SALVADOR
Bicho geográfico se prolifera na areia de parques e praias
Por Euzeni Daltro | A TARDE
A comerciante Sílvia Araújo, 48, conta que, quando criança, teve “bicho geográfico”. “Começou com um caroço bem pequeno, mas que coçava muito. Eu não podia nem usar calçado e, por ter sido no dedão do pé, dificultou a identificação. Só foi possível saber do que se tratava quando a lesão já estava bem maior”, relata.
Conhecido popularmente como “bicho geográfico”, a larva migrans é um parasita encontrado no intestino de animais como cães e gatos e, em contato com a pele humana, causa lesões que podem desenvolver infecções. O nome mais comum faz referência ao formato que a lesão adquire, muito semelhante ao de um mapa.
A lesão começa com um caroço pequeno e vermelho e apresenta coceira, sobretudo durante a noite, quando a larva começa a se deslocar. Não é possível ver a larva, apenas os caminhos vermelhos em relevo deixados na pele. A dermatologista e chefe do setor de dermatologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vitória Regina Rego, alerta para os principais focos de contaminação. “A areia é a maior fonte de contaminação da larva migrans, pois o problema é quando as fezes estão misturadas com a terra e a pessoa não vê. As áreas que apresentam maior risco não são intra, mas extradomiciliares. São áreas de construção, terrenos, campos de futebol e a areia da praia, onde é muito comum”, aponta.
CUIDADOS – Vitória chama a atenção para o ato de coçar, que pode desenvolver infecções secundárias e, por consequência, haver necessidade de fazer uso de outros medicamentos, além dos específicos para o tratamento da lesão.
De acordo com ela, o “bicho geográfico” pode se manifestar em uma única lesão ou múltiplas lesões que se desenvolvem normalmente nos pés – área mais fácil de contaminar – e na região das nádegas, principalmente, em crianças que tendem a sentar na areia. Contudo, em pessoas que trabalham carregando sacos de areia, as lesões também podem aparecer nas costas.
Por estarem mais expostas, as crianças são os principais alvos da larva migrans. “O ideal seria que a criança não sentasse na areia e não andasse descalça, mas isso não existe”, afirma a dermatologista. Para quem tem cães e gatos em casa, a recomendação é manter a higiene do local.
No caso de apresentar os primeiros sintomas da larva migrans, a recomendação é procurar atendimento médico para que a lesão possa ser tratada com medicação específica, que é a mesma usada no tratamento contra verminose e pode ser obtida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
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