ELEIÇÕES ESTADUAIS
Concorrência entre as legendas nunca foi ao segundo turno
O grupo do PT tem levado vantagem. Desde 2006, petistas obtiveram vitórias consecutivas
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A disputa entre as legendas pelo governo baiano nunca foi ao segundo turno. O grupo do PT tem levado vantagem. Desde 2006, quando Jaques Wagner derrotou o então candidato à reeleição Paulo Souto, devolvendo a derrota sofrida em 2002, os petistas obtiveram vitórias consecutivas.
Em 2010, Wagner conseguiu a reeleição, mais uma vez sobre Souto. Em 2014, novamente com Souto como antagonista, Wagner obteve êxito ao lançar seu secretário da Casa Civil, Rui Costa, para a sucessão.
Costa, pouco conhecido da população no início da campanha, conquistou mais de 54% dos votos válidos. Em 2018, foi reeleito com mais de 75% dos votos válidos, batendo com tranquilidade o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo.
Na expectativa de modificar o cenário, o grupo carlista mudou seu posicionamento. Em uma tentativa de afastar a imagem mais conservadora e oligárquica do bloco – e atrelada a escândalos políticos históricos do carlismo e de seu líder (como nos casos da violação do painel de votação do Senado e da instalação de grampos telefônicos, usando a estrutura da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, para monitorar e ameaçar antagonistas) –, o partido decidiu rejuvenescer a chapa. Bastante conhecido na Bahia por ser herdeiro direto do mentor do grupo, ACM Neto, de 43 anos, era o candidato natural do carlismo ao governo.
Especialmente depois de deixar a Prefeitura de Salvador, após dois mandatos, conseguindo eleger seu sucessor, Bruno Reis (UB).
A vaga de vice, porém, era amplamente disputada, não só entre carlistas, como o próprio José Ronaldo, mas também entre ex-adversários que passaram a apoiar o ex-prefeito, como o vice-governador da Bahia, João Leão (PP), e o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (Republicanos).
No entanto, se no País as principais disputas estaduais orbitam nas candidaturas de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) à presidência, na Bahia a polarização não se repete, segundo as pesquisas. Ex-chefe de gabinete de ACM Neto na Prefeitura de Salvador e ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro, o candidato a governador João Roma (PL) não conseguiu transferir para si o apoio dos bolsonaristas baianos. Os levantamentos estatísticos apontam que o candidato à reeleição presidencial tem entre 20% e 30% dos votos no Estado, enquanto Roma aparece na faixa dos 10% de preferência.
O desempenho de Roma na eleição, porém, pode ser determinante para o resultado – tanto na Bahia quanto no Brasil. Se obtiver uma votação relativamente expressiva, pode encaminhar a disputa baiana para um inédito segundo turno entre petistas e carlistas.
A direção da campanha de Bolsonaro conta com isso para, caso o presidente também vá ao segundo turno contra Lula, obter apoio, ainda que não declarado, de ACM Neto na Bahia. Tanto que, depois do debate da TV Bahia, na última terça-feira, 27, deu ordem à campanha de Roma para cessar os ataques ao ex-prefeito.
Confira mais informações sobre os candidatos:
Jerônimo Rodrigues (PT) 13
Nascido em Aiquara, Jerônimo tem 57 anos, é engenheiro agrônomo e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi secretário nacional no Ministério do Desenvolvimento Rural, no governo Dilma Rousseff, e secretário estadual de Desenvolvimento Agrário e de Educação, na gestão Rui Costa.
Plataforma
Apoiado por Lula, Jerônimo afirma que pretende fazer um “governo da inclusão”, com foco na erradicação da fome e da miséria no Estado, na ampliação da rede estadual de saúde e na criação de oportunidades de geração de emprego e renda para a população, em especial para mulheres e jovens. Para isso, promete ampliar as vagas de ensinos integral e profissionalizante, entregar novos hospitais, incrementar investimentos na agricultura familiar e fazer grandes obras de infraestrutura.
Principais compromissos:
- Construção de 7 hospitais, 6 maternidades e 5 policlínicas;
- Ampliação da rede de ensino integral, com inclusão de 600 novas escolas no formato;
- Entrega da Ponte Salvador–Itaparica;
- Construção ou recuperação de 4 mil quilômetros de estradas;
- Investimento em tecnologia e inteligência e realização de concursos públicos na segurança.
João Roma (PL) 22
Pernambucano de Recife, João Roma, de 49 anos, é formado em Direito e reside em Salvador desde 2002, quando foi designado chefe do escritório da Agência Nacional do Petróleo (ANP) na capital baiana. Antes, havia sido assessor do governo de Pernambuco (1991-1994) e do Ministério da Administração (1995-1998). Em Salvador, foi chefe de gabinete do então prefeito ACM Neto entre 2013 e 2018, quando foi eleito deputado federal.
Plataforma
Candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, João Roma focou sua campanha no tema da criação de fontes de emprego e renda no Estado. Promete criar o “Auxílio Bahia”, para complementar o programa Auxílio Brasil, do governo federal, e reduzir impostos estaduais, para incentivar a produção e atrair empresas para a Bahia.
Principais compromissos:
- Criação do programa Auxílio Bahia;
- Implementação do programa Médicos pela Bahia, para incentivar os serviços de saúde no interior;
- Redução dos impostos estaduais;
- Retomada de territórios ocupados por facções criminosas;
- Criação de Centro de Gestão, Avaliação e Monitoramento de Dados e Indicadores Educacionais.
Kleber Rosa (Psol) 50
Natural de Salvador, Kleber Rosa tem 48 anos, é formado em Ciências Sociais, investigador da Polícia Civil, professor da rede estadual e diretor da Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia (Fetrab). É o secretário de comunicação do Psol na Bahia e integra a direção nacional da legenda. Concorre pela primeira vez em uma eleição.
Plataforma
Kleber Rosa pautou sua campanha em propostas relativas à distribuição de renda, à redução do déficit habitacional no Estado e à segurança alimentar da população de baixa renda. Para tanto, aponta como soluções a adoção de um salário mínimo regional na Bahia, 20% maior que o salário mínimo nacional, ações de incentivo à economia solidária e à agricultura familiar e a redução de impostos estaduais.
Principais compromissos:
- Adoção de salário mínimo estadual, 20% maior que o nacional;
- Reativação dos trens do subúrbio de Salvador e interligação com outros municípios do Recôncavo;
- Triplicação do contingente de policiais civis;
- Ampliação de vagas em creches e criação de programas de creches noturnas;
- Criação de programa de distribuição de gás para as famílias de baixa renda.
ACM Neto (UB) 44
Natural de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, 43 anos, é advogado. Foi eleito deputado federal por três vezes (2002, 2006 e 2010) e teve dois mandatos como prefeito de Salvador, entre 2013 e 2020. Foi também presidente nacional do DEM entre 2018 e este ano, quando a legenda se fundiu com o PSL, criando o União Brasil (UB) – do qual é secretário nacional.
Plataforma
ACM Neto adotou como lema de campanha “fazer na Bahia o que fiz em Salvador” e apontou como caminhos para isso o que chamou de “mudanças profundas” em algumas áreas da administração baiana, como a segurança pública, a saúde e a educação. O ex-prefeito de Salvador preferiu não apoiar explicitamente nenhum candidato a presidente – nem a candidata lançada pela própria legenda, Soraya Thronicke.
Principais compromissos:
- Criação de “governos regionais” em determinadas regiões do Estado;
- Mudanças no comando da Secretaria da Segurança Pública;
- Incentivo ao desenvolvimento de pólos industriais no interior;
- Mudança no sistema de regulação de saúde;
- Criação de calendário descentralizado de eventos.
Giovani Damico (PCB) 21
Paulista de Santa Cruz das Palmeiras, Giovani Damico tem 30 anos, é mestre em Ciências Sociais e professor de geografia da rede estadual. Foi candidato não eleito a vereador em Salvador, em 2020, e é secretário político do PCB na Bahia.
Plataforma
Damico direcionou suas propostas de governo para a melhoria dos serviços públicos oferecidos pelo Estado e para a garantia de acesso da população a seus direitos – em um rol que vai de habitação, educação e saúde a emprego, que em sua visão, também é um direito do cidadão. Com esse norte, promete criar, entre outros, um Programa de Pleno Emprego, um plano de reestruturação da rede estadual de ensino e uma empresa pública de construção civil.
Principais compromissos:
- Adoção de salário mínimo estadual;
- Instauração de limite de 25 alunos por classe na rede estadual;
- Criação do Programa de Pleno Emprego;
- Reversão de privatizações;
- Criação de estatal de construção civil, para obras de moradias populares.
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