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ANIVERSÁRIO DE SALVADOR

Acervos de museus revelam a história da capital baiana

Por Franco Adailton

28/03/2016 - 23:12 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
Museu da Misericórdia
Museu da Misericórdia -

Andar em meio às construções de arquitetura colonial, no Centro Histórico de Salvador, é como caminhar sobre as páginas de um livro aberto. Parte da história da capital baiana está "escondida" dentro dos museus, que reservam tesouros a serem descobertos por parcela dos soteropolitanos.

A poucos dias de a primeira capital do país completar 467 anos, A TARDE visitou algumas das instituições que abrigam um rico acervo de obras de arte em variados estilos, algumas delas produzidas ainda nos tempos do Brasil Colônia.

O primeiro deles é o Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia (Ufba), localizado na rua do Sodré, no bairro Dois de Julho. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 11h30 às 17h, onde é cobrado o ingresso no valor de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Com um acervo de mais de cinco mil peças dedicadas à cultura do catolicismo trazido pelos portugueses, o museu foi criado em 1959 e, hoje, funciona no imóvel da igreja e antigo convento de Santa Teresa de Ávila, uma construção do século XVII.

O espaço possui 12 coleções de obras de arte, somadas àquelas da Arquidiocese do Salvador, da Ufba, irmandades e igrejas da capital. Entre bustos, esculturas e pinturas, boa parte das peças foi confeccionada em ouro, prata, marfim, madeira, terracota e óleo sobre tela.

Imagem ilustrativa da imagem Acervos de museus revelam a história da capital baiana
| Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE

O Museu da Misericórdia foi fundado há 10 anos e possui acervo com 3.874 peças

Importância

"É um dos conjuntos mais importantes da arquitetura seiscentista brasileira, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1938. E um dos mais importantes museus de arte sacra da América Latina", frisa o diretor, o professor da Ufba Francisco Portugal.

Diante da vasta beleza das obras, algumas se destacam, como a escultura em madeira de Nossa Senhora das Maravilhas, trazida de Portugal no século XVI e revestida em prata na Bahia, que teria provocado o "estalo" que teria elevado padre Antônio Vieira à condição de maior orador do Brasil, à época.

Pintada em 1575 pelo jesuíta espanhol João de Mayorca, a imagem em óleo sobre tela de Nossa Senhora de São Lucas, pode ser a mais antiga tela existente no Brasil, suspeita Portugal. "Essa é uma obra produzida quando o país tinha apenas 75 anos de fundação", ele diz.

Várias obras produzidas por frei Agostinho da Piedade, monge beneditino que habitou o Mosteiro de São Bento, também compõem o acervo. Uma das que se ressaltam é a escultura em terracota de Nossa Senhora do Montesserrate, que integra a coleção de bustos e relicários do museu.

Radicada em Salvador há sete anos, a catarinense Maria das Graças Teixeira visitou o Museu de Arte Sacra pela primeira vez na última quinta-feira. Nesse período, a "demora" ocorreu, em parte, por conta do horário de funcionamento, assim como pelo fechamento do espaço para intervenções.

"Os museus de Salvador são maravilhosos, mas observo que têm pouca visitação, ao contrário do que ocorre com outras partes da cidade. Os horários também não ajudam a quem trabalha", analisa. "Penso que, além de faltar divulgação, as instituições precisam se abrir para eventos que tragam vida", sugeriu.

Tradição

Na Praça da Sé, o Museu da Misericórdia está abrigado em um palacete do século XVII, onde funcionou o primeiro hospital da cidade, implantado pela Santa Casa, há 467 anos, como parte do costume que a coroa portuguesa tinha de abrir instituições de saúde nas terras colonizadas.

Fundado há dez anos, o espaço está aberto à visitação pública de segunda a sexta, das 8h30 às 17h30; aos sábados, das 9h às 17h; e, nos feriados, das 13h às 17h. O valor dos ingressos para acessar as dependências do museu são R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia).

Em meio ao acervo de 3.874 peças, destacam-se a cadeira feita exclusivamente para a visita do imperador dom Pedro II; a escrivaninha em jacarandá do jurista Ruy Barbosa, ex-funcionário da Santa Casa; e o quadro do projetista Antônio de Lacerda, ex-mordomo da entidade, que deu nome ao elevador na Praça Municipal.

Além da arquitetura colonial, das peças do mobiliário antigo, esculturas, pinturas dos benfeitores donatários à Santa Casa, o museu dispõe de uma galeria só de telas com obras do pintor José Joaquim da Rocha, cuja obra mais famosa adorna o teto da Basílica da Conceição da Praia, no Comércio.

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