovens estão participando das oficinas
Quinze jovens estão participando das oficinas -

Numa manhã de quarta-feira ensolarada, os alunos do curso TransFormação, de capacitação para atores e artistas transformistas soteropolitanos, passaram a manhã participando da aula de preparação vocal com as professoras Ana Ribeiro e Ana Santos, no Teatro Molière da Aliança Francesa. No dia anterior, estavam no estúdio gravando. Desde novembro, de segunda a sexta-feira, a rotina matinal deles tem sido de aprendizado.

Com atuação, presença e interesse na cena drag queen da cidade, 15 jovens fazem parte do projeto – mas o número oscila, de acordo com o dia.

“Estamos aqui pela importância da formação. A maioria chegou na cena há pouco tempo, dois, três anos. Então, estamos nos capacitando em expressão corporal, interpretação e improviso. Queremos chegar lá fora com essa experiência”, diz Digo Santos, que se apresenta com a personagem Nininha Problemática nos palcos e no YouTube.

A proposta do TransFormação foi concebida por volta de 2011 e 2012, quando o idealizador, Fernando Marinho, frequentador da cena drag, percebeu a ausência de uma formação mais ampla dos artistas em elementos das artes cênicas. Logo procurou colocar em prática, porém não conseguiu financiamento naquele momento.

“De lá para cá tentamos captar recursos outras tantas vezes, mas com muita dificuldade. E fomos salvos por um edital [Gregórios, da Fundação Gregório de Mattos]. A ideia é trabalhar com um setor das artes cênicas que não se tem um olhar específico, a estética transformista, dentro dos centros de formação”, diz Fernando, que é ator, diretor de teatro e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões da Bahia (Sated).

O curso busca agregar conhecimentos e aprendizados tanto do universo drag queen – das vivências dos próprios participantes e de outras pessoas com experiência na cena, a exemplo das drags Rainha Lulu e Valerie O’Hara – como de professores mais diretamente vinculados ao teatro. Atualmente, os alunos estão no oitavo módulo, do total de 13. A coordenação pedagógica é feita pela atriz, dramaturga e doutora em artes cênicas Luciana Comin, que integra o grupo Teca Teatro, sediado na Aliança Francesa.

Segundo ela, os temas das aulas vão de técnica de corpo, interpretação, história do transformismo até maquiagem, figurino, adereço e iluminação.

“É um projeto pensado para instrumentalizar esses artistas para a ocupação de outros espaços, além das casas de show. Nesse sentido, tem esses dois lados, de quem trabalha e quem é especialista em outras áreas, que traz outros olhares, abre o diálogo e um campo de possibilidades”, afirma Luciana.

Ao longo do curso, algumas mostras foram realizadas, de técnica de corpo e elementos da dança, de interpretação e de preparação vocal. “Eles estão experimentando, indo para a cena. A gente consegue medir esse aprendizado a partir do olhar do público também”. No final do curso, entre abril e início de maio, haverá a montagem de um espetáculo com a participação de todas as drags e apresentações no Teatro Molière e no Teatro Gregório de Mattos, na Praça Castro Alves.

Visibilidade e representatividade

Apesar de estarem, num nível amplo, conquistando cada vez mais espaços de visibilidade na televisão (como no talent show americano RuPaul’s Drag Race), na publicidade e no ambiente musical, há dificuldades de circulação dos artistas transformistas em outras casas de show, fora do circuito drag e nos teatros em Salvador.

“Ocupamos lugares que a gente nunca imaginava por conta de preconceito e limitações. Antes você só via drag à noite. Hoje estamos de manhã, de tarde e de noite. E temos uma cena forte, mas queremos estar em mais lugares na cidade. Os palcos do teatro são mais um espaço”, afirma Digo Santos (Nininha Problemática).

A necessidade desse movimento, ressaltado por vários participantes do projeto TransFormação, envolve questões relacionadas à representatividade das drags no contexto atual. “Precisamos ser inspiração para uma geração que está chegando e, de algum modo, transformar as visões ainda preconceituosas. O nosso corpo é político”, defende Alexandre Araújo, cuja personagem é Didi Yoncé.

Junto com a capacitação e a visibilidade, percorrer por variadas possibilidades na performance que expandem ou rompem certas convenções, seja de humor, seja de modelo de beleza, também é um horizonte. Como diz Ygor Amaral (Midore Sookido), “cada um chegou com uma estética de sua drag, mas também queremos seguir outros caminhos”.

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