IMOBILIÁRIO
30% das famílias têm planos de comprar imóvel no prazo de até 1 ano
Principal motivo é sair do aluguel, seguido de mudar da casa dos pais ou morar sozinho
Por Fábio Bittencourt
Pesquisa sobre intenção de compra de imóveis da Brain Inteligência Estratégica, realizada com 1.207 entrevistados acima dos 20 anos e renda superior a R$ 3 mil, divulgada esta semana pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), aponta que 30% das famílias têm plano de investir na casa própria no prazo de até um ano. Desse total, 9% cogitam fazê-lo em seis meses.
O principal motivo é escapar do aluguel (35%), seguido de mudar da casa dos pais, ou morar sozinho (19%). Outros 12% desejam simplesmente um apartamento mais amplo (12%); há quem tenha acabado, ou está prestes a casar (7%); e quem cujo o objetivo é somente diversificar os investimentos (6%). O estudo foi realizado em 31 cidades do Brasil, entre 15 e 30 de março.
Ainda quanto ao prazo para a mudança, um ano e meio é o tempo necessário para 13% dos participantes do levantamento; a maioria (57%), no entanto, precisa de 24 meses. Na busca por um canto para chamar de seu desde meados da pandemia, o publicitário Marcelo Soares Filho, 30, deve precisar de ao menos mais três anos até conseguir realizar a “meta”.
Segundo ele, esse intervalo é ideal para, ao passo que organiza melhor as finanças pessoais, aguarda por uma “acomodação do mercado”. Soares Filho refere-se aos preços dos imóveis na capital baiana, que considera elevados, bem como a taxa média de juros do financiamento habitacional, além da própria conjuntura econômica e política nacional, “ainda conturbada”, diz.
Morador há dez anos do Costa Azul, ele conta que a preferência é por um apartamento na região, até o Stiep, não importando se de um, dois ou três quartos. O plano é sair da casa dos pais e, futuramente, morar com a namorada. O valor médio apurado das unidades que é um complicador, entre R$ 300 e R$ 400 mil. Quando não, R$ 600 mil, destaca.
A chance é grande, porém, dele optar por um apartamento novo, talvez na planta, quem sabe pronto. Os usados ou avulsos, devido ao estado de conservação da maioria, não o tem encorajado.
“Não tem um (imóvel usado) que não precise de uma grande intervenção, seja piso, rodapé, pintura. Estou achando mais fácil esperar um pouco e comprar um novo, porque aí é só entrar com alguns móveis, e morar”, fala o publicitário.
Corretora de imóveis com experiência na comercialização de novos e usados, além de leilão, Adeilma Santos diz que é cada vez mais comum jovem na faixa de 22, 23 anos querendo “plantar mais cedo”, alugando um apartamento, às vezes estudando a compra. Perita em avaliação, ela conta que a partir daí começa a parte do “diagnóstico da situação”, que na verdade nada mais é do que entender os anseios do cliente, o momento de vida, objetivo a curto, médio prazos e, principalmente a capacidade financeira, para então melhor assessorar.
“Medo da incerteza”
“A compra depende de recursos próprios, ou financiamento habitacional (que requer renda). Hoje, a maioria das pessoas está mais ligada na economia, na política, e você percebe que existe o receio, o medo da incerteza”, diz Adeilma, querendo contextualizar um momento de queda nas vendas, com o cenário econômico. “O financiamento é uma ferramenta, pois habitação é uma necessidade primária, como vestir, comer. É locar ou comprar. Eu costumo dizer que financiamento é um aluguel inteligente”, afirma.
“Quando você compra, tem a valorização com o passar do tempo, há as benfeitorias. Por isso, realmente é preciso estudar o perfil do cliente, avaliar o planejamento financeiro”, conta.
Como dica para quem está na busca de um primeiro imóvel, Adeilma sugere unidades novas e no padrão econômico, lançadas recentemente por construtoras, como MRV, Tenda e Sertenge, na área da avenida Paralela, e região. Outra opção são os chamados “compactos”, com localização “diferenciada” na orla de Salvador. Já para quem procura uma segunda residência, a sugestão é a linha verde, ou litoral norte baiano.
Entre outros empreendimentos, a corretora destaca o lançamento da smartcidade Sete Sóis Paralela – em março –, pela MRV. O complexo contará com 12 residenciais, e 4.596 unidades, por preços a partir de R$ 160 mil. O primeiro condomínio lançado, o Parque dos Duques, com 480 unidades, foi 90% comercializado em menos de um mês, demonstrando “que havia uma demanda reprimida na cidade em (termos de) empreendimentos no padrão econômico com qualidade e boa localização”, fala a gerente comercial da construtora, Flávia Cezimbra.
“Em abril lançamos mais dois empreendimentos – um também na smartcidade e outro em Piatã – com 1.040 unidades no total, e ambos contaram com mais de 100 unidades vendidas nos primeiros quinze dias após o lançamento. E temos previsão de lançar mais dois empreendimentos, completando quatro lançamentos nos primeiros seis meses. No segundo semestre serão mais três empreendimentos do segmento econômico”, diz ela.
De acordo com dados divulgados esta semana pela CBIC, o número de unidades residenciais lançadas no primeiro trimestre de 2023 sofreram queda de 44,4% comparadas ao trimestre anterior. Apesar da queda significativa, o setor não está com falta de demanda, nem de estoque, diz o presidente da entidade, José Carlos Martins. Segundo ele, o mercado imobiliário está “saudável e equilibrado, o que existe é a falta de confiança do empresário do setor”.
De acordo com texto da CBIC, a insegurança dos incorporadores em investimentos privados é consequência de fatores como a alta taxa de juros; a escassez e o encarecimento de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para o financiamento; da necessidade de revisão dos tetos para contratação com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da adequação da curva de subsídios.
No comparativo de unidades vendidas entre o primeiro trimestre deste ano e o último de 2022, a queda foi de -5,2%, enquanto se comparado com o mesmo período de 2022, o recuo foi de -9,2%.
Aqui na Bahia, segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), nos primeiros meses do ano o setor registrou crescimento tanto no quesito lançamentos (21,4%), quanto vendas (6,4%), comparado ao primeiro trimestre do ano passado.
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