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06/07/2020 às 19:57 | Autor: AFP

CINEINSITE

"Il Maestro" Ennio Morricone morre aos 91 anos

Músico compôs quase 500 trilhas sonoras, incluindo temas inesquecíveis como o assovio de "Três Homens em Conflito" (1966) | Foto: Robyn Beck | AFP
Músico compôs quase 500 trilhas sonoras, incluindo temas inesquecíveis como o assovio de "Três Homens em Conflito" (1966) | Foto: Robyn Beck | AFP -

O célebre compositor italiano Ennio Morricone, autor de trilhas sonoras de filmes aclamados e vencedor de dois Oscars, faleceu em Roma, nesta segunda-feira (6), aos 91 anos.

Morricone estava hospitalizado em uma clínica de Roma após sofrer uma queda, na qual fraturou o fêmur.

"Il Maestro", como era chamado na Itália, faleceu em 6 de julho "reconfortado pela fé", afirma em um comunicado o advogado e amigo da família Giorgio Assuma.

Ele permaneceu "totalmente lúcido e com uma grande dignidade até o último momento", completa o comunicado.

O prolífico músico compôs quase 500 trilhas sonoras, incluindo temas inesquecíveis como o assovio de "Três Homens em Conflito" (1966), ou o magnífico solo de oboé de "A Missão" (1986). Tem o mérito de ser o autor de melodias que milhões de pessoas, cinéfilas ou não, conhecem ou sabem cantarolar.

Em 2016, venceu o Oscar pela trilha sonora do filme "Os Oito Odiados", de Quentin Tarantino. Em 2007, já havia recebido um Oscar honorário por sua abundante e elogiada carreira musical.

Há apenas alguns dias, Morricone foi anunciado o vencedor, ao lado do também compositor John Williams, do prêmio Princesa das Astúrias das Artes na Espanha.

A morte de um dos compositores mais amados da história do cinema provocou muitas reações em todo o mundo.

"Sempre nos recordaremos, e com um reconhecimento infinito do gênio artístico, do maestro Ennio Morricone. Nos fez sonhar, nos emocionou e fez pensar, escrevendo notas inesquecíveis que ficarão para sempre na história da música e do cinema", escreveu no Twitter o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.

"Era um mestre, sentia por ele amizade e admiração. Era um músico extraordinário não apenas pela trilha sonora de filmes, mas também por suas composições clássicas", afirmou em um comunicado o maestro italiano Riccardo Muti.

"Me fará muita falta como pessoa e como artista", completou.

- Funeral privado -

Ele deixa como legado composições inesquecíveis, como a trilha sonora de "A Missão" (1986) e de "Os Intocáveis (1987).

A morte de Morricone "nos priva de um artista distinto e genial", lamentou o presidente italiano Sergio Mattarella.

Seu relacionamento com o amigo de escola e diretor de cinema Sergio Leone marcou sua carreira brilhante. Mais tarde trabalhou com cineastas como Bernardo Bertolucci, Pedro Almodóvar e Roman Polanski, entre outros.

Morricone nasceu em 10 de dezembro de 1928 em Roma e começou a compor aos seis anos. Aos 10, foi matriculado em um curso de trompete da prestigiosa Academia Nacional Santa Cecília de Roma.

Também estudou composição, orquestra e órgão. Em 1961, aos 33 anos, estreou no cinema com a música de "O Fascista", de Luciano Salce.

Morricone ganhou fama em meados dos anos 1960, com as trilhas sonoras de westerns como "Por um Punhado de Dólares" e "Três Homens em Conflito".

Sua versatilidade permitiu que trabalhasse na música de filmes premiados e muito diferentes, incluindo "1900" (1976), "Cinema Paradiso" (1988), ou "o Homem das EstrelaS (1995).

"A música de 'A Missão' nasceu de uma obrigação. Tinha que escrever um solo oboé, se passava na América do Sul no século XVI, e tinha a obrigação de respeitar o tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha que compor uma música que também representasse os índios da região. Todas as obrigações me prendiam (...) Mas também fizeram com que saísse algo claro", recordou o compositor em uma entrevista à AFP em 2017.

Além das duas estatuetas do Oscar, Morricone também foi premiado com Globos de Ouro e Grammy, compôs óperas e canções para artistas pop, em uma prolongada carreira que encerrou de maneira brilhante em 2018 com uma turnê mundial de despedida.

Morricone também compôs para artistas como Paul Anka, Mina, Milva, Zucchero e Andrea Bocelli.

Seu funeral será organizado de forma privada para respeitar "o sentimento de humildade que sempre inspirou os demais", anunciou o advogado e amigo Assuma.

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