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CINEMA

Novo filme de cineasta baiano estreia nesta quinta-feira

O Rio do Desejo será transmitidos nas salas de cinema de Salvador e outras capitais

Por Eugênio Afonso

23/03/2023 - 6:30 h
Anaíra, personagem de Sophie Charlotte, se vê no centro de um drama passional
Anaíra, personagem de Sophie Charlotte, se vê no centro de um drama passional -

Ambientado em uma amazônia ribeirinha e profunda, O Rio do Desejo – mais novo trabalho do cineasta baiano Sérgio Machado (Cidade Baixa) –, apesar de filmado em 2019, estreia somente hoje, quatro anos depois, nas salas de cinema das principais capitais brasileiras.

Baseado no conto O Adeus do Comandante, do consagrado escritor manauara Milton Hatoum, que também assina o roteiro, o filme é um drama familiar sobre a história de três irmãos apaixonados pela mesma mulher.

Estrelado pelos globais Sophie Charlotte, Daniel de Oliveira, Gabriel Leone e Rômulo Braga, O Rio do Desejo foi todo rodado na cidade amazonense de Itacoatiara.

Em um bate-papo virtual com jornalistas de todo o País, no último dia 15 – com a presença de Sérgio Machado, Sophie, Rômulo, Gabriel, o escritor Milton Hatoum e os produtores Fabiano Gullane e Rodrigo Castellar –, o diretor disse que ficou encantado pelo conto de Hatoum e bastante satisfeito com a adaptação dele para as telas.

Machado lembrou ainda que, coincidência ou não, a trama tem alguma coisa a ver com Cidade Baixa (de 2005), porque também fala de homens que se apaixonam por uma mesma mulher.

“Não sei exatamente porque escrevo sobre isso. Não sei se é falta de imaginação (risos). Uma amiga disse que pode ser algo edipiano. Sinto que os personagens femininos que faço são sempre personagens brilhantes que trazem a luz, no sentido de liberdade, para o mundo masculino que é mais escuro e menos interessante”, pontua o diretor baiano.

Acolhimento local

Filmado em um cenário antagônico ao dos grandes centros urbanos, e mesmo com o calor inclemente e o excesso de mosquitos da região, todos foram unânimes em afirmar que a recepção ‘surreal’ da comunidade e a escolha do lugar foram fundamentais para que o longa pudesse ter a atmosfera desejada.

Sérgio, por exemplo, diz que nem lembra das picadas, mas que não se esquece da convivência agradável com toda a equipe de filmagem. “Foi incrível o processo. Foi uma onda fabulosa, daquelas raras”.

O ator Rômulo Braga acredita, inclusive, que se o diretor tivesse optado por outra locação, O Rio do Desejo não seria o mesmo filme.

“Não tem como não deixar o calor chegar. Não tem como não deixar aquela natureza entrar, e ela entra chutando a porta. A gente constrói aquele tempo, aquelas respirações de todos aqueles personagens justamente por causa daquele lugar, daquela geografia. A gente respirava, todo o tempo, aquele ar quente e úmido tão poderoso para a criação”, ressalta.

Gabriel Leone endossa o colega e garante que estar ali naquele ambiente e ter tido tempo de se entrosar com a cultura do lugar trouxe propriedade para a trama.

“O ir e vir naquelas ruas, de alguma forma, trouxe uma sensação de pertencimento daquele lugar, que foi fundamental para contar a história”, observa o ator.

Para Sophie, além da oportunidade de poder filmar, tanto com Daniel – seu marido também na vida real – quanto com Gabriel e Rômulo, interpretar Anaíra significou poder falar de afetos sem julgamento ou falso moralismo.

“Sou muito grata aos meus parceiros de cena por poder viver essa experiência em segurança e dar voz à Anaíra. Fui muito feliz na feitura desse filme. A possibilidade de poder falar de questões humanas, sobre o feminino, liberdade, amor e desejo de um outro jeito é muito importante. Só a arte para permitir desfazer qualquer viés moralista. Foi tudo muito forte, muito vibrante”, comenta, entusiasmada, a atriz.

Ela afirma que a personagem foi construída de forma física mesmo, como se tivesse sido moldada em barro. “Poderia ser muito opressor uma mulher desejada por três homens. O cinema do Sérgio, neste filme, quis justamente criar uma Anaíra como um portal de um feminino que deseja livremente”, acrescenta.

Inclusive, no longa biográfico Meu Nome é Gal – previsto para estrear em setembro próximo – Sophie também vive uma outra personagem forte no cinema, a cantora baiana Gal Costa.

“Fazendo um paralelo da Anaíra com a Gal, são expressões femininas, livres, luminosas e inteiras. Minha busca pessoal é a de me apropriar deste espaço que ocupo no mundo em que vivo, e essas vivências como personagens são portais para cada vez mais eu me entender também”, filosofa a atriz.

Sinopse sem spoiler

Ao se apaixonar pela jovem e sedutora Anaíra (Sophie Charlotte), o policial Dalberto (Daniel de Oliveira) decide mudar de profissão e passa a ser comandante de barco para transporte de passageiros. A partir daí, o casal vai viver às margens do Rio Negro, na mesma casa que Dalberto divide com os irmãos Armando (Gabriel Leone) e Dalmo (Rômulo Braga) – ambos solteiros.

Em determinado momento, Dalberto precisa fazer uma longa viagem a trabalho rio acima até Iquitos, no Peru, mas Anaíra não o acompanha.

Ela, então, passa a compartilhar a rotina com os cunhados enquanto aguarda a volta do amado.

Nem é preciso dizer que os irmãos se sentem atraídos por aquela mulher e que desejos proibidos começam a vir à tona. Enquanto Dalmo, o mais velho, luta para controlar esse sentimento, Armando, o caçula e mais destemido, se aproxima da cunhada a ponto deles se envolverem.

Na volta da viagem, Dalberto se depara com uma nova configuração familiar. A partir daí, a harmonia dos irmãos é posta à prova e contar o resto seria spoiler. Só uma ida ao cinema para desvendar.

O Rio do Desejo é uma produção da TC Filmes e Gullane, patrocinado pela Petrobras. Tem apoio da Ancine, patrocínio da Sabesp, por meio do Programa de Fomento ao Cinema Paulista do Governo do Estado de São Paulo, assim como fomento via ProAC LAB. E conta também com apoio do Projeto Paradiso.

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