SALVADOR
Casal gay é indenizado por ter sido agredido
Por Ludmila Silveira

Vinte e cinco mil, novecentos e noventa e seis reais é o valor da indenização que deverá ser paga às duas jovens que foram agredidas fisicamente, em 2013, por um segurança do curso de idiomas Acbeu, na Vitória. A quantia será dividida entre elas.
A decisão foi proferida na quarta-feira, 4, em audiência no Fórum das Turmas Recursais, no Imbuí, atendendo à solicitação de indenização por danos morais.
A agressão aconteceu durante uma exposição na galeria do curso. A atriz Roberta Nascimento, 28, e a artista visual Talitha Andrade, 31 - que são namoradas -, teriam sido impedidas pelo segurança de entrar no sanitário feminino.

Em 2013, manifestantes protestaram contra a agressão na frente da Acbeu (Fernando Vivas l Ag. A TARDE)
A justificativa dele seria o fim do evento. Contudo, as jovens alegaram que outras mulheres haviam sido liberadas para usar o banheiro. Elas discutiram com o agressor e Roberta teve o rosto desfigurado por conta de um soco desferido por ele.
Durante a sessão, a atriz ficou emocionada ao relembrar o episódio. "Parece que vivi tudo novamente, mas estou aliviada. A justiça foi feita", desabafou.
Ela e a namorada saíram aplaudidas da sala. "Estava desanimada por conta da primeira sentença. O resultado de hoje (quarta-feira) me surpreendeu", disse Talitha.
Os desembargadores da 3ª turma recursal chegaram a ponderar que a agressão havia ocorrido por preconceito. Porém não constava nos autos nenhuma prova de que o caso tenha sido motivado por homofobia.
A advogada das jovens, Alessandra Sena, afirmou que, embora a questão da homofobia não tenha sido provada, o objetivo de reconhecer os danos morais sofridos por Roberta e Talitha foi alcançado.
A reportagem de A TARDE entrou em contato com a Acbeu, mas foi informada de que a assessoria de comunicação desconhecia o desfecho do caso. Um funcionário da instituição sugeriu que a reportagem volte a tentar novo contato hoje para obter um possível posicionamento.
Incentivo
"Foi uma vitória para o nosso grupo. A justiça tarda mas não falha", comemorou Sandra Muñoz, diretora de saúde do Movimento de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia.
Ela acompanhou o caso e torce para que a história de Roberta e Talitha sirva de exemplo para outras mulheres. "O ganho desta causa vai incentivar outras pessoas que já passaram por situações semelhantes e não acreditam que terão seus direitos garantidos".
Sandra disse, ainda, que a sentença decretada foi justa e que o olhar dos desembargadores (que votaram com unanimidade) sobre o caso - por abordar a questão do preconceito contra relações homoafetivas - pode significar um pequeno avanço na sociedade.
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