SALVADOR
Amigos e familiares se despedem de Ana Montenegro
Por JORNAL A TARDE
31/03/2006 - 0:00 h
Atualizado às 17h10 Kleyzer Seixas, Do A Tarde On Line A cerimônia de cremação da jornalista e militante política Ana Montenegro durou cerca de uma hora e terminou por volta das 17h desta sexta-feira, 31, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Familiares, amigos e políticos compareceram ao velório, na Câmara de Vereadores de Salvador, Praça da Sé. O corpo da ativista cearense - que morreu aos 90 anos e viveu as últimas quatro décadas na Bahia - seguiu da Câmara em direção ao cemitério às 15h30. A cremação do corpo acontece nas próximas 24 horas. Na capela do Jardim da Saudade cerca de 200 pessoas acompanharam a despedida a Ana Montenegro. Amigos, companheiros de luta e familiares discursaram lembrando a vida, a luta política e em prol das mulheres, crianças e idosos. A cremação comoveu os presentes. Ana Montenegro, primeira brasileira a ser exilada pela ditadura militar e indicada ao Nobel da Paz de 2005, faleceu na noite de quinta-feira, 30, às 21h30, de falência múltipla dos órgãos no Insbot do Barbalho. Ela estava internada desde o último dia 7 na unidade médica por conta de uma infecção. Em fevereiro, se submeteu a uma cirurgia no fêmur. De acordo com a neta de Ana Montenegro, Sara Vitória, ela se recuperou bem da operação, mas já estava um pouco fragilizada devido à idade. Os parentes da militante pelos direitos da mulher chegaram por volta das 9 horas, à cerimônia na Câmara dos Vereadores. Os netos Uirá Carmo Menezes, René Pinheiro, e Sara Vitória foram os primeiros a chegar ao local. A única filha de Ana, Sônia Pinheiro, chegou por volta das 11 horas. Abalada com a morte da avó, com quem morava há mais de 10 anos na Praia do Flamengo, Sara Vitória falou sobre a importância de Ana Montenegro para o movimento de luta das mulheres. Cresci batalhando com ela, que sempre primou pela dignidade das mulheres e pela democracia. Minha ética e discernimento foram herdados dela, comentou. A amiga Maria Helena Souza Silva, superintendente das políticas para as mulheres do município de Salvador, também destacou a militância na área de direitos humanos e o pioneirismo de Ana, que foi a responsável pela fundação da União Democrática Feminina e a Federação das Mulheres na Bahia. Quem está envolvido na batalha pela democracia, conhece Ana, que foi precursora dessa luta, afirmou Maria Helena, que acompanha a militante desde 1964, quando voltou do exílio. Ela vai deixar uma grande saudade, mas também já estava bastante debilitada, completou. Autoridades também foram se despedir da ativista comunista, integrante do movimento das mulheres e advogada. O deputado federal Emiliano José (PT), o deputado estadual Colbert Martins (PPS) e a vereadora Olívia Santana (PC do B), o deputado federal Nelson Pellegrino (PT) e Fernando Santana (PPS) foram alguns dos políticos presentes. Carlos Augusto Marighella, filho do ativista político Carlos Marighella, morto em 1969, também esteve presente à cerimônia prestando as últimas homenagens a Ana Montenegro. Emiliano José, que dedicou o último capítulo do seu livro Galeria F- Lembranças do Mar Cinzento à militante, também lamentou a morte. Ana era uma mulher que acreditava na humanidade e que deixa para nós um legado de afirmação da vida. Um exemplo para todos nós.
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