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Filme sobre sons de Walter Smetak é destaque no Festival In-Edit, em Salvador
Por Rafael Carvalho | Especial para A TARDE
A maior compensação de um filme sobre um artista arrojado e inventivo – e o cinema brasileiro tem feito muitas obras sobre nossos gênios musicais – é quando ele busca acompanhar, em sua forma, seu trabalho. Smetak é um desses filmes, muito interessado em uma pesquisa de linguagem, assim como Walter Smetak estava interessado em buscar uma sonoridade muito particular a partir dos estudos e experimentos sobre som e musicalidade.
O filme fez sua estreia simultaneamente no festival Olhar de Cinema (numa mostra dedicada a trabalhos de proposta estética mais radical) e no festival In-Edit, em São Paulo, dedicado a documentários musicais. Agora, o filme será exibido em Salvador na edição soteropolitana do In-Edit, que acontece de 3 a 8 de julho na Sala Walter da Silveira.
Dirigido a seis mãos por Mateus Dantas, Simone Dourado e Nicolas Hallet, todos ligados, de alguma forma, com música e trabalhos com som no cinema, o filme parte mesmo de pesquisa sobre a sonoridade e o trabalho de busca que ele empreendeu em toda sua vida.
O nome de Smetak está associado à cultura baiana porque, tendo nascido na Suíça, foi em Salvador que ele viveu grande parte de sua vida e desenvolveu todo um trabalho como músico, compositor, inventor de instrumentos musicais. Depois de passar por Porto Alegre e Rio de Janeiro, veio para a Bahia a fim de dar aulas nos Seminários Livres de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e foi grande influenciador do movimento tropicalista.
Homem icônico
“Smetak é uma figura folclórica na Bahia, desde criança a gente ouve o nome dele. É uma figura curiosa, que fazia loucuras, mas ninguém sabe se aprofundar mais sobre seu trabalho”, explicou Simone ao apresentar o filme no festival.
Smetak, porém, é um filme longe do didatismo e da cinebiografia convencional a tentar dar conta da vida e obra do artista. Antes disso, busca apresentar e desvendar um pouco do trabalho investigativo e autoral que ele fazia a partir de uma invenção estética que se costura no próprio filme.
Às entrevistas com pessoas que conviveram com ele ou que o conheceram mais de perto, tais como Rogério Duarte, somam-se no filme uma série de outros registros, como intervenções experimentais, projeções de entrevistas, imagens de arquivo.
E, claro, um passeio ensaístico pela dimensão sonora, pelos ruídos e texturas de som que são a base da investigação profunda que Smetak realizou em vida. Como afirma Gilberto Gil, em registro resgatado pelo filme, ele produzia uma verdadeira “alquimia sonora”.
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