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Hebe empoderada contra a censura
Por Jefferson Domingos | Foto: Divulgação

Quem for ao cinema para assistir Hebe - A estrela do Brasil, pensando que vai acompanhar uma leitura linear da trajetória da artista (da infância até a morte, em 2012), está enganado. Desde o início, o longa parte com Hebe (Andréa Beltrão) no auge da carreira, na década de 1980.
Beirando os 60 anos de idade e com mais de 40 como animadora de programas, ela tinha coragem suficiente para bater de frente com aqueles que queriam intimidá-la. Deste modo, o diretor Maurício Farias e a roteirista Carolina Kotscho apostaram em representar Hebe como uma mulher destemida, que corria risco de prisão, mas que enfrentava a censura sem medo e ousava levar travestis ao sofá de seu adorado programa, no período que o conservadorismo não permitia nenhum manifesto LGBT.
Era o resquício da ditadura no país, que agia de forma discreta nos bastidores. Fora do cunho político, há algumas partes interessantes, como a sequência em que ela escolhe seu novo cenário no SBT e o encontro com outras figuras do imaginário popular como Roberto Carlos (Felipe Rocha) e Dercy Gonçalves (Stella Miranda).
Das personificações, somente Daniel Boaventura mostrou-se deslocado como Sílvio Santos, talvez por possuir porte físico e voz diferentes do apresentador. Das cenas que mostram Hebe em família, o que mais chama atenção são os momentos em que ela sofria com o machismo, as agressões e o ciúme excessivo de seu segundo marido, Lélio Ravagnani (Marco Ricco).
Mas é a atuação de Andréa Beltrão que mais se destaca. A atriz não faz questão de compor uma personagem caricata, com excessos de bordões e gestos, nem forçar demais o sotaque. Ainda assim, é uma grande representação de Hebe.
Hebe - A estrela do Brasil já está em cartaz nos cinemas de Salvador. Clique aqui para conferir os horários e salas disponíveis.
Minissérie tem data de estreia
Quem se interessou pela história da “Gracinha” poderá acompanhar mais na minissérie "Hebe", com previsão de estreia no dia 6 de janeiro, na Globo, emissora na qual a artista havia dito que não trabalharia “por medo de censura”. A produção é um desdobramento do filme, porém, com um material mais extenso.
Se no longa há o recorte da trajetória de Hebe a partir dos anos 1980, quando ela trocou a Bandeirantes pelo SBT, a série promete viajar em praticamente toda a vida dela, desde o início, como cantora, passando pelo rádio, até a chegada à TV, com desfecho na morte, aos 83 anos, em 2012, após lutar por dois anos contra um câncer.
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