AUTOS
Emergência climática no RS causa paradas em fábricas
GM mantém fechada a unidade de Gravataí, RS, ao passo que a Volkswagen vai recorrer às férias coletivas
Por Núbia Cristina
O fenômeno climático extremo que provoca chuvas intensas e enchentes no Rio Grande do Sul, gerando uma verdadeira catástrofe socioambiental, com 446 municípios atingidos, ao menos 148 mortes, 124 desaparecidos, 806 feridos e 76.884 pessoas em abrigos, começa a afetar a produção da indústria automobilística brasileira. A General Motors paralisou na semana passada as atividades da unidade industrial de Gravataí, município localizado a cerca de 30 quilômetros de Porto Alegre.
“Devido ao desastre ambiental que assola o Estado do Rio Grande do Sul, provocado pelas enchentes, a fábrica da GM em Gravataí (RS) permanecerá parada com days off até 17 de maio, como medida para priorizar a segurança dos seus empregados”, informou a GM em nota ao jornal A TARDE. Na unidade são produzidos Onix e Onix Plus, os dois modelos da marca mais vendidos no País.
As instalações da fábrica da GM em Gravataí não foram afetadas pelas chuvas, nem os veículos em estoque no pátio. Segundo agência Auto Data, a produção não foi retomada ainda devido a problemas logísticos. As chuvas e enchentes provocaram o bloqueio em muitas estradas, comprometendo o fornecimento de autopeças.
A montadora também estaria enfrentando problemas com aproximadamente 50 funcionários que tiveram suas casas atingidas pelas chuvas e que, segundo a empresa, estão recebendo o auxílio necessário.
Férias coletivas
As três fábricas de São Paulo, da Volkswagen, poderão entrar em férias coletivas a partir de 20 de maio. Anchieta e Taubaté devem ter a operação suspensa por até dez dias, ao passo que a unidade de São Carlos, onde a montadora produz motores, deverá paralisar por até onze dias. Segundo a Autodata, essa medida seria para prevenção de possíveis complicações no fornecimento de peças e componentes.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), na Região Sul estão instaladas doze fábricas automotivas de sete associadas e outras 540 de fornecedores, além de 680 concessionárias. O Estado do Rio Grande do Sul hoje representa 5% das vendas de veículos e 12% do faturamento do setor de autopeças. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, reconhece que diante desse cenário as montadoras terão de demandar mais esforço para superar os problemas de logística.
“Até esse momento, a produção da Nissan no Complexo Industrial de Resende, no estado do Rio de Janeiro, não foi afetada. Naturalmente, como todas as outras montadoras, nossas concessionárias do Rio Grande do Sul foram atingidas e isso impacta no funcionamento de várias delas, mas isso não é o foco agora. O compromisso principal da Nissan, neste momento, é com a segurança, saúde e bem-estar dos funcionários das suas concessionárias, seus familiares e a sociedade em geral do Rio Grande do Sul, temos de cuidar das pessoas, os negócios podem esperar”, informou a Nissan em nota ao A TARDE.
Ajuda humanitária
Além do esforço para solucionar os problemas logísticos e as estratégias para minimizar o impacto das perdas nas vendas no Rio Grande do Sul, que teve a rede de concessionárias afetada drasticamente, fabricantes estão envolvidos em campanhas de ajuda às vítimas da catástrofe ambiental.
A Nissan faz uma campanha de arrecadação de doações de seus funcionários em sua fábrica de Resende (RJ) e em seus escritórios do Rio, São Paulo e Curitiba. É responsável pela logística de entrega desses itens para instituições sociais e, principalmente, “a empresa vai contabilizar e doar o equivalente a duas vezes o valor de tudo o que for arrecadado nesta ação”, informou a assessoria de imprensa em nota.
“A Nissan está oferecendo todo o suporte possível para seus concessionários afetados no Rio Grande do Sul. Além disso, formou um comitê interno que está avaliando outras medidas para as próximas semanas”, explica a fabricante japonesa em nota.
A General Motors do Brasil informa que “a empresa tem trabalhado em conjunto com o Instituto GM e voluntários para apoiar empregados atingidos e a comunidade do Rio Grande do Sul, com doações financeiras, alimentos, itens de higiene, limpeza e roupas. Além disso, disponibilizamos veículos para atuar nas operações de resgate”, informa em nota.
Auto Shopping Itapoan lidera campanha de doações
O Auto Shopping Itapoan (ASI) iniciou em abril uma campanha para ajudar as vítimas das enchentes e tempestades no Rio Grande do Sul, e não tem data para encerrar a ação humanitária. A mobilização envolve o público interno (lojistas, vendedores e demais colaboradores) e externo (clientes e seguidores das redes sociais).
“Por meio das mídias sociais acionamos a nossa rede, para que trouxessem as doações, ao tempo em que buscamos uma organização séria que viabilizasse a entrega de nossa ajuda aos necessitados. Os itens solicitados são atualizados periodicamente em nossas redes sociais. Atualmente a maior necessidade é de roupa intima nova, fraldas infantis e geriátricas, vassoura, rodo, materiais hospitalares e analgésicos, antitérmicos e pomadas para assaduras, dentre outros”, explica a gerente geral do ASI, Daniela Peres.
O ponto de arrecadação funciona 24 horas, sete dias por semana. Para garantir que os donativos cheguem aos necessitados, o ASI fez algumas parcerias. “A transportadora GT Transportes está levando as doações e através da ONG Seja Semente fazendo a distribuição lá no Rio Grande do Sul”, explica Daniela. Toda semana os caminhões saem carregados e a primeira carga enviada saiu no dia 03/05.
Além de arrecadar e enviar as doações por meio de parcerias, o shopping de seminovos fez doação de “uma grande quantidade de kits de higiene e limpeza” com recursos próprios. “Não temos prazo para encerrar essa campanha, pois ainda existem muitas necessidades a serem supridas”, enfatiza a gerente. Ela está comovida com a adesão: “Chega a ser emocionante o envolvimento de todos, mesmo que seja com pouco, a grande maioria contribuiu e continua buscando formas de ajudar”.
“Trata-se de uma catástrofe sem precedentes em nosso país e todos precisam se mobilizar, ainda mais eu, gestora aqui e gaúcha, acompanhando muito de perto através de parentes e amigos que trazem a realidade vivida por eles, o chamado para contribuir e incentivar os demais, foi imediato”, explica. “Muito ainda tem a ser feito, pois as chuvas seguem e os danos são incalculáveis, tanto humanos quanto materiais. Seguimos com o apelo“.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes