SALVADOR
A noitada é colorida nas baladas GLS
Por Vítor Rocha, do A Tarde
O Carnaval acabou, mas a alegria não foge de Salvador e continua especialmente colorida em três locais destinados ao público de gays, lésbicas e simpatizantes. Malhados, fortões, frágeis ou afetados, os gays se misturam com as lésbicas de cabelo curtinho, patricinhas e até as apelidadas de “biscate caminhão”, bem ao estilo Cassia Eller. Os simpatizantes também aparecem, em momentos de soltura.
Eles podem se liberar e curtir com muito conforto um roteiro que começa num restaurante, com a degustação de um crepe, passa por um barzinho, para esquentar as turbinas, e embalar de vez, até o amanhecer, numa boate situada no beco mais GLS da capital baiana. Nesta noite, Luiz Mott sorri de prazer: “A Bahia é gay”.
Para aguentar a balada com energia, a Touché Creperia, no Jardim Brasil, Barra, oferece crepes caprichados, doces ou salgados. Apesar de ser uma casa freqüentada por público diverso, os gays sempre estão presentes nas mesas de calçada.
Com a fome saciada, o destino é o Babalotim Lounge e Bar, numa esquina localizada no Largo Brigadeiro Faria Rocha, no Rio Vermelho. O lugar só vive cheio e as figuras transbordam para o meio da rua. Gente de todo tipo, das mais comportadas às mais atiradas.
Botocada – Logo se destaca o estudante de administração Harley Maia, bicha serelepe e posuda natural de Vitória da Conquista, mas moradora de Amsterdã, Holanda. Com uma taça de champagne na mão, ele esconde a idade, mas não esconde o recurso. “Olha aqui, a cara toda botocada, fofo. Para cada ruga um botox!”.
Harley freqüenta o bar com um grupo a-ni-ma-dér-ri-mo. Um dos amigos é o empresário Fabinho Mota, que sente falta de mais opções de espaços GLS e acha “jóia” o local. Já Juliana Marcarenhas é contrária à restrição do público. “Não gosto de me sentir pequena num lugar só para gays. Não sou nenhuma anormal, só estou amando”. Ao terminar de falar, chega sua parceira. “Vos apresento Ana Cláudia, vulgo Osvaldão”, gargalha o botocado Harley.
Ana Cláudia, Osvaldão ou simplesmente Osvaldo dos Santos é uma morena de pernão largo, short jeans curtinho, blusinha patricinha, aparelho nos dentes e voz suave. De onde vem o apelido?
Sorridentes e alegres, os amigos de Harley se despedem do barzinho e se dirigem ao beco da boate Off Club, na Barra, nada conhecido pelo nome oficial de Rua Dias D’Ávila. Ficam naquela troca de olhares onde gays dos mais malhados se agarram e se beijam até a festa acabar.
Aproximadamente à 1h da madrugada, eles decidem esquentar a noite de vez na já animada Off. O DJ André, residente da casa, embala house, electro e tribal, este último o gênero mais adorado pelo público. O ambiente é bem decorado, mas tirar foto nem pensar.
A galera curte a apresentação do gogoboy Henriques Nose, um dos poucos que se deixaram fotografar. Os mais reservados vão para o mezanino, onde se sentam em sofás ou se escoram em corrimão. A balada invade a madrugada e Harley segue animado: ”Eu tô jovem horrores, adorei“. É o botox da felicidade.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes