EDITORIAL
O poder da experiência
Estarrecedor caso da estudante de 45 anos alvo de deboche está longe de ser exceção
![Caso espanta, no mau exemplo em tela, o fato de ter sido registrado em ambiente universitário](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1220000/1200x720/Artigo-Destaque_01222364_00-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1220000%2FArtigo-Destaque_01222364_00.jpg%3Fxid%3D5744574%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1720819623&xid=5744574)
O estarrecedor caso da estudante de 45 anos alvo de deboche por parte de três colegas de turma em universidade paulista, por conta de suposta idade "avançada", está longe de ser exceção em um mundo sombreado pelo estigma da idiotia.
Verifica-se a “velhofobia”, conceito proposto pela antropóloga Mirian Goldemberg, ao rejeitar a juventude o aprendizado das lições de êxito ou amargor, desperdiçando a chance de não repetir erros.
Espanta, no mau exemplo em tela, o fato de ter sido registrado em ambiente universitário, onde espera-se o amor ao conhecimento, ao invés, a tolice espalhada pela internet atraiu 7 milhões de acessos.
Embora sejam registrados avanços no trato de grupos identitários, como afro-brasileiros, mulheres e LGBTQIA+, organizações da sociedade civil e partidos autoproclamados à esquerda não parecem interessar-se tanto pelo tema.
Talvez pelo declínio físico e, não raro, financeiro, da população idosa, não se ouve brado, mesmo em baixos decibéis, pela inclusão de veteranas e veteranos, em flagrante de paradoxo, pois sem a experiência, o convívio fica embaraçado.
Condenadas a fazer escolhas a cada momento, sem saber se foram as melhores, pois não há como antes cotejar as opções, em um hipotético laboratório, as pessoas têm na palavra de quem viveu o método razoável para tomada de decisões.
A novel tribo brasileira trota em passo de muar, ao lidar com o contraste, em trilha inversa à de etnias ardorosas admiradoras dos anciões, tratadas com desdém, como nações indígenas e ciganos dispersos pelo planeta.
Tal contexto injusto enjoa no etarismo reverso, quando o jovem é rejeitado para cargo de chefia, sinalizando às lideranças governamentais a necessidade de se estudar um plano multidisciplinar para tratar da candente questão.
Não se trata de ressaltar o ululante da longevidade para a geração cevada na falta de limites, pelo abuso do computador, mas de prover nossas futuras velhas e velhos – se chegarem até lá – do mínimo de práticas virtuosas, antes de sobrevir o crepúsculo.
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