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Complexo e cheio de ação, Tenet não deixa tempo para recuperar o fôlego
Por Bianca Carneiro*
As tramas sobre tempo costumam ser sempre apreciadas pelos mais diversos públicos. Da mais simplória como “De volta para o futuro”, passando pelas mais complexas como em “Dark”, é interessante ver de que maneira a produção vai trabalhar questões que ainda não existem na nossa realidade e tentar produzir algum sentido. A expectativa fica ainda maior quando quem se propõe a fazer isso é Christopher Nolan, diretor apreciado nos mais diversos nichos cinematográficos e especialista em produções complexas como A Origem e Dunkirk (assista ao trailer de Tenet abaixo).
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Assim como Dark, Tenet é uma dessas produções especialistas em “explodir mentes”. Mas atenção, a semelhança se restringe apenas ao sentimento de não entender uma ou outra cena (quiçá, a maioria delas). Diferente da série alemã que foi sucesso mundial neste ano, o longa de Nolan brinca com um conceito diferente de viagem no tempo: a cronologia reversa.
Os mais atentos vão notar que a grande sacada começa já no título do filme, já que o nome Tenet é um palíndromo, ou seja, lido de trás para frente, também fica Tenet. Atenção, inclusive, é o que Nolan mais exige do seu espectador. Com suas cenas de ação de tirarem o fôlego quase que ininterruptas, as mudanças constantes de subtramas e, claro, a proposta de incorporar o sentido de palíndromo à narrativa, é muito difícil sair da sessão com a certeza de que tudo foi compreendido.
Quanto a questão do tempo, talvez seja uma boa ideia não focar no entendimento. Em Tenet, a linha temporal corre nos dois sentidos: de trás para frente e de frente para trás, o que vai ficando cada vez mais complicado de se acompanhar. Por isso, o próprio filme já avisa em uma de suas primeiras cenas: “Não tente compreender, sinta!”, pois, embora a produção tenha suas cenas mais didáticas, com explicações físicas, Nolan não perde muito tempo com isso. Caberá ao público entender (ou não) a dinâmica da coisa no desenrolar da história.
Grandiosas, visualmente bonitas e por vezes, angustiantes, as sequências de ação são um show a parte. Um ponto alto são as ótimas coreografias das lutas de trás para frente, que provam o investimento pesado da produção na qualidade técnica. O único problema disso tudo é que a quantidade excessiva e seguida podem cansar.
Assista ao trailer de Tenet:
O elenco cumpre bem o seu papel dentro do que é proposto. Em um clima a la 007, com roupas chiques e muitas frases de efeito, o carismático John David Washington entrega um personagem “marrento”, cheio de personalidade e coragem, a exemplo do seu aclamado Ron Stallworth em Infiltrado na Klan. Por motivos não explicados, Nolan optou por não dar um nome ao agente vivido por Washington e chamá-lo apenas de “O Protagonista”. O título é o tempo todo reivindicado pelo próprio personagem, que busca provar para si mesmo que manda na própria história, ainda que não entenda completamente porque está ali.
O fã de super-herói que está esperando ansiosamente por The Batman vai poder conferir uma prévia de Robert Pattinson, literalmente, em ação. Apesar do currículo extenso em obras de drama, em Tenet, o ator consegue acompanhar bem o ritmo frenético da trama e forma uma dupla muito bem entrosada com Washington.
Algo a se observar é que Nolan deixa implícita a intenção de dar sequência à história. Embora o roteiro de Tenet às vezes se perca dentro da sua própria complexidade e o ritmo dificulte um pouco a compreensão, o filme vale o ingresso, especialmente para os apaixonados por ação. Além disso, toda a temática temporal, de passado versus futuro, é sempre interessante de se explorar, podendo render reflexões bacanas para os tempos em que vivemos. Afinal, quem, em plena pandemia do novo coronavírus, não gostaria de voltar, pelo menos um pouquinho, no tempo?
*Sob a supervisão do editor Nelson Luis
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