ARTIGOS
Assassinatos nas rodovias do Brasil
Confira o artigo de Cicero G. de Sena Neto - Advogado, empresário, escritor
Por Cicero G. de Sena Neto
As cotidianas notícias de acidentes nas estradas do Brasil se tornaram tão rotineiras que a população, anestesiada, pouca atenção a elas dedica.
Não era para ser assim. Em 2023 foram em torno de 600 mil acidentes de trânsito (superado apenas pela China e Índia), com 33.743 mortes, número já ultrapassado em 2024. Para cada morte estima-se 10 feridos e mutilados, o que perfaz 340 mil pacientes ocupando leitos hospitalares.
No Brasil, apesar da população ser menor, o trânsito mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos e 3,7 vezes mais do que na União Europeia. É uma carnificina.
Além das famílias enlutadas e prejuízos materiais, estima-se em 21 bilhões de reais anuais as perdas econômicas das vidas perdidas. É incompreensível como a opinião pública não protesta de forma veemente.
Há mais preocupação em aperfeiçoar o sistema de cobrança de multas do que o sistema viário em um país continental sem opção de transporte por ferrovias ou hidrovias.
As duas principais rodovias do país – as BR 101 e 116 – têm, em quase toda a extensão, pista simples sem duplicação desde sua inauguração, há mais de 70 anos, quando o Brasil era rural e predominavam carroças e charretes.
A vinda para o Brasil de quase todas as marcas de carros do mundo modernizou nossa frota. Contudo, seja pela precariedade das rodovias e pela insegurança pública, os modernos carros circulam quase que inteiramente nos já congestionados centros urbanos, para desespero dos motoristas. Quando se arriscam nas rodovias, é prioritariamente em viagens diurnas, em razão dos assaltos cotidianos.
Mesmo as viagens diurnas são cercadas de extremo estresse, especialmente quando são realizadas nas BR 101 e 116, verdadeiros açougues humanos. Ambas atravessam o Estado da Bahia de norte a sul sem qualquer duplicação, mesmo nos trechos privatizados. O turismo intrarregional e negócios diversos são altamente prejudicados.
É inconcebível a miopia da imprensa em não pugnar por duplicação das pistas e a inércia governamental em agir cobrando do governo federal as respectivas privatizações com obrigatoriedade de duplicação.
É ridícula a última privatização parcial da BR 116 sem estipular duplicação imediata. Nossos gestores e encarregados de preparar as licitações das rodovias precisam viajar pelas estradas do Estado de São Paulo, dos USA e Europa para compreender o que é uma rodovia contemporânea, e não nos remeter para o milênio passado.
Com a palavra, nossos representantes na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional.
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