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A eleição de vereadores em 2024

Confira o artigo de Cláudio André de Souza

Publicado segunda-feira, 15 de abril de 2024 às 07:15 h | Autor: *Cláudio André de Souza | [email protected]
Imagem ilustrativa da imagem A eleição de vereadores em 2024
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O fim das coligações proporcionais em 2020 teve efeito imediato. Em todo o Brasil, 73% dos municípios tiveram redução no número de partidos com representação nos legislativos municipais. As câmaras com até seis partidos representaram em 2016 metade dos municípios. Na eleição de 2020, 82% dos legislativos tiveram até seis legendas eleitas. Já a proporção de municípios com mais de seis partidos representados na eleição de 2016 foi de 50% do total, sendo que em 2020 não passou de 18%. As câmaras municipais entre 7 e 9 partidos eram 40,63% do total em 2016 e caiu para 13,80% em 2020.

A redução de partidos com representação é um “mantra” no sistema político brasileiro, que tem se empenhado para diminuir o protagonismo de partidos com pouca ou nenhuma relevância eleitoral, ao mesmo tempo que a regra das federações permite que partidos com um grau considerável de afinidade ideológica possam sobreviver juntos, permanecendo vivos a médio prazo.

O efeito do fim das coligações recaiu também sobre o lançamento de candidaturas. Em 2016, os partidos brasileiros lançaram 496.977 candidaturas. Em 2020, os partidos refizeram as contas e lançaram 557.678 candidatos. O mesmo efeito não se replicou em 2022: em 2018 foram lançadas 29.153 candidaturas e em 2022 foram lançadas 29.262, trata-se de um crescimento tímido, sendo que 36,33% foram candidaturas a deputado federal e 57,20% para deputado estadual em todo o país. A lei das Eleições alterou a possibilidade de lançar 150% para 100% mais um de candidaturas em relação às vagas em disputa para o Legislativo, o que deu mais complexidade na “engenharia” das escolhas dos partidos

O que estes números traduzem? A eleição para vereador de fato é sui generis em razão da necessidade de compor uma chapa que alcance os objetivos. Por exemplo, em Salvador a rearrumação dos vereadores da base governista liderada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) foi projetada para que os partidos já tenham uma previsibilidade de quem tem mais força para chegar no pelotão de frente das chapas, o que se refletiu no tamanho das forças político-partidárias na Câmara de Vereadores. Em 2020, foram eleitos 22 partidos e depois da janela partidária deste ano restaram 17, sendo que os cinco maiores partidos são aliados do prefeito e juntos somam 53,48% das cadeiras (DC, PP, PSDB, Republicanos e União Brasil).

A disputa para a vereança em Salvador promete ser polarizada diante da necessidade do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) considerar que o seu crescimento nas pesquisas depende da capilaridade e presença dos partidos aliados nas bases eleitorais perante um prefeito que segue bem avaliado, o que promete um forte embate nos grandes bairros da capital baiana.

*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB) - [email protected]

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