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Deadpool tem adaptação fiel ao estilo anárquico das HQs
Por Chico Castro Jr.

Mesmo quem gosta, deve admitir: filmes de super-heróis são duros de "engolir" - de se levar a sério, enfim. Para estes, e até para quem insiste em levar a sério homens de roupa colante se estapeando, "Deadpool" é a solução.
O personagem, surgido nos quadrinhos da linha X-Men da Marvel em 1991, chega agora aos cinemas em uma comédia de ação estrelada e coproduzida por Ryan Reynolds.
O ator, que até faz filmes sérios como A Dama Dourada nas horas vagas, buscou em Deadpool a redenção por uma série de fracassos em adaptações de super-heróis, como "Lanterna Verde" (2011) e "X-Men Origens: Wolverine" (2009).
Neste último, Reynolds encarnou uma versão totalmente deturpada do próprio Deadpool: sem uniforme e com a boca costurada - uma óbvia sacanagem com o personagem, que é justamente conhecido como Merc with a mouth (o mercenário tagarela).
Após muita batalha com o estúdio, investidores e campanhas junto aos fãs, Reynolds finalmente conseguiu bancar uma adaptação 100% fiel ao espírito de Deadpool: anárquica, violenta, politicamente incorreta e neurótica.
Não à toa, o filme ganhou classificação proibida para menores de 18 anos nos Estados Unidos, graças ao "excesso de violência, linguagem inapropriada, conteúdo sexual e nudez gráfica", segundo o MPAA (Motion Pictures Association of America), órgão censor norte-americano.
No Brasil, o Ministério da Justiça liberou "Deadpool" com classificação de 16 anos, em cópia sem cortes.
Origem nas HQs
Criado pelos quadrinistas Fabian Nicieza (roteiro) e Rob Liefeld (desenhos), Deadpool surgiu em meio à febre mutante do início dos anos 1990, quando a linha X-Men se expandiu em dezenas de revistas.
Mas o personagem só vingou mesmo quando foi reinventado em 1997 por outra dupla, o escritor Joe Kelly e o desenhista Ed McGuinness em sua primeira revista mensal solo. Cômica, a HQ parodiava as outras revistas da própria Marvel e deu ao Deadpool dois ajudantes: Fuinha (Weasel), o hacker nerd, e Al, uma senhora cega que fazia as vezes de mordomo e tinha que aguentar as chicanas do patrão.
Inicialmente cult, o título foi ganhando popularidade com os anos, tornando Deadpool um dos personagens mais queridos dos fãs de quadrinhos desde então.
Mais risos do que tiros
Fiel, o filme conta a história de Wade Wilson (Reynolds), um veterano de guerra que é diagnosticado com câncer terminal justamente quando encontra o amor com a prostituta Vanessa (a atriz brasileira-norte-americana Morena Baccarin).
Desesperado, Wilson se oferece como cobaia para um tratamento experimental comandado por Ajax (Ed Skrein). Torturante, o tratamento consiste em provocar uma mutação nos genes do paciente, gerando o chamado fator de cura, que neutraliza qualquer dano ou doença, seja tiro, facada, câncer ou gripe.
O tratamento dá certo, mas Wilson sai dele desfigurado - e louco de pedra. Irado, passa a atuar como mercenário e a caçar Ajax, para se vingar.
Tudo isso é contado de forma não-linear, com idas e vindas, enquanto Deadpool, que não para de falar diretamente com os espectadores, decapita capangas de Ajax no trânsito e aporrinha os X-Men Colossus (Andre Tricoteux, hilário com o sotaque russo adequado ao personagem) e Míssil (Briana Hildebrand).
Escrito por Rhett Reese e Paul Wernick (a dupla de Zumbilândia), Deadpool, na verdade, dispara mais piadas do que balas, com gracejos sobrando até para o fracassado filme do Lanterna Verde e a versão sem boca anterior do personagem, além de inúmeras piadas bobas com bunda e pinto.
Acrescente-se a isso as cenas de ação perfeitamente coreografadas e executadas e temos aqui o filme de super-herói mais engraçado da Marvel desde Guardiões da Galáxia.
Diferente deste último, porém, Deadpool consegue ser ainda mais atípico: proibido para menores, com cenas ousadas de sexo, violência explícita e a quarta parede demolida pela insistência do personagem-título em se dirigir ao público o tempo todo.
Conclusão: se o leitor mal pode esperar pela dramaticidade ostensiva e pesada de Batman vs. Superman (estreia em 24 de março), passe longe deste filme, ele não é para você. Se estiver a fim de adrenalina e risadas, embarque.
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