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Argentino Kóblic mostra história real de piloto na ditadura
Por Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Dentre as várias qualidades do cinema argentino contemporâneo está a capacidade dos filmes conseguirem traduzir e retratar a história recente do país. Kóblic é um bom exemplo desse tipo de filme em forma de drama com certa dose de tensão.
O astro Ricardo Darín interpreta o personagem título, um piloto militar que, por desobediência a ordens superiores em plena ditadura, na década de 1970, precisa fugir. Passa a viver escondido numa cidade à beira da estrada no interior do país.
É claro que ele vai chamar a atenção dos moradores locais, em especial do chefe de polícia (interpretado por outro grande ator argentino, Oscar Martínez), além do interesse da bela Nancy (Inma Cuesta), mulher casada com o valentão da cidade.
O desenho dos personagens soa mesmo um tanto clichê, e certos desdobramentos da narrativa chegam a ser previsíveis até o final da trama. O exercício de tensão do longa-metragem sustenta-se melhor pela força política que ele carrega.
Retrato sombrio
Curioso notar que o cineasta Sebastián Borensztein tinha realizado anteriormente a comédia dramática Um Conto Chinês, filme de enorme sucesso no país vizinho. Agora o tom é mais sério e sombrio nesse novo filme, baseado em história verídica.
À medida que a identidade de Kóblic é ameaçada e sua permanência no local gera suspeitas, o longa vai dando pistas sobre o passado do personagem e sobre os motivos de sua fuga. Sutilmente, o filme aponta para as diversas mortes de presos políticos na época, tidos como desaparecidos.
A partir desse jogo de suspeitas, Kóblic consegue ser um interessante estudo sobre o estado de vigilância constante em que as pessoas viviam no contexto de um regime militar duríssimo.
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