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Dicas para não perder dinheiro na compra do carro

Fuja do financiamento, faça pesquisa, escolha modelos de baixo consumo de combustível e bom valor de revenda

Publicado quarta-feira, 23 de março de 2022 às 06:07 h | Autor: Núbia Cristina
No primeiro bimestre do ano, houve retração de 26,2% na venda de veículos
No primeiro bimestre do ano, houve retração de 26,2% na venda de veículos -

O aumento exponencial dos juros no País encarece o custo do financiamento, gerando impacto direto nas transações de compra e venda de carros. Com a alta de 1 ponto percentual, a Selic (taxa básica de juros) chega a 11,75% ao ano, maior patamar desde fevereiro de 2017. O Brasil tem hoje a segunda maior taxa de juros do mundo, num ranking de 40 países elaborado pela gestora de recursos Infinity Asset.

Com a nova elevação dos juros, o Brasil só perde para a Rússia - que hoje está em guerra com a Ucrânia e se tornou alvo de sanções econômicas, por ter invadido um país democrático. Antes da invasão, a Rússia tinha taxa básica de juros de 9,5%, mas o Banco Central russo elevou a taxa em mais de 10 pontos de uma só vez, numa tentativa de conter a rápida desvalorização do rublo após o início da guerra. No Brasil, mesmo sem guerra, as taxas de juros estão entre as maiores do mundo. Esse cenário levou às alturas o custo do financiamento, por isso os especialistas recomendam cautela e bom senso, para quem vai comprar carro agora.

Alternativa

“Se financiar um carro antes era caro, agora fica mais caro ainda. Portanto, se puder fugir dos financiamentos bancários, esse é um bom momento”, aconselha o doutor e mestre em Administração Eder Polizei, professor da Baiana Business School.  “A Selic no Brasil sempre foi uma das mais altas do mundo, e mais grave que a Selic são os impostos que incidem nos carros, principalmente o IPI”, destaca. 

“Uma saída, caso precise financiar, seria utilizar (mas repito, o ideal seria não fazer isso) os financiamentos que são operados pelos bancos das montadoras no Brasil, que tendem a ter juros menores, em relação à média de mercado, com prazos mais elásticos”, explica o administrador.

Em fevereiro, o governo federal reduziu o Imposto para Produtos Industrializados (IPI), que para os automóveis e comerciais leves foi de 18,5%, com diferentes alíquotas, de acordo com as categorias (diferenciadas pela capacidade cúbica do motor, a cilindrada). Mas nem todas as montadoras repassaram essa redução para o consumidor final. 

O economista e conselheiro do Corecon-BA, Edval Landulfo, também dá algumas dicas para quem vai comprar carro e não quer perder dinheiro. “Quem compra carro financiado vai pagar duas, três vezes o valor original do veículo. Então não pense apenas se a prestação vai caber no meu bolso, coloque tudo na planilha e faça as contas para saber quanto vai pagar pelo bem”. Ele lembra que no consórcio os juros são menores, mas nesse caso não há a posse imediata. “É preciso esperar para ser contemplado ou oferecer um sinal para receber o carro ou a carta de crédito”.

O economista afirma que o ideal é pagar à vista para obter descontos, ou vantagens como pagamento do IPVA, emplacamento etc. “Dar o carro como entrada em geral não é bom negócio, porque esse carro é avaliado por um valor menor, às vezes se perde de 3 a 5 mil reais”, ensina. “Não se pode perder dinheiro em um momento tão difícil. Melhor pagar o carro à vista ou dar uma entrada maior, para financiar o mínimo”, ressalta. 

Na mesma linha, o administrador Eder Polizei recomenda: “Dinheiro na mão é poder. Idealmente é fugir de financiamentos, consórcios e afins. Caso vá utilizar um carro usado na compra, melhor seria vender o carro usado antes e usar o dinheiro como alavanca na negociação com a concessionária”, orienta.

A economista e educadora financeira Laura Lavigne adverte que “a parcela do financiamento do carro não deve comprometer mais de 10% dos rendimentos”.  E é preciso colocar na planilha custos com IPVA, seguro, manutenção e combustível. “Se não for para uso comercial, o carro é uma despesa pessoal fixa e pesada, que pode se tornar um problema em tempos de inflação alta, como a que estamos vivendo”. 

Qual o primeiro cuidado que o consumidor deve ter ao decidir comprar um carro agora? Para Eder Polizei, é fundamental avaliar a relação custo-benefício, atrelada ao uso que se fará do carro. “Se o indivíduo for rodar menos do 10.000, 15.000 Km ao ano, uma saída muito interessante é fazer um leasing. As principais operadoras oferecem valores muito atrativos para esse perfil de usuário, com a vantagem de que no valor do leasing está incluído o seguro, manutenção e em alguns casos, outros serviços, como guincho e afins. Outra grande vantagem é ao final do leasing, o consumidor pode optar em comprar o carro pelo valor residual (com a vantagem de conhecer o histórico do carro) ou renovar o mesmo leasing por outro carro ou mesmo modelo zero Km”. 

“Mas se o indivíduo rodar menos de 5000 km por ano, nem valeria a pena comprar um carro. Nesse nível de uso, a utilização de taxi, Uber e similares, além de mais conveniente, é muito mais barato”, pondera. O economista Edval Landulfo tem a mesma opinião. “Há sete anos, eu não tenho carro, aqui em casa só quem tem carro é a esposa, porque ela precisa se locomover mais vezes para ir ao trabalho. É muito mais vantajoso usar transporte por aplicativo, e até Táxi, mesmo com o aumento do custo desses serviços, devido à alta no preço dos combustíveis. 

O economista lembra, ainda, que aplicar, investir, pode ser melhor que imobilizar capital. “Cerca de 90% do desejo da compra do carro estão ligados a aspectos comportamentais, algo do tipo: ‘eu mereço essa compra’. Mas a decisão da compra deve estar equilibrada entre razão e emoção. Ter a noção de que o gasto agora vai impactar no médio e longo prazo. Talvez não seja momento ideal para a compra do carro, zero ou seminovo. Se for possível, espera para ver se a indústria reduz suas margens para oferecer carros com preços melhores, aguarda a redução dos juros, para um menor custo do financiamento”, aconselha.  

“O carro usado valorizou muito acima de que qualquer rendimento em renda fixa e as pessoas têm aproveitado para vender, já que o custo de manutenção dele ficou bem elevado, sobretudo pelo preço do combustível. Tenho carro porque consigo manter esse conforto, apesar de já ter pensado em vender para usar mais o transporte por app”, pondera a economista Laura Lavigne.

E por fim, se depois de pensar sobre necessidade, forma de uso e relação custo-benefício, você sustentar a decisão de comprar um carro: “Calcule todos os custos da vida útil: desde os valores na compra como manutenções, seguro, economia de combustível etc. Mais uma vez, procure por modelos que garantam economia no consumo de combustível, alto valor de revenda e liquidez”, aconselha Eder Polizei. E ainda: faça pesquisa, negocie preço e melhores condições de pagamento.

Conselhos úteis

1 - Avalie custo-benefício

2 - Fuja do financiamento

3 - Faça pesquisa

4 - Negocie preço e condições de pagamento

5 - Venda seu seminovo antes e use o dinheiro para barganhar melhores condições

6 - Escolha modelos com alto valor de revenda

7 - Prefira carros com baixo consumo de combustível

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