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04/11/2023 às 10:30 | Autor: João Paulo Guimarães Neto

AMAB EM FOCO

Cada um sabe onde o calo aperta!

Confira a coluna Amab em Foco desta sexta-feira

João Paulo Guimarães, juíz de direito e mediador
João Paulo Guimarães, juíz de direito e mediador -

A criança segue a decisão de seus guardiões. E quem são estes? Diriam: em regra, os adultos, mães, pais, entre outros. E quando a criança cresce e se torna adulto? Afirmariam: agora, tomará as próprias decisões, para si e seus filhos. Esse ciclo é natural, social, humano!

E de que modo a família dialoga? Como a minha família dialoga? Como a sua família dialoga? A vontade e a necessidade de todos são conhecidas?

É nesse passo que todos conhecem seu calo e onde ele aperta!

E quando os adultos da família, ou guardiães das crianças, discordam do que devem fazer? O que devem fazer? Diriam muitos, vou “levar pra Justiça”! Diriam outros, vamos conversar!

Alguns conseguem dialogar e, em relação a estes, ninguém, nem mesmo a Justiça, fica sabendo do que discordavam, ou mesmo qual foi a melhor decisão da família. E já não importa, pois escolheram suas decisões e encontraram uma forma de elas atenderem as necessidades de todos, da melhor maneira possível, conhecedores que são de seus calos e onde eles apertam.

Outros não conseguem dialogar. Alguns, nem querem mais se ver e seguem outros caminhos. A depender do imbróglio, basta um decidir sozinho e “levar pra Justiça”, na qual confia que seu direito seja garantido, como já o foi para muitos, e lá nas portas do Judiciário irão bater e resolver.

Podem, na porta dos inúmeros CEJUSCs – Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, instalados em diversas cidades baianas, encontrar um espaço que os acolham e se escutem, para buscarem a construção de boas soluções.

E qual será a melhor decisão? Como se constroem as decisões? Alguns afirmariam, as decisões judiciais são erigidas com base na Constituição Federal e nas Leis. Outros diriam, aqui em casa, nos ouvimos e, sabendo o que queremos e precisamos, construímos nossa decisão, com base em nossas capacidades e possibilidades. Qual dessas decisões é tomada pela família? Qual delas é realizada por outros, não integrantes da família? Todos sabem.

Afinal, na Lei encontramos as fórmulas exatas de como viver bem em família? Conhecer as Leis nos leva, inevitavelmente, a tomar as melhores decisões familiares?

Vale atentar que, mesmo após a decisão judicial, construída com base nas leis e provas do processo, as ordens dali emanadas serão, ou não, cumpridas pelos membros da família. E agora? Será que apertará o calo? Será que, se precisarem, haverá diálogo, ou outro processo judicial, agora já de cumprimento das ordens da decisão judicial?

Enfim, o que precisamos para construir nossas decisões familiares? Com quais palavras, gestos e atitudes construímos nossas melhores decisões em família?

Quando sequer havia o Poder Judiciário, ou mesmo o Estado que conhecemos hoje, as coletividades, comunidades, famílias e afins enfrentavam momentos em que tinham que decidir sobre algo que nem todos concordavam. Superando as fases e espaços bárbaros, muitas decisões passaram a ser construídas utilizando a experiência e o diálogo. As melhores eram voltadas ao contentamento de todos, para além da boa barganha.

Exemplo disto, o Povo Maori, da Nova Zelândia, com suas conferências familiares, notadamente nas abordagens em questões na área penal, entendendo a transcendência dos efeitos do crime, para além da vítima e ofensor, afetando toda Comunidade, como um arranhão na coletividade, cabendo à própria sociedade a responsabilidade de restabelecer as relações, a partir da reflexão, com ampla participação e integração de toda comunidade, inclusive com eventual reparação de prejuízos.

Quando já somos “crescidinhos”, como cantaria Raul Seixas, escolhemos o nosso sapato e andamos do jeito que gostamos. Nesse passo, são indispensáveis o respeito mútuo, a cooperação e corresponsabilização - gerados por uma melhor escuta sobre as necessidades e possibilidades de todos os integrantes da família -, a fim de serem encontrados os melhores caminhos para andarmos, sem apertar nosso calo.

Nessa busca pela avenida do diálogo, as famílias podem encontrar algum Mediador, que lhes entregue um espaço em que possam ser respeitados e escutados, para encontrarem o rumo pretendido e, por que não dizer, o sapato confortável, que não apertará seu pé.

Registre-se, as Mediadoras e os Mediadores merecem os melhores reconhecimentos no desempenho de seu ofício. A criação de um espaço de diálogo familiar é uma das tarefas mais relevantes para a nossa Comunidade, notadamente, quando há espaço e tempo para acolher a complexidade de tais relações familiares.

Outrossim, é preciso reconhecer que a diversidade de temas existentes e potenciais nas relações familiares é enorme, tal qual a sua capacidade de gerar soluções.

Sigamos, pois, aprimorando as diversas ações em constante aprendizado, aproveitando as formações e cursos promovidos pela UNICORP – Universidade Corporativa do Tribunal de Justiça da Bahia, EMAB – Escola de Magistrados da Bahia, NUPEMEC – Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do TJBA, entre outras qualificações disponíveis, a fim de alcançarmos a melhoria dos serviços, com aprimoramento profissional na Mediação, que desempenha honrosa função que, entre outras, acolhe nossa família.

É bom que se diga, tenho certeza que todos somos capazes de construir o nosso melhor caminho e encontrar as melhores decisões para nosso futuro!

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