SALVADOR
Conheça mais sobre Manuel Faustino
Por Lucas Esteves
Manuel Faustino é um dos brasileiros que mais lutou pelo fim da escravidão, mas não goza da mesma fama no imaginário popular que seu colega mineiro Tiradentes. Nascido Manuel Faustino dos Santos Lira em 1775 no termo da Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, o filho de escrava de padre continuou como sua mãe, privado da liberdade.
O mulato, que trabalhava como alfaiate e fazendeiro, tomou conhecimento das discussões que aconteciam na loja maçônica "Cavaleiros da Luz, onde se debatia temas libertários fortemente influenciados pelas transformações sociais derivadas da Revolução Francesa, que durou de 1789 a 1799.
Nas discussões, negros libertos, alfaiates artesãos, militares sem patente e descontentes em geral se reuniam para refletir sobre a opressão do sistema colonial da época. As inflamações geraram espontaneamente o desejo de conspirações revoltosas que pretendiam a criação de uma nova sociedade, mais igualitária e democrática.
Manuel Faustino foi um dos principais líderes destas movimentações secretas, juntamente com João de Deus Nascimento, os soldados Lucas Dantas do Amorim Torres e Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga e as escravas libertas Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento. O movimento abolicionista, nascido da espontaneidade das discussões, é um dos primeiros de carátar verdadeiramente popular do país. Pela forte presença dos que manejam os tecidos, a movimentação ficou conhecida como "Revolta dos Alfaiates".
Em 12 de agosto de 1798, a distribuição de uma manifesto libertário pelas ruas e locais públicos de Salvador convocava a "República Bahiense" a animar-se pela chegada do tempo da liberdade. A ação causou burburinho na cidade, que conheceu melhor as maquinações do grupo que queria diminuição dos tributos, aumento de soldo aos militares, abolição da escravatura e outras abomiações aos olhos do governador D. Fernando José de Portugal e Castro (1788-1801).
O cajado do dirigente do Estado desceu com veemência sobre Faustino e seus companheiros através do coronel Alexandre Teotônio de Souza. As investigações conduzidas pelo militar incriminaram 49 das 669 pessoas que diziam estar envolvidas na revolta. Em 9 de novembro de 1799 os líderes do movimento foram enforcados, esquartejados e expostos durante cinco dias no local onde hoje deveria estar o busto de Faustino. O inconfidente morreu com apenas 22 anos. O monumento foi colocado na Piedade no dia 8 de novembro de 2004.
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