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11/07/2021 às 6:00 - há XX semanas | Autor: Thiago Conceição

SALVADOR

Embate bem-humorado entre gerações na internet revela pluralidade e mudanças

Termo 'cringe', que aponta modelos antiquados, dominou as redes sociais | Ilustração: Bruno Aziz | Editoria de Arte de A TARDE
Termo 'cringe', que aponta modelos antiquados, dominou as redes sociais | Ilustração: Bruno Aziz | Editoria de Arte de A TARDE -

As redes sociais são palco de embates bem-humorados da chamada Geração Z, na qual estão os nascidos entre 1996 e 2010, e a Geração Y (ou Millennials), dos nascidos entre 1981 e 1995. Nas últimas semanas, o uso pelos Z do termo inglês cringe (traduzido como algo que possa significar uma situação de “vergonha alheia”), teve um aumento de 70% de procura no Google.

Questionada sobre o que considera ser cringe, a estudante baiana Indiele Cajado, 22, não titubeou no exemplo: “Publicar uma reportagem sobre o assunto”. Em outras palavras: ser didático demais é algo do passado. [Ok, Indiele, entendemos o recado].

“O cringe era usado de forma irônica, um termo que servia para quase tudo na vida. Como agora passou a ser usado bastante nas redes sociais, ganhou essa notoriedade. Mandar um carro de mensagem sonora no aniversário, por exemplo, é cringe. Ou alguém contar que está namorando e outra pessoa dizer de forma irônica que é cringe. A verdade é que todo esse debate é algo que pode ser considerado cringe, inclusive uma matéria sobre o assunto”, brinca Indiele.

Em alguns casos, o campo de definição do que pode ser cringe vai além da leitura de um texto sobre o tema. A pessoa pode ser enquadrada no termo por ser fã de sagas como a do bruxo Harry Potter ou amar as produções da Disney. No caso de Indiele, ela não acha que o termo possa ser usado para quem gosta das produções, mas confessa que não é fã de Harry Potter, situação que faz a dúvida pairar no ar.

Variantes

O debate sobre os termos e padrões culturais adotados pelas gerações Z e Y ficam ainda mais complexos ao considerar que não existe uma situação estanque, pois quem nasceu em 1998 pode ter comportamento parecido com os Millenials, a depender do contexto socioeconômico. Esse é o caso da Beatriz Ramos, 22, que ama Harry Potter e só não bebe café, outra ação que pode ser considerada cringe, por motivo de saúde.

A sensação de pertencimento aos Millenials, não tanto à Geração Z, passa pelo maior vínculo com amigos e colegas de trabalho que são da Geração Y. Além disso, Beatriz é dona de uma empresa de desenvolvimento de jogos. Fã de títulos que fazem parte do gênero de RPG, ela ainda desenvolveu expressões que estão ligadas ao mundo dos games.

“Nas conversas com os amigos nas redes, a gente usa muito expressões como LOL, abreviação do famoso jogo League of Legends, mas que pode indicar gargalhada [sigla de lots of laugh, “muita risada”, em tradução livre do inglês]. A gente também usa muito os stickers, figurinhas animadas. Tem hora que a conversa ocorre só entre memes e stickers, quase sem nada escrito”, conta Beatriz.

Das conversas com a mãe, que nasceu em 1967, a jovem conta que acaba descobrindo expressões de gerações passadas. Entre elas, Beatriz recorda da palavra “amofinar”, usada pela mãe sempre que está chateada com alguma situação.

Fala e mudança

O mestre e doutorando em literatura e cultura pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Tiago Correia, explica que a língua portuguesa não existe apenas por causa dos falantes que a usam, mas também por aqueles que a modificam.

“Assim como alguns termos lexicais caem em desuso na língua, outros podem ser incorporados de sistemas linguísticos estrangeiros ou criados a partir de elementos do próprio idioma. Hoje, essas incorporações acontecem com maior velocidade por conta da internet, principalmente. O próprio termo cringe, presente em nosso contexto de falantes do português brasileiro, é um estrangeiro”, explica Tiago.

Com 29 anos, ele também é professor substituto de língua portuguesa no Instituto Federal da Bahia (Ifba).

Tiago conta que com os alunos na instituição se depara com os embates entre os termos usados nas aulas, que partem da sua Geração Y, com as expressões usadas por adolescentes que fazem parte da Z.

Imagem ilustrativa da imagem Embate bem-humorado entre gerações na internet revela pluralidade e mudanças
| Foto: Rafael Martins | Ag. A TARDE
Tiago observa a dinâmica do idioma | Foto: Rafael Martins | Ag. A TARDE

“Sempre me deparo com termos desconhecidos. Então, paro e pergunto: 'Turma, o que isso significa?'. Acredito que isso contribui para que a aula se torne um compartilhamento de saberes entre professor e estudante. E ajuda a romper com o estereótipo de que o professor de língua portuguesa é um 'dicionário ambulante'. A língua é viva e se transforma, é difícil se manter atualizado a todas as mudanças”, acredita Tiago.

Para o estudante Igor das Virgens, 27, que faz parte dos chamados Millenials, existem expressões baianas que nunca serão cringes, seja qual for a geração. “Eu não conheço esse negócio de cringe, mas aqui onde moro, no Uruguai, a gente usa muito é migué, para quem está inventando uma desculpa ou história; massa, para uma situação bacana; pivete, para chamar o parceiro. E por aí vai”, diz.

A professora Larissa Oliveira, 26, acrescenta que a preocupação com as questões sociais, dadas como característica da Geração Z, é algo que tem raiz nas gerações passadas. Em Salvador, ela trabalha com a alfabetização de crianças, jovens e adultos com deficiência, na ONG Lar Vida.

“É algo que já vem de algum tempo, essa nossa preocupação com o social, com o meio ambiente. Em muitos casos, a gente desperta o interesse pelo social na adolescência, quando surge também uma vontade de ajudar o próximo”, conclui a “millenial”.

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