SALVADOR
Colégio Marista do Canela é vendido em sigilo
Por George Brito, do A TARDE
A venda do Colégio Marista do Canela foi confirmada nesta segunda-feira, 6, pela União Norte Brasileira de Educação e Cultura (Unbec), mantenedora de todas as unidades maristas do Brasil. O comprador, o valor da venda e o que será construído no local continuam em sigilo, por motivos contratuais, informou o advogado da entidade, Bernard Ribeiro.
Pais de alunos, estudantes e professores seguem indignados com a notícia do fechamento da escola para dezembro deste ano. Na manhã desta segunda-feira, eles fizeram caminhada pacífica da Rua Araújo Pinho ao Largo do Campo Grande, com retorno ao colégio, onde se reuniram no pátio e cantaram o Hino Nacional.
O advogado Bernard Ribeiro afirma que a transação foi fechada há menos de um mês e não em 2007, como havia sido divulgado, e que se trata de um grupo de investimento e não de uma única construtora. O valor (especulado em R$ 100 milhões) não seria “tudo isso que estão anunciando”. Ainda segundo Ribeiro, conforme contrato, é o próprio grupo de investimento que anunciará “em breve” o projeto, que ele disse já estar definido. O terreno ocupado pelo Marista, no Canela, tem 52 mil metros quadrados.
CLUBE – Ribeiro também afastou taxativamente a hipótese de que o comprador do colégio fosse a Construtora Merret, que construiu o Maristinhas, em Patamares, como circulou entre os professores. Outra informação que chegou aos pais de alunos e professores é que o colégio seria demolido para dar lugar a três torres residenciais de alto luxo. “Uma espécie de condomínio-clube”, afirmou o professor de filosofia do Marista, Rosival Carvalho. O advogado da Unbec não confirmou.
Na última sexta-feira, 3, chegava à caixa de entrada dos correios eletrônicos dos pais de alunos do Colégio Marista do Canela um “comunicado urgente” da Unbec, datado de 1º de outubro, anunciando o encerramento das atividades do colégio em dezembro de 2008. No mesmo dia, em reunião, a diretoria comunicava a venda do colégio aos professores e funcionários.
PATAMARES – No comunicado, a Unbec informa que, em 2002, sua direção decidiu por construir uma nova unidade, o colégio de Patamares, e desde então deliberou que “após construção e início de funcionamento da unidade de Patamares, as atividades do Colégio Marista de Salvador seriam encerradas”. O comunicado informa também que os alunos do Canela poderão ser recebidos desde que a transferência seja de interesse dos pais.
A notícia mobilizou alunos, pais, e professores, que formaram uma comissão para tratar do assunto. A comissão entrou em contato com o Ministério Público Estadual (MPE), enviou carta à Igreja Católica, no Vaticano, e pede posicionamento do cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Geraldo Majella.
Nesta terça-feira, 7, às 9h30, os professores voltam a se reunir no colégio. Nenhum dos 81 professores e 62 funcionários do colégio foram demitidos até agora e o ano letivo está garantido. “Mas estamos em condição de demissionários, porque não sabemos para onde vamos em 2009, se vamos ser aproveitados”, afirmou.
A preocupação dos pais é de não encontrar vagas em outras escolas e a frustração de ver um colégio secular fechar as portas e ser vendido, gera indignação e revolta. “Levamos uma rasteira”, reclamou Ana Melo, ex-estudante e mãe de aluno do Marista.
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