SALVADOR
A história de Salvador do alto de seus faróis
Por Bruna Hercog, do A Tarde
Em um domingo de verão, eles se conheceram. Foi no Farol de Itapuã que o romance começou. Dez anos se passaram, e a construção continua sendo a maior testemunha da história de amor entre a faturista Simone Ramiro e o caminhoneiro Jorge Luiz Machado. No celular da moça, a foto do farol ganha destaque.“É para dar sorte!”, revela.
Todos os domingos, Simone e Jorge vão à Praia do Farol, “para namorar um pouquinho e tomar umas cervejinhas”, diz ele. Próximos ao casal, o financista carioca Marcos Araújo e a advogada baiana Adriana Freire aproveitam a grande sombra que o farol estende na areia da praia. “Não sei exatamente para que ele serve. Para os casais, a melhor função é essa sombra gostosa aqui”, brinca Adriana.
Os casais podem até não saber a função desses equipamentos, mas, com certeza, quem precisa de orientação marítima sabe. É o papel desempenhado até hoje pelos três faróis de Salvador: o de Santo Antônio – batizado como Farol da Barra –, o de Monte Serrat e o de Itapuã. “A idéia é que os faróis possam ser avistados e reconhecidos pelos navegadores durante o dia e tenham alcance luminoso suficiente para orientar a navegação noturna”, explica o comandante José Guilherme Thomy, coordenador do Serviço de Sinalização Náutica do 2º Comando do Distrito Naval.
Cabe à Marinha do Brasil implementar, operar e manter sinais de auxílio à navegação (faróis, faroletes, balizas e bóias). Os faróis foram construídos em pontos estratégicos do litoral. A Bahia tem 30 faróis, e no Brasil são 213.
Santo Antônio – Com imponência, o Farol de Santo Antônio ou Farol da Barra – o maior do continente americano – orienta o acesso dos navegantes à Baía de Todos os Santos há 311 anos e encanta turistas. “É a primeira vez que venho aqui. O farol é lindíssimo, e a história bem interessante”, diz a mineira Lêda Ferraz.
Quem é “de casa” também admira o patrimônio histórico brasileiro. “Sempre o achei muito bonito, mas não conhecia sua história. Hoje, eu a conto para os visitantes”, diz Marcelo Reis, monitor do Museu Náutico da Bahia, na parte interna da edificação, onde está a história do farol. Com a orientação de Reis, a reportagem de A TARDE foi à torre do farol, o que é proibido aos visitantes, por motivo de segurança. Mas, segundo o comandante Thomy, será liberado o acesso, no segundo semestre deste ano, a todos os visitantes que desejarem apreciar a vista do alto da construção.
Cidade Baixa – De menor porte, nem por isso menos imponente, o Farol de Monte Serrat – na Ponta de Monte Serrat, na Cidade Baixa – também tem muita história para contar, apesar de pouco procurado pelos turistas. A estrutura é em ferro, com altura de 10 m e alcance luminoso de 11 milhas, aproximadamente 20 km.
No verão, é comum encontrar moradores de bairros próximos, como Boa Viagem e Ribeira, em seu redor. Vale tudo: encontros amorosos, passeio com o cachorro, bate-papo entre amigos. Vale até pedir paz para o ano recém-chegado, como fizeram as amigas Araildes Amazonas, 77 anos, e Aline Freitas, 68 anos. “Olhando o farol, a gente fica mais perto de Deus”, acredita Aline. SERVIÇO | Apenas o Farol da Barra é aberto à visitação | Funcionamento: terça a domingo, das 8h30 às 19h | R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
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