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05/02/2020 às 11:25 • Atualizada em 21/01/2021 às 0:00 - há XX semanas | Autor: Gilson Jorge

MUITO

Eliana Pedroso: a gente vai fazer uns desfiles com a moda que é vendida no Centro Histórico

Diretoria de Gestão do Centro Histórico mescla zeladoria e projetos culturais
Diretoria de Gestão do Centro Histórico mescla zeladoria e projetos culturais -

Formada em dança pela Ufba e bailarina fundadora do Balé do Teatro Castro Alves, Eliana Pedroso manteve-se nos palcos até os 40 anos e nunca se afastou da dança. Atuou como assistente de direção e, nos anos 1990, migrou para a produção cultural, abarcando outras linguagens artísticas. Promoveu em 2003 e 2004, juntamente com Virginia Da Rin, o festival Teatro Baiano - Emoção ao Vivo, e coordenou durante cinco anos o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros. Há seis anos e meio, voltou a empreender com o Café Rubi, que depois de trazer para um espaço com capacidade para 156 pessoas nomes como Ed Motta e João Bosco, o contrato com o Wish Hotel está seno desfeito por decisão do segundo. À frente da Diretoria de Gestão do Centro Histórico desde 2017, ela coordena a zeladoria e a programação cultural da região mais antiga da cidade. Nesta entrevista, a gestora fala dos novos planos. Uma das tarefas da diretoria é atrair a classe média soteropolitana para frequentar e investir no Centro Histórico.

Quais são os objetivos da diretoria de Gestão do Centro Histórico?

Estamos ali para trazer uma dinâmica cultural mais presente, somar e estimular os investidores. Sobretudo agregar novo valor perante o soteropolitano para o Centro Histórico. O soteropolitano não frequenta porque diz que não tem estacionamento, temos 1.340 vagas. Três estacionamentos cobertos. Não frequenta porque acha inseguro. Ledo engano. É um dos lugares mais seguros de Salvador, porque se você olhar tem policiais a cada esquina. Obviamente, de vez em quando acontece alguma coisa, como acontece em todo lugar. Às vezes, quando acontece no Centro Histórico tem muita visibilidade. Vira um escândalo. São pequenos furtos, uma corrente, um celular. E, obviamente, ninguém deve ir a um lugar desse cheio de joias. Ninguém fica de bobeira com o celular na mão na cidade. Agregar valor perante o soteropolitano para o Centro Histórico é o nosso primeiro desafio. E acho que estamos conseguindo. Cada dia um pouquinho. Eu sempre atuo como apresentadora das atrações. Nesse último concerto que fizemos agora, no sábado, com a Orquestra Sanbone, eu perguntei quem era de Salvador – entre 60% e 70% levantaram a mão. Ao conseguir essa valorização de imagem da gente para a gente mesmo, também atraímos investidores.

Que tipo de investidores vocês estão pensando? Temos essa dificuldade histórica de a classe média de Salvador não apostar na área. Sempre houve críticas de que os gringos estão comprando tudo, mas é um fato que o investidor de classe média daqui não se interessa em abrir negócios por lá. Como atrair pequenos negócios de pessoas locais?

O prefeito lançou há dois anos a Lei do Revitalizar. Essa lei oferece uma série de descontos nos impostos municipais, como incentivo à recuperação dos casarões. A lei traz esse estímulo ao investimento. Esse é um grande passo. E também tem a ideia de desapropriação daqueles casarões que ninguém se interessa em cuidar, que estão caindo aos pedaços, a lei prevê a desapropriação a partir de determinado momento. Fora isso, no momento em que colocamos no Centro Histórico coisas boas e transmitimos essa ideia de efervescência, as coisas vão se somando, as pessoas vão aparecendo. Já tivemos, recentemente, um casarão amarelo no Terreiro de Jesus que foi recuperado por um investidor, colocou uma loja da Havaianas, colocou o Mariposa [restaurante] e está fazendo um centro de eventos em cima. Temos o Massafera, do Fera Palace, que comprou um monte de coisas, o Fasano, e temos muitos hotéis pequenos e deliciosos. Temos um polo gastronômico que a gente vai fazer também, já fez... e agora, em março, vamos fazer o Mude – Moda Urbana descolada do Centro Histórico. A gente vai fazer uns desfiles, umas interferências artísticas pelas ruas só com a moda que é vendida no Centro Histórico. As roupas, os adereços, são coisas que não têm em loja alguma de Salvador. Não é para turista. É para a gente, do mais tradicional no seu modo de vestir ao mais despojado, o que quer adotar um leiaute mais afro. E vamos chamar a atenção mais uma vez para o nosso povo que no Centro Histórico tem lojinhas imperdíveis e singulares.

Como a sua diretoria se relaciona com as diferentes secretarias da prefeitura?

Nós temos duas dimensões nessa diretoria. Uma é que a gente chama de zeladoria e a outra é a parte cultural, através do Pelourinho Dia e Noite. Nessa zeladoria, o objetivo é criar diálogos cada vez mais próximos e estreitar os canais de comunicação que a gente fez com os diversos segmentos da comunidade, de estarmos próximos, próximos mesmo, de discutir o dia a dia e cuidar das demandas, de luz, do lixo, do estacionamento, do trânsito, a boca de lobo, essa infraestrutura que a prefeitura cuida. Vamos escoando as demandas para diversos órgãos que, por sua vez, por ser o Centro Histórico esse lugar único, dão prioridade.

O que mudou no Pelourinho Dia e Noite em relação à versão anterior?

O Pelourinho Dia e Noite é um programa que já existia, feito pelo Governo do Estado, lá pelos anos 1990. Depois, ao longo dos anos, foi meio esquecido e a prefeitura resolveu tomar para si. Ele era feito pela Fundação Gregório de Mattos e quando a diretoria foi criada passou para o nosso âmbito. E daí nós trouxemos um conceito diferenciado no momento em que a gente criou uma calendarização das atividades no Pelourinho. O programa perdeu seu caráter de evento para ser uma coisa cotidiana e sistematizada. E outra coisa é o conceito estruturante para algumas linguagens fora da percussão. Porque no Centro Histórico, da Ladeira de São Bento ao Santo Antonio Além do Carmo, a gente sempre se remete à percussão como primeira imagem. A gente tinha essa ideia da multiplicidade de linguagens. Dentro disso, criamos o Polo de Orquestras do Pelô (Popelô). Abraçamos quatro orquestras: a Orquestra de Câmara de Salvador (Ocsal), do maestro Ângelo Rafael; Sanbone Pagode Orquestra, do maestro Hugo Sanbone; a Orquestra Afrosinfônica, do maestro Bira Marques, e a Orquestra São Salvador, do maestro Fred Dantas.

Imagem ilustrativa da imagem Eliana Pedroso: a gente vai fazer uns desfiles com a moda que é vendida no Centro Histórico
| Foto: Uendel Galter/ Ag. A TARDE
Novos rumos para o Café Rubi

Quando as orquestram se apresentam?

De novembro a março, a gente cria uma rotina de apresentação dentro do Centro Histórico. Geralmente, elas tocam nas igrejas, aos sábados, mas já fizemos shows ao ar livre no Largo de São Francisco, fazemos ensaios abertos toda quarta-feira, no Largo do Santo Antonio. Nada melhor para você desenvolver uma linguagem do que prestigiar e dar um cotidiano de apresentações, ainda mais as orquestras. Elas têm peculiaridades em suas pesquisas. Elas mantêm uma identidade diferenciada. Também construímos o Polo de Teatro Itinerante (Pote) para fazer do Centro Histórico, ao longo do tempo, uma referência de teatro de rua. Criamos o primeiro espetáculo do Circuito Jorge Amado. Eu tinha esse desejo pessoal, como artista, de trazer as personagens de Jorge Amado. Convidei o professor Edvard Passos, que faz uma pesquisa já conceituada sobre o tema e que criou uma dramaturgia, a encenação. Chamamos Gerônimo para fazer as músicas, a coréografa Ivete Ramos, acoplamos o Projeto Axé. Este também é um conceito do Pelourinho Dia e Noite: prestigiar as pessoas que estão mais por perto do Centro Histórico, que atuam, moram, investem ali. Não é dizer que os artistas são todos de lá, mas a gente tem um olhar primeiro para essas pessoas. O espetáculo é um sucesso há três anos. Cada vez é uma multidão que segue o espetáculo. São cerca de 40 atores, técnicos e bailarinos. Toda sexta-feira, às sete da noite.

Que outros projetos estão sendo tocados?

Aí a gente vai para algo mais popular que é o Viradão do Samba, três rodas de samba que ocupam o Pelourinho, toda quinta-feira, às 19h30. Esse ano, no Arte no Paschoal, que tem uma programação mais intimista, estamos homenageando as cantoras de nossa terra. Convidamos Cláudia Cunha, Ana Paula Albuquerque, Matilde Charles, que esteve um tempão na França, mulher poderosíssima, com uma voz maravilhosa, e Sílvia Patrícia. Quatro mulheres da nossa cidade. Nós botamos um palquinho na rua, as pessoas sentam às mesas, tudo muito adequado. A gente defende a ideia de que não é adequado para o Centro Histórico aqueles grandes palcos, aquelas multidões. Não é bom para a preservação dessa riqueza que é um patrimônio mundial. Nós adotamos sempre essa história do palquinho.

Esta semana a senhora teve uma reunião com a direção do Wish Hotel da Bahia. Está confirmado o fim do Café Rubi no espaço do hotel?

A parceria do Café Rubi com a GJP, depois de seis anos e meio, de fato vai ser desfeita. Isso não significa que o Café Rubi vai fechar ou que o espaço do hotel como teatro vai fechar. Uma coisa não depende da outra. Estamos a caminho de novos rumos. Eu diria que a GJP sempre teve uma expectativa de retorno financeiro maior do que o modelo de negócio poderia oferecer. O nosso modelo é condizente com o capital que temos para empregar e com um espaço de 156 lugares. Com a delicadeza e a sofisticação da programação artística que sempre regeu a nossa curadoria. Isso sempre causou um certo incômodo à empresa, que fez um comunicado informando que o Wish prioriza o teatro e que vai trabalhar agora com artistas exclusivos. Se assim for, a cidade vai ganhar mais um espaço. Eu só faria uma correção. A partir de agora, o Wish vai priorizar o teatro. E quanto aos artistas exclusivos, eu imagino que vão se associar a uma empresa poderosa que tenha um cast de artistas também poderosos e exclusivos. Coisa muito rara em nosso país, mas que existe. Se for, será uma empresa que vai ser capaz de superar a excelência artística que nós fomos capazes de fazer.

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