SALVADOR
Envolvimento aluno-professor deve ser encarado com cautela
Por Luan Santos
Os casos de envolvimento entre professores e alunos são muito comuns em filmes, novelas e romances. Na vida real, eles não são tão raros quanto se pensa. Na última semana, o relacionamento entre uma aluna e um professor chamou a atenção do mundo e trouxe a discussão à tona. O professor de matemática, Jeremy Forrest, 30, fugiu com a estudante Megan Stammers, de 15, da Inglaterra para a França.
Nesta e em outras situações do gênero, como devem agir diretores, pais, professores e alunos para evitar que a relação ensino-aprendizagem seja prejudicada? Especialistas afirmam que as especificidades de cada caso precisam ser levadas em consideração. E que também é preciso haver diálogo entre todas as partes para que sejam evitados eventuais efeitos negativos.
Admiração - Psicólogo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Patrício de Souza diz que o encantamento de alunos por docentes é natural."Este fascínio é inevitável. Eles veem os professores como portadores do conhecimento. Quando estão apresentando os assuntos, os docentes podem expor características que causam admiração aos alunos", comenta.
Souza diz que a frustração para ambos os lados é uma das principais consequências negativas. "Precisa ser bem conduzido, pois um dos lados pode se sentir usado. Isso pode fazer com que o fascínio do aluno acabe e prejudicar a relação com o próprio professor e com os colegas", diz.
Para o psicólogo, a escola não deve proibir que professores e alunos se relacionem. "Mas acho que deve ter uma mínima regulação. Mais do que proibir, a escola deve abrir um espaço de discussão para que estas questões sejam debatidas e questionadas, o que pode ter uma eficácia maior", opina.
O especialista em educação Manoel Calazans diz que estes casos podem gerar problemas para o aprendizado: "Têm uma interferência direta no ensino, pois quebram a relação de respeito entre docentes e discentes".
Calazans argumenta ainda que um destes casos pode prejudicar a carreira do professor: "A figura do docente precisa ter respaldo, construído por ações. Caso ele se relacione com um aluno, inevitavelmente vai haver um desgaste, que pode interferir na capacidade de determinar tarefas e de impor limites".
Casos - Uma destas relações aconteceu com uma professora de física, de 24 anos, e um aluno do segundo ano do ensino médio, de 17, no ano passado, em uma cidade do interior da Bahia. Ambos pediram para não ser identificados.A professora conta que sempre recebeu cantadas de alunos, mas recusava. "Com ele, era diferente. Todos os dias, quando eu saía da escola, ele me esperava, para me ver e ir atrás de mim", revela.
Curiosa, ela diz que decidiu marcar um encontro e começaram a se relacionar. "Por cinco meses, vivemos como namorados, mas ninguém sabia. Na escola, eu sempre o tratava como um aluno qualquer. Sempre soubemos separar as coisas", diz.
Diferentemente deste caso, com uma estudante de arqueologia de uma universidade pública, todos na escola ficaram sabendo. Segundo ela, que não quis ser identificada, o caso aconteceu em 2004, quando tinha 16 anos e estava no terceiro ano do ensino médio: "Eu fui e paquerei o professor. Então, saímos da festa e ficamos. Até hoje sou lembrada por isso".
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