Cozinheiros apostam em demanda por ovos salgados | A TARDE
Atarde > Bahia > Salvador

Cozinheiros apostam em demanda por ovos salgados

Publicado sexta-feira, 19 de março de 2021 às 06:02 h | Atualizado em 19/03/2021, 16:38 | Autor: Brenda Gomes | Agência Mural
A gastrônoma Natália do Monte e o seu “coxovo”, ovo feito com massa de coxinha | Foto: Gabrielle Guido | Agência Mural
A gastrônoma Natália do Monte e o seu “coxovo”, ovo feito com massa de coxinha | Foto: Gabrielle Guido | Agência Mural -

Ovos de Páscoa salgados feitos com massa de abará, empada ou coxinha são curiosas opções para quem quer fugir dos tradicionais chocolates e doces consumidos no feriado em Salvador. Atenta às inovações do mercado, a confeiteira Lilia Pimentel, 43, do bairro do Imbuí, criou o “abarovo”, ou ovo de abará, que não deixará faltar azeite de dendê no cardápio pascal.

“Em 2019 fiquei pensando em como poderia trazer novidade para a Páscoa, foi quando tive a sacada de fazer algo que fosse regional e representasse a nossa ‘semana santa’, que é toda envolvida no dendê”, afirma.

A ideia surgiu de outra adaptação feita por ela. “Já tinha a experiência dos cupcakes de abará que havia testado no aniversário do meu filho, então resolvi apostar e deu supercerto. A demanda foi tão alta que chegou um momento em que não conseguia pegar mais encomendas”.

Com a casca feita de massa de abará e o recheio de vatapá, confeitado com camarões defumados, o “abarovo” foi um sucesso de vendas e mídia. Contudo, no ano passado, com a chegada da pandemia do novo coronavírus, o êxito não se repetiu.

“Em 2020 optei por não fazer os ovos. A pandemia ainda era uma novidade para a gente. Neste ano, terei um pouco mais de cautela, por conta do cenário mesmo, mas já abri a agenda para as encomendas”, declara animada, com produto que custará R$ 40.

A pandemia também refletiu na rotina da gastrônoma Natália do Monte, 32, que acabou ficando desempregada em meio à crise sanitária. Para lidar com a situação, a carioca, moradora do bairro de Brotas, iniciou um negócio com a mãe voltado para venda de salgados e doces.

Nesta Páscoa, o tradicional ovo de chocolate até faz parte do cardápio da “La Mona”, porém o destaque da época tem sido o coxovo, o ovo de Páscoa feito com massa de coxinha, que pesa em torno de 400 gramas e custa R$ 40.

“Desde dezembro estamos pensando no que poderíamos ofertar para os nossos clientes que fosse diferente, pois muitas pessoas estão no ramo da confeitaria. Então resolvemos adaptar o que é o nosso carro-chefe; as nossas coxinhas, e deu supercerto. Nossas encomendas do coxovo nem se comparam às de ovos de chocolate. É um sucesso”.

Para Natália, o principal sentido do seu negócio é impactar pessoas, por isso, além da cozinha, ela cuida de toda a parte de atendimento ao cliente e diz estar feliz com os retornos.

“O público de salgados é diferente. Muitas pessoas não gostam da experiência do doce, e a Páscoa acaba passando batida para algumas pessoas por isso. Atendemos uma cliente que contou que em oito anos de relacionamento pela primeira vez conseguirá presentear o namorado na Páscoa, por conta do coxovo. Para mim, isso é muito importante”.

Segundo o Sebrae, em 2020, cerca de 25,6 milhões de brasileiros eram donos de negócios no país. Desse total, aproximadamente 8,6 milhões são mulheres (33,6%). Natália conta que esse universo do empreendedorismo não estava em seus planos, após uma carreira consolidada no ramo da hotelaria. “Nunca foi meu sonho ser empreendedora. Aconteceu, e é a grande realização da minha vida. Realmente precisava de algo muito significativo para que eu me descobrisse dessa forma. Hoje, amo o que eu faço e não me imagino fazendo outra coisa”.

Expansão

Já o estudante de gastronomia Breno Soares, 24, que desde 2012 se dedica à produção de empadas, aproveita a Páscoa para dar um novo formato para a massa do salgado e colocar o “empadovo” no seu cardápio.

“A ideia já existia, apenas popularizei utilizando as formas para ovos, que inicialmente eram usadas para bolos e brownies. A ideia, inclusive, veio de duas clientes que queriam um diferencial na Páscoa e sugeriram fazer ovos com empada. Fiz, e viralizou na internet, em 2019; este ano vamos repetir a experiência”, conta.

Nascido em Taperoá, no sul da Bahia, o jovem afirma que despertou o gosto pela cozinha com as tias e avós. Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde estuda, ficou conhecido como Breno da Empada, por conta do sucesso com suas receitas. Seu perfil no Instagram (@empadadobreno) já tem mais de 22 mil seguidores.

Breno conta que começou sua produção de empadas em casa até conseguir abrir seu primeiro negócio, o Empahouse, no bairro da Federação, onde precisou contratar um funcionário.

Na contramão dos negócios que precisaram fechar por conta da pandemia no ano passado, ele precisou ampliar seu negócio por conta da demanda. Em setembro, mudou-se para o bairro do Politeama, no centro da cidade, onde abriu a Empadaria do Breno, que emprega três colegas de graduação e seis motoboys no atendimento delivery.

Seu catálogo de produtos conta com aproximadamente 60 sabores de empadas, e para esta Páscoa há ainda dez sabores doces e salgados do empadovo, que variam entre R$ 50 e R$ 60.

“Tive um período de queda nas vendas. Por conta da baixa produção fiquei três meses sem trabalhar, por ser grupo de risco e temer o vírus. Atualmente, estou encaminhado com meu trabalho para aumentar e progredir mais. A procura pelos empadovos está grande, apesar de já termos milhares de produtores no mercado. Então, acredito que eu esteja no caminho certo”.

Publicações relacionadas