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Filme Amarração do Amor estreia nesta quinta nas salas de cinema

Por Júlia Lobo*

13/10/2021 - 6:06 h
Ary França (esq.) é Samuel.Cacau Protásio (dir.) é Regina | Foto: Migdal Filmes | Divulgação
Ary França (esq.) é Samuel.Cacau Protásio (dir.) é Regina | Foto: Migdal Filmes | Divulgação -

O que você faria se os seus pais desconsiderassem tudo o que você queria no seu próprio casamento só para fazer do jeito deles? Com estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 14, a comédia brasileira Amarração do Amor traz a história do casal Bebel e Lucas, que vivem este dilema por causa da divergência religiosa entre as suas famílias.

Depois de um ano de namoro, os jovens decidiram se casar e desejavam realizar uma cerimônia simples. No entanto, Lucas, interpretado pelo ator Bruno Suzano, 29, cresceu na umbanda e precisa lidar com as desconfianças do sogro Samuel, que é judeu.

Já Bebel, representada por Samya Pascotto, 29, tenta resistir aos desejos de Regina, mãe do amado, que invade até o horário do trabalho para descobrir qual o seu orixá de cabeça, aquele que direciona as nossas qualidades e como iremos usá-las.

Samuel e Regina são interpretados, respectivamente, por Ary França, 64, e Cacau Protásio, 46. Os dois atores embarcam em uma trama com personagens “cabeças-dura”, abordando a intolerância religiosa com a dose certa de humor nos momentos de desavença entre eles e seus familiares.

“O objetivo era fazer um filme divertido, que se comunicasse com o público através da empatia e da emoção. Ele fala de romance, fala de família, que todos podem se identificar, porque família é muita confusão mesmo, e a gente escolhe lidar de forma cômica, com pessoas que lidam com a própria religião e com a religião do outro de formas diferentes, como a nossa sociedade”, conta a diretora Caroline Fioratti.

A umbanda e o judaísmo têm origens e crenças diferentes. Em Amarração do Amor, as divergências se refletem no planejamento do casório. Para o pai da moça, a cerimônia tinha que ser realizada com o chupá, uma tenda que faz parte dos casamentos judaicos. Enquanto para a família de Lucas, o terreiro seria a melhor opção. Nesse embate, uma grande confusão acontece.

Aprendendo e atuando

As duas religiões entraram no filme devido à proximidade da produtora Iafa Britz com o judaísmo e da diretora Caroline Fioratti, que vem de família umbandista. Para os atores, a experiência de adentrar em uma religião que não fazia parte dos seus costumes foi enriquecedora.

“Conhecer algo que a gente não tem familiaridade, geralmente tem uma estranheza, o ser humano é muito assim, mas a gente vai ter a oportunidade de levar para as pessoas que nunca conheceram a umbanda, vão saber que também é uma religião que fala de amor, que fala de Deus. No final de tudo não adianta nenhum de nós brigar por religião nenhuma, porque o que prevalece é o amor e o respeito”, diz Cacau Protásio, que é católica.

Além disso, todo o elenco obteve uma consultoria para preparação das gravações com a Mãe Nancy, da umbanda, e o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman.

“Eu fiz a minha aqui (São Paulo) antes de ir pro Rio também, que foi aqui frequentar a casa de amigos judeus, fui frequentar as festas de eventos religiosos e familiares pequenos, sinagogas de várias linhas. Eu fui muito bem recebido, então fui criando uma empatia, vendo que na verdade é tudo gente, porque em algumas comunidades a gente não se aproxima porque às vezes o problema é nosso, não é que ela é fechada, a gente que se fecha”, conta Ary França.

A partir dos ensinamentos, Cacau e Ary foram construindo Regina e Samuel que, acredita o ator, revelam que o verdadeiro problema da intolerância está nas pessoas.

“O problema não é a religião, são as pessoas, então nós estamos falando de duas pessoas possessivas, turronas e que querem que os filhos façam aquilo que eles querem, e, na verdade, eles tem alguns problemas e usam a religião como desculpa, é a dificuldade de aceitar o outro, de aceitar alguém de outra raça, de outra religião”, afirma.

Tudo amarrado

No filme, os outros familiares acabam abrindo os olhos dos dois personagens. A mãe de Bebel, interpretada pela atriz Malu Valle, e os parentes de Lucas conseguem ver a união dos jovens como reflexo do amor.

“É uma comédia, apesar de que eu brinco que eu e o Bruno ficamos incumbidos da parte dramática e romântica do filme porque só tem graça ver essa pessoa equivocada, e a gente não estava equivocado, a gente só tava tentando se amar, e aí Cacau e Ary ficaram incumbidos dessa parte mais cômica do filme”, percebe Samya.

Além do elenco principal, também atuam Maurício de Barros, Lorena Comparato, Vinicius Webster, Bel Kutner e Cassio Pandolfh, com participações especiais de Clementino Kelé e Bertha Loran. O grupo embarca no embate divertido entre o patriarca judeu e a matriarca umbandista sobre o controle dos filhos. Eles constroem uma história com comédia, drama, romance e questões sociais importantes.

“É de convivência entre a diversidade, aqui representada na liberdade religiosa, e de exercer a sua fé. Eu acho que a gente vive em um momento com muita intolerância, então através do humor, da intolerância, e que quando as pessoas assistirem e verem os personagens elas conseguirem ver o quanto é importante a gente em um estado laico conviver com as diversas religiões que fazem parte da nossa brasilidade”, acredita Fioratti.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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