Editorial - Tesouro esportivo

A Travessia Mar Grande-Salvador sobe ao degrau mais alto do pódio de competições esportivas, em todas as dimensões nas quais se possa pensar.

No âmbito do desporto, em sentido específico, revela talentos, incentiva a prática da natação e quem dá suas braçadas, sai do mar campeão de si mesmo.

São 12 quilômetros e meio fluindo pela Baía de Todos-os-santos, portanto, cumpre também a prova a saudável tarefa de dar valor ao habitat original dos baianos, a “kirimurê” dos tupi – grande lago interior.

No transcurso do trajeto a nado, são quebrados todos os recordes de virtudes primordiais. A coordenação de braços e pernas tocando nas águas se faz acompanhar das instruções dos guias, prevalecendo o conhecimento.

Coragem não pode faltar para quem se joga numa empreitada na casa de Yemanjá, pelo panteão africano, ou Posídon, para o grego.

O amparo nos valores desportivos permite pensar a travessia como legatária baiana dos primeiros jogos de Olympia, oito séculos antes de Cristo.

Neste “mergulho”, a comunicação é mais um aspecto possível de fazer a comunidade orgulhar-se do certame promovido pela rádio A TARDE FM e o Grupo A TARDE.

Muito antes de se falar em “interatividade”, a redação do jornal já operava com esse conceito. E, assim, em 29 de dezembro de 1954, a página de esporte publicou o pioneiro desafio: “Quer fazer a travessia Mar Grande-Salvador?”.

O convite partiu de um morador do Alto da Sereia, no Rio Vermelho. O então aprendiz de eletricista Hylberto Barreto deu a ideia, mais em tom de bravata.

Sem ter noção de sua proeza, lançou uma das principais provas internacionais de águas abertas, hoje a mais antiga do mundo ainda em atividade. O desafio segue vivo, celebrando 70 anos de resistência, superação e emoção.

Encerrada a 55ª edição, pode-se começar, com orgulho, a planejar a próxima, sabendo tratar-se de proteger um tesouro pertencente à comunidade esportiva da Bahia.