CINEMA
Filme que nenhum dos Beatles gostou chega à Disney+
Filme é dirigido por Michael Lindsay-Hogg
Por Da Redação
O relançamento de "Let It Be" em versão restaurada no Disney +, depois de 40 anos sem distribuição na mídia, pode parecer um exagero. Afinal, das imagens gravadas para esse filme dirigido por Michael Lindsay-Hogg saíram as oito horas de "The Beatles: Get Back", o outro documentário já lançado na mesma plataforma de streaming.
Segundo o Splash Uol, a maratona de "Get Back" editada por Peter Jackson ("O Senhor dos Anéis") utiliza apenas imagens captadas por Lindsay-Hogg. Na verdade, não são filmes concorrentes, mas complementares, por causa das intenções diferentes dos dois cineastas.
O objetivo das gravações de Jackson foi extrair momentos que mostrassem o relacionamento entre os quatro Beatles, com foco na amizade e no desgaste de uma década de convivência em pleno olho do furacão pop.
Já Lindsay-Hogg estava mesmo preocupado em documentar a gravação do álbum "Let It Be", o último trabalho da banda no estúdio, gravado em 1969 (com exceção de sessões complementares em fevereiro de 1970, sem a presença de John Lennon). O personagem de "Let It Be" é o disco, não os artistas.
Ainda segundo o Splash, é preciso destacar também que Jackson construiu sua versão sentado tranquilamente na mesa de edição, sem pressão. Lindsay-Hogg estava lá, inserido num ambiente tumultuado, perdendo uma batalha pessoal. Ele era um entusiasta do projeto de um show dos Beatles que seria gravado em um teatro para 2.000 pessoas, em Trípoli, na Líbia.
Apesar da insistência do diretor na proposta absurda, a ideia foi arquivada e os Beatles realizaram o mais do que famoso show no alto do prédio da Apple, gravadora do grupo. Além disso, o cineasta sofria críticas abertas dos integrantes, principalmente de George Harrison.
Nenhum Beatle apareceu no pré-estreia, em maio de 1970, pouco tempo depois do anúncio oficial da separação. A tristeza generalizada entre os fãs certamente prejudicou o fluxo aos cinemas. Tanta aversão, não aliviada com o Oscar vencido na categoria Melhor Trilha Sonora, levou o filme ao ostracismo, como afirma a Splash.
Quem já viu o filme alguma vez, circulando em cópias piratas, certamente contemplou imagens muito mais granuladas do que as disponíveis agora. Elas foram rodadas em 16 mm e depois modificadas para 35 mm visando a exibição nos cinemas. A tecnologia atual deixou as imagens estalando de novas, o que já seria suficiente para assistir ao filme.
"Let It Be" é um filme agradável, mas falhas existem. Falta contextualização, não há a mínima preocupação de explicar o que os músicos estão fazendo a cada sequência. É preciso conhecer a biografia da banda para saber que a ideia inicial era gravar um especial de TV e mostrá-los nos bastidores, proposta depois abortada.
Agora, 54 anos depois, é só outra ótima fonte de pesquisa para conhecer de perto como a banda mais influente da história do pop se comportava no estúdio. Mesmo que traga isso num momento extremamente delicado para todos.
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