Insensatez
Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia, oito a cada 10 brasileiros se medicam sem orientação médica
O uso indiscriminado de medicamentos tem motivado preocupações constantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), com sucessivos alertas para o risco advindo da insensatez de atos como a prática da automedicação.
Mal comparando, pode-se dizer um jogo no qual se profetiza o sonho de sobreviver, no entanto, a tática utilizada para vitória envolve “players” de condição série Z, como antibióticos e medicamentos já não controlados.
Pesquisa do Conselho Federal de Farmácia indica que cerca de oito a cada 10 brasileiros escolhem a indicação leiga ou a bula ao consumir remédios, desconsiderando a consulta médica.
O número coincide com uma enquete de perfil jornalístico realizada por A TARDE, desprovida de metodologia científica, mas com igual resultado, tido como elevado.
Pode-se verificar a desproporção em apenas meia hora de caminhada, passando em três ou quatro drogarias; não é difícil, ouvido atento, flagrar a cantilena a repetir-se: cliente relata sintoma e vendedor traz a solução, como a “garrafada” das feiras.
Sem embasamento profissional para acompanhar o tratamento, e fazendo uso indiscriminado de substâncias, as pessoas submetem-se a elevados níveis de intoxicação e contribuem com a resistência de microrganismos aos antimicrobianos.
Sintomas de doenças graves podem desaparecer, enquanto o organismo está apenas aguardando passar o efeito do remédio supostamente adequado para voltar a produzir dor e sofrimento. Ao ser adiada a busca por tratamento adequado, o tempo passa e o relógio marca o tempo final.
O assunto assombra profissionais da Saúde e inspira campanhas como a realizada no Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, ontem, com alerta do Conselho Regional de Farmácia (CRF) para os perigos do que define como “epidemia silenciosa”.