Cidade fez parte do caminho do imperador

A passagem de D. Pedro II (1825-1891) marcou a cidade de Nazaré. O município foi um dos primeiros a serem visitados pelo imperador em sua passagem pela Bahia. O roteiro fez parte da célebre viagem do casal imperial pelo Nordeste brasileiro entre os anos de 1859 e 1860, quando ele cruzou o País do Rio de Janeiro até a Paraíba, navegando inclusive pelo Rio São Francisco.

Detalhes sobre o passeio foram descritos pelo próprio em seu diário de viagem que foi transformado no livro Viagens pelo Brasil - Bahia, Sergipe e Alagoas - 1859 (editoras Letras&Expressões e Bom Texto). O imperador chegou a Jaguaripe no dia 3 de novembro daquele ano, depois de passar pela Ilha de Itaparica.

O lugar, segundo relato de D. Pedro, era “habitado por mais de duas mil almas”. Visitou a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, a matriz, e a cadeia onde viu os “retratos malfeitos a óleo de dom Pedro III, dom José, príncipe do Brasil, dona Maria I, rainha de Portugal, e de dom Pedro I”. Depois de subir o Rio Jaguaripe na embarcação Pirajá, chegou a Nazaré no mesmo dia.

ROTEIRO – Quem quiser seguir o mesmo roteiro feito por D. Pedro II deve visitar alguns prédios do centro histórico. Passe, por exemplo, pela Ponte da Conceição, citada por ele como “a melhor obra daqui”. Não era para menos os elogios do imperador pois fora concluída dois anos antes de sua chegada (em 1857). Não deixe de visitar a Igreja da Conceição, chamada de Capela Imperial porque ali foi realizado o te Deum (cânticos religiosos de ação feitos em latim) para homenageá-lo. Sobre a Ponte da Conceição têm-se a visão do prédio que abriga o Fórum Edgard Matta.

A edificação tem sua fachada voltada para o Rio Jaguaripe, de onde se avista a parte da cidade do outro lado do rio. O sobrado em estilo neoclássico é do século XIX e na época da visita do imperador ainda pertencia ao seu construtor, Joaquim Porfírio de Souza. Pela honraria de ter em casa hóspede tão nobre, foi agraciado com a comenda da Ordem de Cristo. O imperador ocupou um dos cômodos do solar em 3 de novembro de 1859, quando pernoitou na cidade.

Alguns anos mais tarde, quando já era propriedade de Apulcro Leony da Silva, que o denominou Vila Leonora, outro visitante ilustre, o jurista Ruy Barbosa, que esteve em Nazaré no dia 19 de dezembro de 1919, foi o hóspede famoso do solar. Depois de fazer parte do patrimônio da antiga Estrada de Ferro de Nazaré e ter sido sede da Rede Ferroviária Federal, e após mais um período de abandono, foi recuperado na década de 1970.

Destinado a servir de sede ao fórum da cidade, a nova inauguração aconteceu em dezembro de 1977. Outro monumento que fez parte do roteiro do imperador foi a Santa Casa de Misericórdia de Nazaré, que fica na estrada principal da cidade. Além de elogiar a capelinha de onde se tem a vista da cidade, ele relata informações que recebeu sobre a prosperidade do lugar após ter substituído a cultura da mandioca pela da cana-de-açúcar, embora tenha continuado a produzir a farinha.

Uma curiosidade do prédio é que sua arquitetura tem inspiração da arquitetura do prédio onde fica o Hospital Santa Izabel, coincidentemente instalado no bairro de Nazaré, em Salvador.