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CINEMA

'Timidez' finaliza fase de filmagens; A TARDE traz detalhes do set

Filme é o primeiro longa-metragem de ficção de Susan Kalik e Thiago Gomes A TARDE

Por João Paulo Barreto | Especial A TARDE

11/04/2023 - 0:15 h
Dan Ferreira e Antônio Marcelo em cena durante as filmagens
Dan Ferreira e Antônio Marcelo em cena durante as filmagens -

A produção de Timidez, primeiro longa-metragem de ficção dirigido por Susan Kalik e Thiago Gomes, que acaba de encerrar as filmagens em Salvador e, agora, segue para a montagem e todo o processo pós set de gravação visando o lançamento para breve, representa uma nova fase para o Cinema Baiano.

Junto a outros projetos de longas atualmente em execução no estado, a retomada dos trabalhos dentro do audiovisual, neste 2023, a partir de verbas advindas do Edital Setorial de Audiovisual de 2019 - FSA, oriundo do Governo da Bahia e com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, foi comemorada com alivio, após anos de apreensão e dúvidas, por diversos realizadores, incluindo Susan e Thiago.

Experientes no fazer cinematográfico, a lista de projetos realizados por Susan e Thiago é grande. Com longas no formato de documentários e curtas tanto ficcionais, como Braseiro (2012), As Balas que Não Dei ao Meu Filho (2018) e Sobre Nossas Cabeças (2020), quanto com trabalhos abordando fatos reais em docs como Tudo Que Move (2014), Cores e Flores para Tita (2017), Bando - Um Filme de (2018), documentário co-dirigido por Thiago ao lado de Lázaro Ramos, e o média-metragem Do que Aprendi com Minhas Mais Velhas (2017), co-dirigido por Susan ao lado de Fernanda Júlia, a carreira do casal alcança, com Timidez, um plano traçado há um tempo: filmar um longa de ficção.

“É aquele momento que, para quem é cineasta, sempre é aquilo: 'Um longa de ficção! Uma hora vamos fazer! Vai chegar essa hora'! E a gente vai fazendo curtas, porque eu amo curta-metragem. Quero fazer curtas para sempre. Não quero parar. Mas meio que o curta é uma forma de a gente se alimentar para esse momento. Não dá para falar que não é. Ele é!”, salienta Thiago.

Susan explica que o transitar para o longa ficcional passou por uma adaptação técnica. “No documentário, a gente contempla muito. No teatro, a pessoa te dá. Em cena, a pessoa te dá. E aqui, a técnica passa por cima. Aí desce um boom (microfone), aí faz um chiadinho. A perfeição técnica vem como uma camada muito importante”, esclarece a roteirista e diretora.

“Eu ainda estou me adaptando com esse tempo e ritmo próprio que o cinema de ficção tem de: 'segura um pouquinho, repete de novo' e que, no documentário, acho que eu me realizava muito de ver fluir, de escutar a história, de ver a pessoa contar, de ver narrar, de ver o filme. Aqui, vamos vendo aos pedacinho e depois é que juntamos tudo”, pontua.

Neste aspecto de mesclas de experiências, Thiago complementa a fala de sua parceira profissional e de vida: “Como a gente trabalhava com curtas de ficção e longas documentários, essa experiência, ela meio que se mescla. E também o próprio documentário ele te alimenta na ficção. Teve um momento aqui no set em que eu falei: 'Gente, agora é hora do documentário. Não vamos ficar elaborando muito, não. Vamos captar essa cena'. Uma coisa vai alimentando a outra. A experiência enquanto documentarista alimenta essa relação. Porque o documentário é muito do ser humano”, diz.

Protagonistas

Timidez adapta para o cinema a peça teatral escrita por Cláudia Barral, O Cego e o Louco, e tem os atores Dan Ferreira e Antônio Marcelo como protagonistas. Ambos já trabalharam anteriormente com Thiago e Susan em curtas metragens e voltam para consolidar a parceria nessa adaptação escrita por Kalik, Barral e por Marcos Barbosa.

Na montagem original da peça, os protagonistas eram interpretados por atores brancos, sendo que, no texto para o cinema, a entrada de Dan Ferreira e Antônio Marcelo traz uma profundidade ainda maior à história daqueles dois irmãos confinados tanto mentalmente quanto fisicamente em um apartamento no qual objetos, traumas do passado e uma sufocante depressão ao ponto de uma explosão.

“Fico muito feliz de nesse roteiro, que foi escrito por uma mulher branca, que é a Cláudia, encenada por outros atores não negros, nós possamos, agora, potencializar vivências da nossa existência na sociedade a partir dele”, comemora Dan. “Susan traz, a partir daquelas perspectivas e daquelas questões dos personagens no texto original de O Cego e o Louco, questões muito latentes da vivência negra na sociedade e do ponto dessas violências e dessa estrutura racista, que é estrutural e estruturante", complementa.

Antônio Marcelo comenta, ainda, a ideia de desconstrução dos personagens e como essa abordagem é bem-vinda. “São dois homens negros ali discutindo. Então, não tem como a gente não pensar nas relações de afeto entre essas pessoas. Nós somos construídos historicamente para sermos agressivos, para sermos brutos. Se você colocar dois homens negros em cena, você tem que pensar nisso, tem que pensar nessa discussão que é necessária, também, hoje. Sobre masculinidade. Eu fico feliz, e aí também vem a confiança, porque eu sei que o que está em cena, o que vai para o corte final, é a minha história enquanto homem negro, sabe?”, reflete Antônio.

Longa espera

Conforme citado, o aguardado momento em que foi confirmada a verba via edital para financiamento do filme foi bastante comemorado. Mas a angústia da espera não passou incólume. “Esse projeto nasceu em 2014, antes de eu entrar. Era um projeto do Thiago, que já trabalha com o Marcos Barbosa e com a Cláudia Barral há um tempo. Em 2016, eu entrei como produtora. No que eu começo a estudar roteiro, começo a me dedicar mais à dramaturgia, mais à direção, em 2019, eu já me sentia com ousadia o suficiente para falar: 'Deixa eu entrar nesse projeto como roteirista e como diretora, também'”, relembra Susan, entre sorrisos.

“A última versão do roteiro junto com os autores é a que foi para o edital do setorial audiovisual em 2018. Ficamos na primeira suplência, desesperados. Acabou que o projeto subiu e foi aprovado. E aí, em 2019, foi aquela festa. Vai sair o filme! Vamos fazer o filme! Mas veio o governo Bolsonaro. Foram três anos de completo desespero, com a derrubada da Ancine, a derrubada do MinC. Toda a sabotagem cultural que a gente viveu. Tínhamos a certeza iminente de que nunca íamos receber a verba desse projeto. Que esse projeto não ia mais existir”, relembra Susan ao falar da fase próxima à tão aguardada liberação da verba.

Marcos Pieri, produtor do filme ao lado de Clélia Bessa, ambos da Raccord Produções, trouxe ao projeto de Timidez, junto a Clélia, uma parceria providencial para Susan e Thiago, que já tinham a própria produtora, a Modupé Produções, à frente da empreitada.

Pieri pontua: “Enquanto produtores, eu e Clélia nos encantamos com histórias que mostrem as realidades diversas do Brasil, que extrapolam as fronteiras do eixo RJ - SP e que exploram os dramas humanos comuns à grande parte da população, assim como em nosso longa anterior, Madalena, que mostra os dramas da comunidade LGBT no Centro-Oeste. Já em Timidez, a história dos irmãos Jonas e Nestor nos cativou por explorar não só uma Salvador menos 'turística' e mais realista, mas por, também. trazer camadas sociais para as diversas existências da cidade”, conclui.

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