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Atlas do Mar e Bioma Costeiro da Bahia

Depois de lançar os atlas eólico e solar, Bahia põe na ordem do dia o mapeamento de seu território molhado

Publicado quinta-feira, 23 de novembro de 2023 às 11:11 h | Autor: Eduardo Athayde*
Área de restauração
Área de restauração -

A Bahia é o único estado brasileiro com cinco biomas distintos: Cerrado, Semiárido, Mata Atlântica e mais os biomas Costeiro e Marinho. Com foco global apontado para tendências da bioeconomia, esses ativos naturais, que abundam nas terras baianas, passaram a ser valoráveis, precificáveis e 'monetizáveis', fazendo deste exótico ponto do planeta algo cada vez mais cobiçado por fundos interessados em investimentos baseados nos princípios da governança socioeconômica e ambiental, representados pela sigla ESG, onde a preservação é uma imperiosa necessidade. Enfatizamos ´socioeconômica´ como fidúcia, sem a dimensão econômica a sustentabilidade fica desequilibrada.

Além de quatro ricos biomas no ambiente terrestre, a Bahia detém também a maior área costeira do bioma marinho nacional, uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) conhecida como Amazônia Azul, e o maior litoral entre os estados brasileiros, com 46 municípios defrontantes ao mar e 1.605 km de costa, incluindo as reentrâncias da Baía de Camamu e da Baía de Todos os Santos, a maior do país - conhecida como Capital da Amazônia Azul.

Com todo esse potencial, o estado organizou os primeiros atlas eólico e solar, monitorando dados e publicando resultados nas localidades do território seco, visando a atração de investimentos para geração de riquezas, trabalhos e rendas novas. Faltava o atlas da área de influência do seu rico território molhado.

O Atlas Eólico da Bahia mostra a pujança na área. Hoje, o estado é líder na comercialização de leilões de energia eólica, com 292 usinas em operação, um investimento de R$ 38 bilhões, 2.824 GWh gerados em agosto de 2023, energia capaz de beneficiar 22 milhões de residências e 61 milhões de habitantes. Em construção estão 64 usinas, com investimento de R$ 15 bilhões, gerando 26 mil empregos. Aguardando licenças para construção estão 210 usinas, com 8,85 GW de potência outorgadas e investimento estimado em R$ 54 bilhões, que vão gerar mais 88 mil empregos, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).

O Atlas Solar da Bahia mostra os potenciais solarimétricos do estado. Com os melhores níveis de irradiação do país, apresenta a segunda maior geração total de energia solar do Brasil (depois do Piauí), por causa da sazonalidade da irradiação, correspondendo a 20,10% da geração nacional, segundo dados (2023) da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE. São 71 usinas solares em operação, investimento de R$ 8,57 bilhões, 386 GWh gerados em agosto de 2023, energia capaz de beneficiar 3 milhões de residências e 8 milhões de habitantes, gerando, durante a construção, 62 mil empregos. Em construção estão 7 usinas, com investimentos de R$ 1,26 bilhões e 11 mil empregos. Aguardando licenciamento, estão 547 usinas, com investimento de R$ 87,18 bilhões, e capacidade de gerar 727 mil empregos, segundo a SDE.

O Atlas do Mar e Bioma Costeiro da Bahia, tão necessário quanto os demais - tendo em vista que a Bahia gera cerca de R$ 80 bilhões por ano na chamada Economia do Mar, que envolve todos os bens, produtos e serviços gerados pelo homem no mar, ou por ele influenciados principalmente nos municípios costeiros (ora contabilizados de forma fragmentada) – está na ordem do dia.

O Planejamento Espacial Marinho (PEM), que ocorre no âmbito da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM), coordenado pela Marinha e apoiado pelo BNDES, com aporte inicial de R$ 45 milhões, servirá de base para o Atlas do Mar e Bioma Costeiro da Bahia.

Lançado pela Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia, em parceria com o Cimatec-Mar, em 16 de novembro do corrente ano, data comemorativa ao Dia Nacional da Amazônia Azul, o PEM é um processo de mapeamento, planejamento e distribuição espacial de atividades humanas em áreas marinhas, que inclui propostas de alocações de investimentos, incentivando a implantação através de políticas públicas e de gestão. Um avanço na governança e na gestão da Economia do Mar na Bahia.

*Eduardo Athayde é diretor da Rede WWI no Brasil e membro da Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia. [email protected]

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