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Geodiversa Bahia no palco mundial da mineração

Estado, que produz 54 tipos de substâncias minerárias, chama a atenção no exterior

Publicado sexta-feira, 08 de março de 2024 às 11:33 h | Atualizado em 08/03/2024, 11:42 | Autor: *Eduardo Athayde
Operando com inteligência nova na mineração, a Bahia já aprendeu que a ‘Licença Social’
Operando com inteligência nova na mineração, a Bahia já aprendeu que a ‘Licença Social’ -

Principal evento mundial de exploração mineral, a convenção anual do Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), realizada entre 3 e 6 de março, em Toronto (Canadá), reuniu cerca de 30 mil participantes de mais de 130 países para uma programação educacional, eventos de networking e oportunidades de negócios.

Desde que começou, em 1932, a convenção cresceu em tamanho e influência. Hoje, é o evento preferido da indústria mineral mundial, recebendo mais de 1,1 mil expositores e 700 palestrantes, sendo a principal voz da comunidade de exploração e desenvolvimento mineral, uma indústria que emprega mais de 660 mil profissionais. Atualmente, a organização tem mais de 7 mil membros em todo o mundo, apoiando um setor competitivo que precisa ser, cada vez mais, sustentável.

Transformado na capital mundial de investimento em mineração, pelo PDCA, o Canadá abriga mais da metade das sedes globais de empresas do setor, realizando o evento de 2024, acompanhado pelo WWI, em uma área de 55,7 mil m2 do Centro de Convenções de Toronto. “Após 92 anos, a Convenção anual do PDAC ainda é o evento cobiçado por líderes, empresas, executivos, representantes governamentais, estudantes, cientistas e qualquer pessoa envolvida ou interessada na exploração e desenvolvimento mineral”, afirma Raymond Goldie, presidente do PDAC.

Imagem ilustrativa da imagem Geodiversa Bahia no palco mundial da mineração

Representada no Canadá pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que hoje atua como um hub inovador e de fomento no setor, a Bahia destaca-se internacionalmente por ter uma das maiores geodiversidades do planeta e ser único estado brasileiro com cinco biomas distintos: Cerrado, Semiárido, Mata Atlântica e mais os biomas Costeiro e Marinho - conhecido como Amazônia Azul. Daí, ter relevo entre as entidades brasileiras presentes ao evento como Ministério de Minas e Energia, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e a Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (Adimb).

Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Bahia registrou a produção de 54 tipos de substâncias minerárias, caso único no País, sendo rica em minerais fundamentais para a transição energética, usados em turbinas eólicas e veículos elétricos. Elementos Terras Raras (ETR) figuram como fundamentais ao processo de transição energética, mas a abrangência é muito maior: um veículo elétrico precisa de seis vezes mais recursos minerais do que um veículo a combustão; uma usina eólica em terra requer nove vezes mais insumos minerais do que uma usina a gás. Se as turbinas eólicas forem instaladas no mar, a demanda por materiais será ainda maior, exigindo até três vezes mais cobre. Embora a energia limpa seja uma esperança para a descarbonização, implica no uso intensivo de minerais.

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Terceiro maior produtor mineral do país, a Bahia tem a única mina de vanádio da América Latina e a única de diamante na América do Sul; é o segundo estado do País em produção de grafita, quartzo e bentonita e guarda um segmento rochoso de cerca de 200 km com níquel-cobre-cobalto, ferro-titânio, vanádio, fosfato, grafita e terras raras. Investidores internacionais, ávidos por ricos pontos do planeta como este, sabem que, na nova visão, a exploração de minérios precisa incluir agregação local de valores, gerando riquezas, infraestruturas, educação, saúde e melhoria de qualidade de vida primeiro para a populações locais, nos municípios.

Logo depois do PDCA, em Toronto, o setor já aguarda a 17ª edição do Fórum OCDE sobre “Cadeias de Abastecimento Minerais Responsáveis”, de 21 a 24 de maio, em Paris (França), onde debates sobre produtos gerados por atividades mineradoras, base de diversas cadeias produtivas presentes em praticamente todas as coisas, envolvem coesão política nos cenários regulatórios, acordos entre governos e responsabilidades nas condutas empresariais.

Operando com inteligência nova na mineração, a Bahia já aprendeu que a ‘Licença Social’ – ágrafa e outorgada online pelas comunidades locais – talvez seja a mais cuidada entre todas as licenças exigidas, por interferir diretamente na reputação das empresas e dos fundos investidores, hoje majoritariamente alinhados globalmente aos seis ‘Princípios para Investimento Responsável’ [UNPRI.org], que tem ativos sob gestão com valor superior a cem trilhões de dólares.

*Eduardo Athayde é diretor do WWI - [email protected]

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