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Cannes coroa Julia Ducournau, segunda diretora a conquistar Palma de Ouro

Por AFP

18/07/2021 - 7:52 h
A francesa Julia Ducournau conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo filme "Titane" | Foto: Valery Hache | AFP
A francesa Julia Ducournau conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo filme "Titane" | Foto: Valery Hache | AFP -

A francesa Julia Ducournau tornou-se no sábado, 17, a segunda mulher a conquistar a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, com o filme "Titane", o mais violento e transgressor da competição (confira os vencedores do 74º Festival de Cinema de Cannes abaixo).

O cineasta americano Spike Lee, presidente do jurí, anunciou o nome do filme vencedor de forma acidental, no começo da cerimônia, quando deveria revelar o prêmio de interpretação masculina. Posteriormente, ele pediu desculpas.

Julia Ducournau, 37, levou o prêmio máximo 28 anos após Jane Campion, da Nova Zelândia, por "O Piano". Também era a mais jovem entre os 24 diretores que concorriam à Palma de Ouro desta edição do festival.

“Obrigada ao júri por ter apelado a uma maior diversidade em nossas experiências no cinema e em nossas vidas. Obrigada ao júri por deixar os monstros entrar”, disse entre lágrimas a diretora, apreciadora dos filmes de terror.

Vinte e quatro filmes estavam em competição no total, quatro deles dirigidos por mulheres e nenhum por um cineasta latino. Ao lado de Lee no júri (de maioria feminina), estavam, entre outros, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça e a atriz americana Maggie Gyllenhaal.

Radical e excêntrico, Titane começa com um acidente de carro em que uma menina, "Alexia", fica gravemente ferida e os médicos têm que colocar uma placa de titânio em seu crânio. Anos mais tarde, a jovem, interpretada pela enigmática Agathe Rousselle, passa a sentir atração sexual por carros e se torna uma assassina convulsiva.

'Filmes ovni'

"Um dos meus objetivos foi trazer o cinema de gênero, ou os filmes 'ovni', para os festivais em geral, a fim de deixar de marginalizar parte da produção francesa", disse a diretora dias atrás. “O gênero também permite falar sobre o indivíduo, e, muito profundamente, sobre os nossos medos e desejos”, acrescentou.

Julia já havia sacudido Cannes em 2016, com "Raw", sua obra-prima sobre uma estudante de veterinária que se convertia em canibal. Este ano, ela se impôs sobre grandes nomes do cinema, como Wes Anderson, Asghar Farhadi, Paul Verhoeven e Nanni Moretti, e desbancou o japonês "Drive My Car", favorito da crítica, que levou o prêmio de melhor roteiro.

'Memoria' é premiado

O Grande Prêmio, segundo mais importante, foi para "A Hero", do iraniano Asghar Farhadi - que joga luz sobre a perversidade das redes sociais -, juntamente com "Compartment No. 6", do finlandês Juho Kuosmanen.

O filme contemplativo "Memoria", do tailandês Apichatpong Weerasethakul, protagonizado pela britânica Tilda Swinton e rodado na Colômbia em espanhol e inglês, levou o Prêmio do Júri, juntamente com "Ahed's Knee", do israelense Nadav Lapid.

Ao receber o prêmio, o cineasta tailandês fez um chamado aos governos de Tailândia e Colômbia para que "acordem e trabalhem para seus povos".

Aos pés de Renate Reinsve

O prêmio de melhor atriz foi para a norueguesa Renate Reinsve, considerada a revelação do festival. Aos 33 anos e desconhecida do grande público, ela foi reconhecida por seu papel de millennial em crise em "The Worst Person in the World", do compatriota Joachim Trier.

Outro jovem ator, o americano Caleb Landry Jones, 31, levou o prêmio masculino, por encarnar o autor de um massacre que traumatizou a Austrália em 1996 no filme "Nitram".

A América Lativa teve participação discreta na seleção oficial. O curta "Céu de Agosto", da brasileira Jasmin Tenucci, recebeu a Menção Especial. Nas mostras paralelas, os filmes mexicanos "La Civil" e "Noche de Fuego", e o colombiano "Amparo", foram premiados.

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