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A gestão feminina global

Por Sergio Bitencourt*

31/03/2021 - 19:25 h | Atualizada em 31/03/2021 , 21:26

Em homenagem às Mulheres, dirijo-me aos homens...

Prezados companheiros de jornada, sendo absolutamente pragmático,com argumentos baseados em dados oficiais e atendo-me aos resultados socioeconômicos negativos, que foram gerados e efetivados, há séculos, ao longo da história da humanidade, os quais evidenciam e comprovam de forma bastante clara e óbvia, a inabilidade e a incompetência do gênero masculino na gestão global da humanidade.

Refiro-me ao insucesso por não conseguir realizar desde os primórdios e o que, ainda,determina (desde 1948!),o Artigo 1º, da Declaração dos Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”

Na prática, o artigo, leia-se um “Direito Humano”, determina que todos os coabitantes da Terra, nossa comum e única casa, vivam felizes por serem atendidos com o necessário para existir dignamente: Alimentação, Saúde, Educação, Moradia e Segurança – tudo em sinergia com o meio ambiente e respeitando as diferenças e as idiossincrasias culturais, religiosas, étnico-raciais e de gênero.

Essa “gestão masculina”, que sempre foi (e ainda é) hermética, forçada e imposta, caracterizou-se por governos (e seus sistemas) machistas, patriarcais, misóginos e sexistas. Os homens sempre reinaram os impérios, sempre comandaram os exércitos, sempre ditaram os governos, sempre conduziram as economias, sempre impuseram os seus valores morais. Tudo isso, sempre buscando manter as Mulheres subjugadas, excluídas dos processos decisórios e dos poderes efetivos das pautas que conduzem e estruturam as sociedades.

Quais foram os resultados da odisséia da “gestão masculina” até aqui?

O planeta tem mais de 7,83 bilhões de habitantes, produz alimentos suficientes para 15 bilhões, contudo 690 milhões de seres humanos têm grande deficiência alimentar – somente em 2020, 122 milhões morreram. Os homens, com o seu instinto acumulador e egocêntrico de ser servido, promoveu uma absurda, vergonhosa e desumana concentração financeira, na qual 2.153 bilionários = 0,000027% da população mundial, têm mais riquezas do que 4,6 bilhões de pessoas = 60% da população – ainda, nesta pandemia os ricos ficaram mais ricos e os pobres, mais pobres; também dominadores e prepotentes, promoveram inúmeras guerras – somente nas duas mundiais, foram mais de 100 milhões de mortes, entre soldados e civis; indiferentes à empatia e à integração social, eles fizeram de lixão, a céu aberto, a nossa exuberante natureza, que já reage com mudanças climáticas devastadoras, causadas por imensuráveis emissões de poluentes no ar, no solo, no rio, no mar – com a fauna e a flora sendo dizimadas; perversos e covardes, eles insistem em enxergar e tratar as Mulheres com diversas desigualdades e desvantagens, como salários, 22% menores do que os deles e leis desfavoráveis – elas, ainda, continuam sendo absurdamente desrespeitadas, tolhidas e brutalmente assassinadas.

Sim, de fato, nessa “gestão masculino” (leia-se: machista, patriarcal, misógina e sexista) o mundo gerou muitas riquezas e se desenvolveu bastante tecnologicamente. Contudo você já teve a consciência e a dignidade de se perguntar: gerou muitas riquezas às custas de quem? Riquezas para quem?

Sabia que ainda hoje cerca 150 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza, miséria absoluta? Que 3,1 milhões de crianças morrem de fome anualmente? Que somente 2019, cerca de 243 milhões de mulheres e meninas sofrem violência física ou sexual? Que em 2018, no Brasil foram assassinadas 4.519 mulheres – uma a cada 2 horas?

Alguém se lembra de ter visto alguma mulher na gestão dos conflitos bélicos do Oriente Médio? São embates que nos remetem a tempos bíblicos. Confio que, se as MULHERES fossem as protagonistas desses diálogos e negociações, a exemplo da egípcia Nawal El Saadawi, elas já teriam resolvido há muito tempo ou, talvez, eles nunca tivessem existido. Com a sabedoria feminina, se elas entrassem para resolver, não dariam mais um tiro, nem haveria mais mortes; e, para celebrarem a paz e a comunhão, dançariam juntas, de mãos dadas, canções das culturas envolvidas.

A magnífica inteligência emocional feminina conduz para as Mulheres serem individualmente mais coletivas. De forma inata, trazem em seu âmago, um tanto dos instintos de compaixão e acolhimento; de inclusão e auxílio; de complacência e perdão. Têm outro grau de compreensão da vida, do justo, da paz e da relação humana. Possuem a capacidade divina de gerar em sua barriga novos corações. Oferecem em seu colo o conforto de um abraço que agasalha de afeto; e na voz, a serenidade, que acalenta e apazigua.

Em pleno ano 21, do século 21, você ainda acha que elas são frágeis e Incapazes? Lamentável, pária. Te darei alguns exemplos: atualmente aqui na Bahia, a pessoa mais ativa (de ativismo), mas retada (de retidão), o individuo mais “macho” do momento é uma MULHER, Daniela Mercury. Sobre a competência feminina?! Conheça Luiza Trajano, Ana Fontes, Camila Farani, Nathalia Arcuri, Madam C. J. Walker e Oprah Winfrey. A inteligência e a disciplina feminina?! No ENEM, 60% das inscrições são delas; nas redações, têm 60% das nota 1.000; já são maioria nas graduações e pós-graduações. A política feminina?! Analise as excelentes administradoras destes países-modelos: Jacinda Ardern / Nova Zelândia, Angela Merkel / Alemanha, Sanna Marin / Finlândia, Mette Frederiksen / Dinamarca. A honestidade feminina?! Mesmo sendo 51,7% da população brasileira, as presidiárias correspondem a cerca de 9% do total. Saliento que há diversos estudos que revelam existir menos corrupção nos ambientes em que há gestão feminina.

Sim, perfeitas elas não são. Ninguém é. Você não é. Claro que, como toda estatística, na história também existem os desvios-padrões. Mas, ainda assim, estamos no final da fila. Encare a realidade: elas estão além.

É certo, infelizmente, que, em todos os âmbitos sociais, existem pessoas maus-caracteres. Não seria exceção o feminino. Dentre elas, também existem as bons vivants, subservientes, preguiçosas e vagabundas – as que se limitam a ser somente uma “bunda”. Essas ainda não descobriram que o ideal e engrandecedor é não serem desejadas somente pela carne que têm, mas admiradas pelo que são e pelo que construíram com superações e conquistas.

Essas mulheres ainda não têm consciência da grandeza que representa o 8 de março – “Dia da Mulheres”. Que se trata de um registro histórico em homenagem à milhões de MULHERES, anônimas e famosas, que suportaram, resistiram ou lutaram dignamente por seus direitos. Deveriam saber que, para terem a conquista e a liberdade atuais – mesmo que ainda não sejam plenas – muitas já queimaram nas fogueiras das inquisições morais e sociais. Ainda não despertaram para o que é ser uma MULHER. Quando descobrirem, é certeza que não se arrependerão e nunca irão retroceder. Valorizem suas antepassadas!

Exemplos não lhes faltam. Espelhem-se perante MULHERES de grau – as que estão num degrau acima da média. Refiro-me às que são conscientes de sua representatividade em todos os âmbitos da sociedade, às trabalhadoras, às independentes, às autosuficientes – sem deixar de terem, independentemente do gênero, a feminilidade, a classe e o erotismo.

Verso mais por essas empoderadas, as que são protagonistas de suas vidas – e também para as que despertaram e já estão neste caminho sem volta – como missão dada a si mesma. Verso mais para as “maduras”, as “lobas” – independe da idade que tenham, pois percebo debutantes mais decididas e autênticas do que muitas sexagenárias.

Companheiros, por ser óbvio e justo o que verso, e contando com bom senso, racionalidade e humildade de todos, sugiro que ponham-se em seu lugar de homem respeitador, parceiro e/ou amigo, seja um incentivador e colaborador do empoderamento feminino pleno. Elas sabem o lugar delas: é onde quiserem. Elas sabem o que almejam – e exigem tudo que têm direito. Absolutamente tudo. Não pensem que são intempestivas - elas são as tempestades. Conforme Rita Lee musicou em Pagu: ”Eu sou pau pra toda obra. (...) Minha força não é bruta.” (...) Não sou freira, nem sou puta. (...) Sou mais macho que muito homem”. Mexeu com uma, tá mexendo com todas.

As sociedades hão que, tão e só, praticar a equidade dos direitos, a compreender e a ceder às demandas e a atender o que elas reivindicam – há milhares de anos.

Mas, relaxe. Sempre teremos nosso papel na sociedade, no trabalho, na família, na casa e nos corações delas. Não viva com a retrógrada ilusão de que ser homem bastaria. Conforme Pepeu Gomes nos ensina e dá exemplo ”Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino. Se Deus é menina e menino, sou masculino e feminino.” Isso é tão verdade que ele tem 6 filhos.

Então sugiro que (re)descubra o universo feminino. Aprenda a dançar a dois; ouça música Pagu; cuide e dê banho nos filhos; explore massagens nos pés e depois suba...; leia poesias (e artigos!); dialogue escutando mais; procure saber o que é Namasté e In Lakech... Aos entendidos, uma dica: elas têm dois clitóris – o segundo fica pelo ouvido.

Sim, com certeza, é possível termos um mundo melhor e mais justo para a humanidade, que se efetivará quando: as pessoas estiverem felizes por serem atendidas conforme o Artigo 1º supracitado, de forma aceitável; as economias forem inclusivas, equitativas e compensatórias; os governos, estadistas e humanistas; as sociedades, respeitosas com as diversidades étnico-culturais e ambientalmente sustentáveis; e as Mulheres, respeitadas como tal, e protagonistas das decisões institucionais.

Sim, já temos diversos exemplos: os 2 países onde a população é mais feliz no mundo, Finlândia (1º) e Dinamarca (3º), ambos são comandados por mulheres. Há que salientar que o Brasil possui um clima privilegiado, um solo com muito mais riquezas naturais e muita água – e, o mais importante, um povo trabalhador, solidário e agregador – ou seja, tem tudo para estar no topo dessa lista.

Acredito e torço para que, cada vez mais, a emancipação feminina chegue plena, com melhor brevidade possível. É para ontem (leia-se: milênios). Proponho que haja um imediato acordo geral e universal de todos (homens e mulheres), para que, desde já, seja promovido o empoderamento, a ascensão e o protagonismo das MULHERES para uma “Gestão Feminina Global”, até 2.100. Efetivado através da sua hegemonia quantitativa nas coordenações de cargos com poder de decisão – para todos os três setores da sociedade: Público, Privado e Organizações Sociais.

M. Gandhi, do grau da sua sabedoria, afirmou: ”Se pela força, queremos dizer força bruta, então, realmente, a mulher é menos brutal que o homem. Se pela força queremos dizer força moral, então a mulher é imensuravelmente superior ao homem… Se a não-violência é uma lei de nosso ser, o futuro depende da mulher”.

Prezadas Mulheres, em protesto e motivado por profunda vergonha alheia dessa “gestão masculina”, senti impulso em contribuir com reflexões sobre as suas milenares reivindicações, que são básicas, óbvias e simples. Fernando Pessoa diria: Compreendam, pois quem tem alma, não tem calma!

Portanto, dirijo-me, com gratidão à Deus – ao Criador – por conceder a todos a redentora sabedoria, dignidade, ética e resiliência feminina em nossa existência; e pelo privilégio de ser contemporâneo, além de algumas supracitadas, dessas MULHERES magníficas: Irmã Dulce; Mary Ruse (mãe); Mayara Padrão; Simone de Beauvoir; Clarice Lispector; Mãe Menininha do Gantois; Kamala Harris; Malala Yousafzai; Greta Thunberg; Leana Mattei; Marielle Presente...

Todas MULHERES PHODA – Positivas, Honestas, Organizadas, Determinadas e Altruístas!

Imagem ilustrativa da imagem A gestão feminina global
| Foto: divulgação
Sergio Bitencourt

*Sergio Bitencourt é escritor e autor do livreto/ebook Tetralogia Evolução em Exércio. Instagram: @Serginho_Bitencourt

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