A TARDE AGRO
Agricultores lucram até 70% com venda para a indústria de pneus
O Granulado Escuro Brasileiro é um produto de valor agregado produzindo a partir da seringueira
Por Inara Almeida*

O comércio de borracha por meio da Cooperativa dos Agricultores Familiares do Baixo Sul (Coopafbasul) acontece desde meados de 2011. Há cerca de três anos, no entanto, os cooperados deram um passo a mais e, através do apoio do Governo do Estado, passaram a garantir renda por meio da comercialização do Granulado Escuro Brasileiro (GEB), um composto feito da borracha retirada do látex da seringueira, que é transformado em pneu por parte da indústria pneumática.
Para os produtores, deixar de vender apenas o coágulo da borracha para negociar o Granulado Escuro Brasileiro foi uma virada de chave que promoveu transformações na vida financeira das famílias da agricultura familiar. O composto GEB da Cooperativa é vendido para a Bridgestone, empresa mundial de desenvolvimento de pneus.
“Não é mais o produto in natura, o GEB tem um valor agregado, então, isso muda a vida dos cooperados, de quem está envolvido no processo. O projeto fez com que conseguíssemos subir os preços, torná-los mais atrativos”, destaca Gileno dos Santos, diretor da Coopafbasul.
Roberto Santos Cruz, produtor de borracha, disse que nunca havia sonhado em vender tão bem quanto passou a vender desde a parceria com as indústrias. Segundo ele, seu lucro chegou a aumentar em 70% com a comercialização de GEB.
“Aqui a produtividade é baixa, mas, com o preço melhorado, devido ao comércio de GEB, passou a compensar. Essa foi a vantagem do projeto. Trouxe um excelente resultado”, afirma Roberto.
De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Rural Osni Cardoso, o incentivo à produção e comercialização do GEB é uma das iniciativas do estado para fortalecer a agricultura familiar na Bahia.
“Atualmente, há um mercado enorme a ser acessado, pois existem várias outras pneumáticas na Bahia que compram o GEB de outros estados, deixando de gerar empregos e fortalecer a nossa agricultura familiar”, pontua.
Crise da borracha
Apesar dos bons frutos colhidos pelos cooperados, a comercialização do GEB tem acompanhado a crise na cadeia produtiva da borracha este ano. Devido à deflação da borracha, a demanda do composto foi menor, o que fez com que alguns produtores fossem cortados do projeto.
Além da redução de cooperados, os preços despencaram: “Chegamos a vender de R$ 5,30 e, agora, devido à crise, está por R$ 2,90. Voltou ao preço que era antes”, declara Roberto
Este ano, portanto, outros produtos passaram a ser a principal fonte de renda de muitos agricultores da região. De acordo com o produtor Jorge Galdino, o comércio de GEB foi o que mais trouxe lucro no ano passado. Este ano, no entanto, o plantio de cacau é o que tem ‘segurado as pontas’ da sua vida financeira.
O mesmo acontece em relação às propriedades de Roberto, que também é produtor de cacau. “A minha renda principal era a borracha, mas, hoje em dia, é o cacau. Quando caiu a demanda do GEB, perdemos cerca de 40% da produção”, diz o produtor.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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