CINEINSITE
Inferno tem excesso de explicações e personagens ruins
Por Bruno Porciuncula

Vamos ser sinceros: quem sentiu falta do simbologista Robert Langdon no cinema, após os decepcionantes O Código da Vinci (2006) e Anjos e Demônios (no longiguo 2009)? Certo, deve ter um ou outro fã de Dan Brown (autor dos best sellers que originaram os filmes). Mas, até quem gostou de Inferno, vai se decepcionar com a adaptação cinematográfica homônima que já está nos cinemas de Salvador.
Tudo tem início com o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks) acordando em um hospital italiano com perda de memórias recentes após ser atingido por uma bala na cabeça. Ao ser perseguido por uma policial, ele só pode confiar em uma pessoa: a médica Sienna Brooks (Felicity Jones), que o ajuda a fugir.
Salvo, ele descobre um artefato que contém o quadro Inferno de Dante, do pintor Botticelli. A partir de um anagrama - letras embaralhadas que formam uma palavra - Langdon chega até a obra Divina Comédia, de Dante Aligheri, e ao plano de Bertrand Zobrist (Ben Foster) em diminuir o número da população terrestre.
Didático
O excesso de explicações, um dos defeitos dos livros de Brown, também atinge a versão cinematográfica de Inferno. É tanto diálogo explicativo - sem nem dar tempo para o público pensar um pouco nos enigmas e se divertir - que uma frase de um personagem resume bem as duas horas de projeção: "Você fala muito e então não tem nada a dizer".
O roteiro, escrito por David Koepp, é cheio de buracos para explicar - olha a palavrinha aí de novo - as reviravoltas da trama. E peca no principal, ao não revelar o que o vilão principal quer. Isso apenas quem leu o livro vai saber - aliás, o final do longa difere do da obra literária.
Delay
Também prejudica o tempo de lançamento entre o livro, de 2012, e a adaptação, que esfriou o interesse nas histórias do personagem, ainda mais com o segundo - e esquecível - filme tendo sido lançado há sete anos.
Tom Hanks até se esforça no papel de Langdon, o problema é que o personagem é raso como um pires, e poderia ser interpretado por qualquer ator, até Nicolas Cage.
O elenco conta ainda com Felicity Jones - do próximo Star Wars - e de Omar Sy, o ator francês de Intocáveis, que pouco podem fazer com personagens tão ruins como os que têm nas mãos. Nem o carisma dos dois salva.
Mais enigmas
E Robert Langdon já tem novos enigmas para decifrar - pelo menos na literatura. Dan Brown vai lançar Origin, novo livro protagonizado pelo professor de simbologia, em 2017.
A história ainda não foi revelada, mas a editora afirmou que Langdon vai ficar "entre as duas questões mais antigas da humanidade e a revelação chocante que contém a resposta". Preparem a paciência.
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